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Capturada pelo Alfa Cruel romance Capítulo 76

Nuria

O escuro ao meu redor era espesso, como se eu estivesse presa em um lago profundo. Não havia som, nem dor, nem forma. Só a sensação de flutuar, entre o que era e o que já não existia mais.

Mas, aos poucos, algo rompeu essa bolha.

Um cheiro.

Forte. Familiar. Intenso.

Stefanos.

Era ele. E estava tão perto que senti o calor de seu corpo atravessando a escuridão que me envolvia. Mas havia algo estranho. O cheiro dele vinha misturado com algo salgado, quente... triste.

Lágrimas?

Não. Eu devia estar alucinando. Stefanos não chorava.

A não ser que...

O pensamento me arrastou para mais perto da superfície da consciência. Meus sentidos voltavam em pedaços. Primeiro o cheiro. Depois o calor. E então… vozes.

"...nenhuma reação cerebral. Devemos preparar o corpo para o funeral."

Funeral?

Quis gritar. Quis dizer “Eu tô aqui!”

Mas tudo o que consegui foi tentar mexer os dedos. Fracos. Lentos.

Uma voz rugiu do outro lado do limbo.

"NINGUÉM TOCA NELA!"

A fúria de Stefanos explodiu no ambiente como um trovão. Meu coração disparou, ou talvez eu apenas quisesse acreditar que ele ainda batia. Mas eu sabia. Minha loba me chamava de volta. Me convidava a despertar

Tentei forçar meus olhos a abrirem. A luz invadiu como lâminas afiadas, mas eu resisti. A imagem era borrada, mas ouvi passos, vozes apressadas, caos.

"Alpha Varkas, por favor—"

"STEFA—..." Minha voz falhou. Forcei mais uma vez.

"Stefanos..." sussurrei, como um sussurro de vento.

Nada parou. Então tentei de novo. Com mais força.

"Para de gritar... minha cabeça tá explodindo."

Silêncio. Um tipo novo de silêncio. O tipo que se espalha como choque coletivo.

Vi vultos se moverem. Máscaras. Jalecos. Mãos tentando me tocar. Mas meu corpo recuou instintivamente.

"Ela está consciente!" um dos médicos exclamou. "Precisamos estabilizá-la imediatamente."

"Não..." consegui dizer, com a voz rouca. "Não quero vocês..."

Minha mente ainda estava embaralhada, mas meu corpo sabia exatamente o que queria. Ele.

Meus olhos procuraram por ele entre o borrão de rostos. E então veio o som que atravessou tudo.

O rosnado.

Forte. Ameaçador. Primordial.

"Todos. Fora. Agora."

A voz dele não deixava margem para discussão.

"Alfa, por favor, precisamos monitorar—"

"Ela respirou. Ela falou. Ela está viva. Qualquer merda que acontecer, vocês serão chamados. Agora saiam."

O peso de sua autoridade dominou a sala. E um a um, os médicos recuaram. Portas se fecharam. E então, ele.

O calor do corpo dele me envolveu como um escudo contra o mundo. Seus braços fortes me ergueram como se eu fosse feita de vidro, e me aconcheguei nele como se aquele fosse o único lugar seguro do universo.

"Estou... cansada," murmurei, sentindo o corpo pesar de novo. "Não lembro o que aconteceu."

Ele não respondeu de imediato. Só me envolveu, com os músculos tensos, o peito arfando como se estivesse prendendo a alma pra dentro.

"Depois eu te conto tudo," disse por fim, com a voz rouca, embargada. "O importante é que você tá aqui. Comigo. Que você voltou."

Fechei os olhos, relaxando contra o peito dele. O som do seu coração era tudo que eu precisava. Ele beijou meu cabelo. Uma. Duas. Três vezes. Depois uma quarta. Como se ainda duvidasse de que eu era real.

"Com você..." sussurrei. "Onde mais eu estaria?"

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