Nuria
Eu ainda não conseguia entender o que estava acontecendo.
A dor não era mais insuportável. O corpo começava a responder, aos poucos. Mas não era isso que me deixava confusa.
Era ele.
O maldito alfa da Boreal.
Aquele lobo enorme, bruto, dominante até o último fio de cabelo... estava me cuidando como se eu fosse feita de cristal. Dormia ao meu lado, ou melhor, vigiava, como um guardião silencioso. Não deixava ninguém me tocar. Não permitia que eu me esforçasse. E mais do que isso... falava coisas que mexiam com partes de mim que eu nem sabia que ainda existiam.
Minha loba estava completamente afetada.
Ela se aninhava dentro de mim sempre que ele chegava perto. Se aquietava quando ele falava. Quase ronronava quando ele me segurava pela cintura com firmeza, como se o lugar mais seguro do mundo fosse exatamente ali... entre os braços do Alfa que um dia eu odiei.
Mas o problema é que… eu também estava começando a acreditar nisso.
Ele não me forçava a nada. Apenas... estava ali. Forte. Presente. Intenso. E, aos poucos, eu estava me desfazendo.
"Você tá me encarando", ele disse, sem desviar os olhos dos papéis sobre a mesinha lateral do quarto. Ele tinha voltado para me ajudar a deitar, e agora estava ali, sério, de pé, lendo algo com a testa franzida. A camiseta escura grudava nos ombros largos, e a expressão dele havia voltado a ser... a de antes.
A de um Alfa em guerra.
"Tô só tentando entender o que você é", murmurei, sincera. "Um lobo bruto ou... um milagre malcriado?"
Ele riu, aquele som rouco que fazia algo em mim estremecer.
"Depende do dia."
"Hoje você tá no modo 'Alfa autoritário'", comentei, arqueando uma sobrancelha.
Ele ergueu os olhos pra mim, e a intensidade do olhar me fez prender a respiração por um instante. Depois ele deu um passo mais perto. Só um.
"Você ainda não viu nada."
Antes que eu pudesse responder (ou desmoronar com aquele tom de voz) a porta foi aberta e Rylan entrou com uma prancheta e vários papéis em mãos.
"Alfa, desculpe interromper. São documentos urgentes. Os boatos começaram a circular... e há reações nas fronteiras."
"Que boatos?" Stefanos perguntou, virando-se com o corpo tenso.
Rylan olhou para mim, depois para ele.
"Alguns estão dizendo que Nuria está no hospital porque você a... atacou. Que ela te provocou, e você perdeu o controle."
Senti o sangue gelar nas veias.
"O quê?" murmurei, surpresa. "Mas isso é mentira."
Stefanos permaneceu em silêncio por um segundo. Só um segundo. Mas foi o suficiente pra que sua energia mudasse. Ele caminhou até a janela com o maxilar travado, depois voltou-se para Rylan com a expressão dura.
"Descubra quem espalhou isso. Agora.
Quero nomes. Vozes. Alcateia de origem. Tudo. Me traga o desgraçado."
Rylan assentiu sem hesitar e saiu, fechando a porta atrás de si.
O quarto mergulhou em um silêncio tenso.
"Eu... posso ajudar", falei, me erguendo na cama.
Ele virou o olhar lentamente pra mim.
"A única coisa que você vai fazer é se recuperar."
"Eu sei, mas... talvez eu possa conversar com alguém. Desmentir isso. Se acharem que você me atacou, isso pode... sei lá, gerar um desconforto nas alcateias, já que tivemos o caso do conselheiro."
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