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Capturada pelo Alfa Cruel romance Capítulo 79

Nuria

Três dias.

Foi o tempo que meu corpo precisou pra entender que ainda existia vida aqui dentro. Que eu não estava morta, nem havia sido levada pela Deusa, por mais que, em alguns momentos, eu tivesse desejado.

Acordei hoje com os olhos mais firmes. Com os músculos ainda fracos, mas obedecendo aos poucos. E com um cheiro no ar que denunciava que ele estava ali, rondando, cuidando.

Sentado, em silêncio, no canto do quarto do hospital, como se a única função dele no mundo fosse vigiar minha respiração.

Ele me olhou antes mesmo que eu o chamasse. Como se o instinto avisasse que eu havia acordado de verdade, dessa vez. Um calor estranho percorreu minha espinha, algo entre segurança e inquietação.

"Já posso sair daqui?", perguntei, tentando disfarçar o nervosismo ao sentar na cama.

"Já deveria ter saído", ele respondeu, se levantando com aquele porte que parecia dominar o ambiente. "Mas os médicos acharam melhor esperar. Eu não."

"Ah, então agora você também é médico?"

"Sou Alfa. Serve?"

Revirei os olhos, mas não contestei. Ele estendeu a mão e eu a segurei, mais por reflexo do que por vontade.

Ou talvez as duas coisas.

O toque dele era quente, firme, familiar demais. E quando percebi, já estava com os pés no chão, sentada na beirada da cama, com ele ao meu lado como uma sombra viva.

A porta se abriu e o médico entrou, com a prancheta em mãos e uma expressão cautelosa no rosto. Era o mesmo que aparecera nos outros dias, mas agora, algo no olhar dele parecia… mais respeitoso.

"Bom dia, Nuria. E… Alpha Varkas." Ele fez uma leve reverência. "Examinamos seus sinais vitais nas últimas horas. Sua recuperação está dentro do esperado. Ainda há sinais de fraqueza muscular, o que é natural, mas... você está liberada."

Meu peito se apertou com uma mistura de alívio e medo. Sair dali era tudo o que eu queria, mas também significava voltar a uma realidade que ainda era instável. Incerta. Dominada por ele.

"Apenas recomendo descanso total nos próximos dias, hidratação constante e nada de esforço físico, se é que me entendem", completou o médico, lançando um olhar direto para Stefanos, como se ele fosse o verdadeiro paciente difícil.

Stefanos não respondeu de imediato. Só assentiu levemente com a cabeça.

"Mais alguma recomendação?", perguntou, num tom seco.

"Evitar estresse emocional extremo também ajudaria, mas imagino que seja complicado... dadas as circunstâncias."

"A manterei em segurança", Stefanos respondeu, e o médico pareceu decidir não insistir.

"Vou preparar a liberação no sistema. Vocês podem sair pela ala reservada. O carro já está à disposição."

Assim que ele saiu, Stefanos me ajudou a caminhar, apoiando uma mão firme nas minhas costas. Era estranho como ele conseguia ser tão cuidadoso com os gestos e tão brutal com as palavras.

"Acha que consegue andar até o carro ou quer uma cadeira de rodas?"

"Eu ando", murmurei, dando meu primeiro passo com esforço. Ele não reclamou, mas a mão continuou ali, me guiando, me vigiando, como se a qualquer momento eu fosse cair.

"Acho melhor uma cadeira de rodas. Você está se esforçando demais..."

"Eu consigo." falei séria para ele.

"Eu sei que sim, mas não precisa."

Não teve acordo, Stefanos pediu a uma enfermeira e logo me sentou na cadeira de rodas, ao qual eu relutei tanto.

O corredor até a saída parecia mais longo do que eu lembrava. Enfermeiros e soldados olhavam discretamente quando passávamos. Talvez pelo cheiro dele em mim. Talvez pelas histórias que estavam circulando.

Assim que saímos pelas portas laterais, um carro preto nos aguardava com as portas já abertas. Stefanos segurou meu braço com delicadeza, mas firme o suficiente para marcar presença.

"Vou sentar do seu lado", ele disse.

"Porque agora você dorme onde eu durmo."

"Você não acha isso um pouco... invasivo?"

"Não. Acho necessário. E inevitável."

Meus pés tocaram o chão assim que ele me colocou no carpete macio do quarto. Olhei em volta, tentando processar tudo, e ele se aproximou pelas costas, colando o corpo no meu, com os lábios quase tocando meu pescoço.

"Este é o lugar mais seguro da casa, Ruína", sussurrou.

Minha pele inteira arrepiei.

Antes que eu pudesse me virar para retrucar — ou talvez... não retrucar — alguém bateu na porta.

"É a Jenna", ele disse, já reconhecendo o cheiro. "Vai querer falar com você. Só não se estressa."

Ele se aproximou da porta, lançou um último olhar na minha direção e abriu com calma.

"Cinco minutos", avisou, baixo. "Ela ainda está se recuperando."

"Sim, Alfa", Jenna respondeu rapidamente, e ele saiu do quarto, fechando a porta atrás de si com um silêncio carregado de tensão.

Ela entrou em disparada, como se o tempo estivesse contra ela. Os olhos estavam arregalados, vermelhos. A respiração, acelerada.

"Nuria!" Ela correu até mim e me envolveu num abraço apertado, como se eu ainda pudesse desaparecer. Quando se afastou, segurou meu rosto com ambas as mãos, como se quisesse confirmar que eu era real. "Você tá bem? Tá fraca ainda? Comeu? Dormiu? ELE TE BATEU?!"

Eu pisquei. Uma. Duas vezes.

"O quê?"

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