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Capturada pelo Alfa Cruel romance Capítulo 80

Nuria

Eu pisquei. Uma. Duas vezes.

"O quê?"

"É que... estão dizendo por aí que você foi parar no hospital porque ele... perdeu o controle. Que você desafiou o Alfa e ele… bom… você sabe como os boatos correm."

Soltei uma risada, baixa e incrédula.

"Stefanos pode até ser maluco, possessivo, controlador… Mas não é sádico. Se fosse o Solon, até dava pra acreditar. Mas ele? Não."

Jenna me olhou como se esperasse uma justificativa melhor.

"Além do mais..." suspirei, apoiando as mãos nos joelhos, "eu me lembro de como ele me deixa quente. Quando está por perto. Quando fala aquelas coisas com aquela voz maldita. Quando me olha como se fosse capaz de me devorar... e salvar ao mesmo tempo."

Ela arregalou os olhos. "Oi?!"

"Eu tô me sentindo uma idiota nas mãos dele, Jenna. Minha loba se rendeu. E o pior... eu também." Soltei o ar num sopro, me odiando um pouco por admitir. "Tudo que ele faz, tudo que ele fala, o cheiro, o gosto... tudo me faz babar por aquele idiota."

Jenna gargalhou alto, quase se jogando pra trás na poltrona.

"Você tá apaixonada!"

"Eu não tô nada!" rebati rápido demais. "Tô só... emocionada. Um lobo daquele me dando atenção? Qualquer uma ficaria desestabilizada! Mas logo ele volta ao normal."

"Você é louca se acha que ele já não tá completamente envolvido. Nuria, ele tá te carregando no colo, te protegendo de todo mundo, cuidando de você como se fosse o último sopro da Deusa."

Fiquei em silêncio, o rosto começando a arder.

"Você viu o jeito que ele te olha? Como se o mundo estivesse em risco cada vez que você respira errado?"

"Talvez ele esteja só... em um momento estranho. Dominância, luto pela guerra, sei lá."

"Ele dormiu do seu lado por três noites, Nuria. Alfa nenhum se expõe assim, a não ser por sua Luna. E você não viu os olhos dele quando perguntaram se você tinha morrido. Eu vi. E nunca quero ver aquilo de novo."

Meus lábios se entreabriram. Não havia resposta pra aquilo. Porque, no fundo, eu sabia.

Estava sentada na cama dele, a cama de um Alfa. Uma cama enorme, forte, com os lençóis brancos e um travesseiro que ainda carregava o cheiro dele. O cheiro dele estava em tudo, aliás. Na madeira, nos tecidos, no ar.

E aquilo... estava me deixando zonza.

Jenna me observou com atenção e franziu o cenho.

"Você parece exausta. Deita um pouco. Vai te fazer bem."

Ela arrumou os travesseiros atrás de mim e me ajudou a me recostar com cuidado. Eu obedeci sem resistência. Estava mais fraca do que gostaria de admitir.

"Vou preparar um chá. Já volto", disse, indo até a porta.

Mas antes de sair, parou, me olhando com um sorrisinho maroto.

Eu, por outro lado, estava afundada no colchão dele, embriagada por aquele cheiro.

Suspirei... e um som escapou da minha garganta.

Um ronronar.

Jenna arregalou os olhos.

"Você tá ronronando."

"Não tô", falei, assustada.

"Tá sim. E não vem disfarçar. Isso só acontece quando uma loba tá completamente entregue... ou perto do cio."

Meu rosto pegou fogo.

A Deusa estava brincando comigo.

Ou me preparando para algo que eu não queria entender.

Ainda.

Me sentei devagar, o coração ainda acelerado. Não conseguia ficar parada. Algo em mim fervia, e não era só o calor do cio latente. Era uma inquietação que arranhava por dentro.

Levantei com cuidado, mesmo sentindo o chão se mover um pouco sob meus pés. Comecei a andar de um lado pro outro, como se o movimento fosse capaz de acalmar os pensamentos... ou o corpo. Meus pés descalços afundavam no tapete escuro enquanto meus olhos percorriam o quarto.

Foi quando vi.

No canto, sobre uma pequena mesa de madeira ao lado do guarda-roupa, havia um livro. Capa de couro escuro. Fechos desgastados. E um símbolo gravado em baixo relevo que eu conhecia melhor do que qualquer outro.

Meu peito travou.

Era o livro da minha mãe.

Aquele que ela escondia sob o assoalho da nossa casa, protegendo dos olhares curiosos. Aquele que ela dizia que eu só poderia ler quando “o momento certo chegasse”. Quando o escolhido aparecesse.

Engoli em seco. Meus dedos formigaram.

Stefanos o encontrou.

Não havia mais como negar.

Ele era o destinado.

E minha loba já sabia.

O problema... é que agora só restava eu aceitar.

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