Stefanos
Eu tentava manter distância.
Dar a ela espaço. Permitir que se recuperasse sem me sentir como uma sombra constante. Mas era inútil.
Meu corpo se virava na direção dela mesmo quando eu não queria.
Meus sentidos gritavam pela presença dela mesmo quando a razão pedia distância.
Era como se algo invisível me puxasse, me arrastasse... direto até ela.
Cruzei o corredor do andar superior com passos pesados. Jenna vinha na direção oposta, com uma bandeja de chá nas mãos e um sorriso contido no rosto.
"Ela está acordada?", perguntei antes mesmo de pensar.
"Está", ela respondeu, animada. "Tá um pouco abatida ainda, mas está bem."
Assenti e estendi a mão.
"Deixa que eu levo o chá pra ela."
Jenna arqueou uma sobrancelha, claramente interessada.
"Tem certeza, senhor? Eu posso fazer isso, sem problemas."
"Ela ainda está fraca", murmurei, pegando a bandeja com firmeza. "E... não gosto da ideia de ficar longe por muito tempo."
Ela me entregou, mas não soltou de imediato. Seus olhos me analisaram com aquele brilho curioso que me irritava mais do que eu gostaria de admitir.
"Acredito que essa fraqueza vai passar logo. Esses períodos costumam ser mais intensos para as fêmeas... quando têm um parceiro."
Franzi o cenho. "Do que está falando?"
"Quer que eu leve umas mantas extras também?"
Pisquei, confuso. "Mantas?"
Ela deu de ombros, como se fosse óbvio.
"Algumas lobas gostam de deixar a cama mais aconchegante quando estão entrando no cio. Ajuda com o conforto... mesmo que não engravidem."
Minha mão apertou mais a bandeja.
"Como é?"
Jenna sorriu como quem sabia mais do que devia.
"Ela tá entrando no cio, Alfa. O senhor não percebeu?"
Minha garganta secou. O cheiro. A inquietação. O lobo agitado.
Claro que percebi. Mas me recusei a aceitar.
"Não."
Foi tudo que consegui responder. Mas por dentro... meu lobo estava em desespero. Rugindo. Pulando. Exigindo.
"Bom..." Jenna continuou, com aquele tom casual que parecia feito pra me provocar,
"o cheiro dela está mudando. Tá mais quente. Mais doce. O corpo tá reagindo. É só o começo, mas... é claro que isso só acontece com o lobo certo, né?"
Fiquei em silêncio.
Como um soco.
Era isso o que parecia.
Ela me aceitou?
O mundo girou por um instante. Tudo ao meu redor se apagou, exceto uma coisa: o cheiro dela. Meu nome gravado no instinto daquela loba.
Meu lobo respondeu antes que eu pudesse raciocinar, me empurrando instintivamente em direção ao quarto, no centro do corredor. Ela estava me chamando.
"Leve tudo o que ela quiser", falei, a voz mais grave e dominante do que eu pretendia.
"Sem questionar. Sem filtrar. E mantenha tudo ao alcance dela."
Dei mais um passo. Meu olhar queimava.
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