Stefanos
Rylan entrou com a maleta pesada nas mãos. O som do metal tilintando preencheu a cela de concreto como um aviso antigo de que a dor estava prestes a chegar.
Os dois rastreadores se encolheram ao vê-lo. O mais novo chegou a dar um passo atrás, os olhos arregalados como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo, isso por que eu nem tinha começado.
"Podemos fazer um acordo!" o outro disparou. "Podemos contar tudo o que sabemos! Não precisa disso..."
"Vocês acham que eu preciso de informação?" interrompi, sem pressa, a voz baixa e letal. "Acham que vão sair disso vivos, só porque abriram a boca?"
Caminhei até a bancada de ferro ao lado. As correntes pendiam do teto como cobras adormecidas.
"Eu já tenho o que preciso," continuei, pegando o primeiro dos instrumentos, um grampo de pressão coberto com essência de verbena. "Agora só quero garantir que a mensagem chegue."
O mais novo começou a tremer.
O mais velho tentou bancar o corajoso.
"Você vai se arrepender..."
"Não." Me virei pra ele, os olhos em brasa. "Quem vai se arrepender é o Alfa Supremo… por ter subestimado o lobo errado."
Silêncio.
O mesmo silêncio de antes de um ataque.
"Vocês não estão aqui como lobos de Solon," falei, dando um passo à frente. "Estão aqui como recado. Um aviso."
Segurei o rosto do mais velho com força, garras saindo na carne dele. Ele rosnou, mas não se mexeu.
"A próxima vez que qualquer um tocar na minha Luna, eu não vou parar na pele. Eu vou arrancar as almas do corpo."
Ele tentou cuspir sangue no chão. Mas eu apertei mais.
"Solon acha que pode brincar de dominador com a loba errada. E o Supremo… o Supremo acha que pode me obrigar de longe, enquanto os lacaios dele fazem o trabalho sujo."
Soltei o rosto dele com violência. A cabeça bateu contra a parede, e ele deslizou até o chão, zonzo.
"Então vamos mostrar pra eles o que acontece quando se tenta tirar de mim… o que é meu."
E eu mostrei.
Sem pressa.
Sem pausa.
Ferro quente contra pele, essência de verbena nas feridas abertas, garras como bisturis.
Eles gritaram. E eu deixei.
Rylan não se mexeu. Só observava. Ele sabia que eu precisava disso. Que a fúria em mim só seria apaziguada com sangue.
Minutos?
Horas?
Não sei dizer.
Mas quando os dois estavam reduzidos a um amontoado de ossos quebrados e carne marcada, eu me aproximei, abaixando até o nível deles.
"Digam ao Solon… que eu vou atrás dele. Não como Alfa. Como monstro."
O silêncio da mansão era absoluto.
Mas cada passo até o andar de cima parecia mais leve do que o anterior. Como se a tempestade que me rasgava por dentro finalmente tivesse encontrado um porto.
E então, o cheiro dela me alcançou.
Antes mesmo de eu abrir a porta… já era dela outra vez.
E ali estava ela.
Deitada na minha cama.
As pernas cruzadas, um livro descansando sobre o colo, mas ela não lia. Os olhos estavam fixos na janela, como se soubesse que eu voltaria naquele exato segundo.
E quando me viu…
Aquele olhar encontrou o meu como se nunca tivesse se afastado.
"Conseguiu o que queria?" ela perguntou, com a voz baixa… mas afiada. Como se soubesse exatamente o que estava prestes a acontecer.
Não respondi.
Fechei a porta atrás de mim, devagar.
Joguei a camisa no chão, deixando o peito à mostra, ainda marcado pelos resquícios do interrogatório de mais cedo.
E com um sorriso lento, sombrio e faminto, respondi:
"Quase. Ainda falta uma coisa..."

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