Nuria
Ele deslizou os dedos pelo meu quadril nu, traçando caminhos invisíveis que faziam minha pele arrepiar como se ainda sentisse o corpo dele me adorando. Seu toque era calor. Era força. Um lembrete vivo de tudo que vivemos naquela cama — da forma como ele me reivindicou, me amou, me fez dele em todos os sentidos.
Stefanos se inclinou sobre mim, os lábios quentes tocando meu ombro com um beijo firme, antes de subirem até a minha boca com a mesma reverência de antes.
"Preciso resolver os detalhes da nossa união com o ancião," murmurou contra minha pele. "Vou mandar entregarem um vestido pra você."
Sorri, ainda deitada, acompanhando seus passos enquanto ele se afastava da cama. Caminhou nu até o closet, pegou algumas roupas e se vestiu com a calma ritualística de quem sabia a importância daquele dia.
"Vai ser só um rito informal," ele disse, enquanto abotoava a camisa preta. "Mas a Deusa vai saber. E o resto do mundo… vai ouvir."
Continuei observando. Gravando cada gesto. Cada detalhe. O modo como ele lançou um último sorriso antes de sair, com aquele brilho prateado nos olhos, aquele que só surgia quando era sobre nós.
Assim que a porta se fechou, respirei fundo.
Estava acontecendo. De verdade.
Me levantei e fui até o banheiro. A água quente escorreu pelo meu corpo, lavando os vestígios da noite… mas não as sensações. Meu corpo ainda vibrava. Cada centímetro de mim parecia se lembrar do toque dele, das promessas sussurradas, do prazer que queimava por dentro e agora era amor marcado na pele.
Quando saí, envolta na toalha, notei a caixa sobre a cama.
Meu coração acelerou.
Levantei a tampa com cuidado, como se algo sagrado estivesse ali dentro. E estava.
Um vestido branco.
Simples. Fluido. Alças finas. Caimento leve e elegante. Perfeito.
Levei a mão até os lábios, sentindo as lágrimas surgirem antes mesmo de entender o motivo.
Por um instante, desejei que minha mãe estivesse ali. Que meu pai me visse. Que meus irmãos me chamassem de tola por estar nervosa… e que todos eles vissem que eu tinha encontrado meu destino. Meu Alfa. Meu lar.
Fechei os olhos.
"Sei que, de onde quer que estejam… foram vocês que me guiaram até aqui."
Abracei o vestido contra o peito com as mãos trêmulas. E me permiti sentir.
Estava terminando de calçar o sapato quando a porta se abriu.
Ele parou no batente.
E naquele momento, o tempo simplesmente parou.
Os olhos de Stefanos percorreram meu corpo devagar. Com uma intensidade que me fez prender a respiração. Eu, de branco, esperando por ele.
O Alfa da Boreal… ficou sem ar.
E então, sorriu.
"Você vai me desconcentrar," murmurei, me olhando no espelho enquanto ajeitava o cabelo com os dedos.
"Esse é o plano." Ele se encostou na moldura da porta, braços cruzados, aquele sorriso de canto me fazendo reconsiderar seriamente voltar pra cama.
Virei, cruzando os braços com falsa irritação. "Você vai se comportar, não é Alfa?"
"Nem um pouco." Ele se aproximou, firme, puxando minha cintura com um movimento seguro. "Você tem ideia do que está fazendo comigo, Ruína?"
"Deixando você louco?" provoquei, sentindo o corpo dele colar no meu.
"Mais do que isso. Está me fazendo querer amarrar você aqui… e não deixar mais ninguém ter o privilégio de ver a sua beleza."
Meu coração tropeçou dentro do peito, mas mantive o tom leve.
"Isso significa que vou ter um companheiro completamente louco e ciumento?"
Ele sorriu de lado, deslizando os dedos pelo meu rosto com um carinho que contrastava com o fogo nos olhos.
"A rejeição solicitada por essa loba ainda está sob investigação. O Conselho não reconheceu o rompimento com Solon Zarkov. Portanto, até segunda ordem... esta união está suspensa."
"Suspensa?" Teodora arfou.
"Isso é um absurdo," Rylan rosnou. "Todos sabem como Solon conseguia suas esposas."
"Não diante da Deusa," o conselheiro rebateu. "E enquanto o Conselho Supremo não finalizar o julgamento, qualquer união com outro lobo será considerada... uma afronta à hierarquia lupina."
Stefanos enrijeceu e pareceu ampliar seu tamanho. Seus olhos estavam em brasa.
"Estão me dizendo que, mesmo depois do que ele fez, mesmo depois de sequestrá-la e forçar sua marca, vocês ainda reconhecem Solon como legítimo companheiro dela?"
"Estamos dizendo que há regras a serem seguidas," o conselheiro rebateu com frieza.
E Johan... apenas sorriu. Um sorriso torto, satisfeito. Como se estivesse esperando por isso.
Eu senti minha loba gritar por dentro. Mas permaneci firme, segurando o braço de Stefanos.
Ele estava em silêncio.
Tenso.
Perigoso.
Até que falou, a voz baixa, cortante como uma lâmina:
"Então leve um recado ao Supremo." Ele deu um passo à frente, os olhos prateados brilhando. "Digam a ele que a Boreal já escolheu sua rainha."
O conselheiro não respondeu.
Mas seus olhos disseram tudo.
Eles não iam parar.

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