Stefanos
A sala mergulhou num silêncio carregado de tensão, mas dentro de mim… o caos rugia.
Os olhos prateados do meu lobo encararam o conselheiro como se já o vissem morto. Ele ousou. OUSOU. Entrar aqui. Na Boreal. No meu domínio. E me dizer que eu não podia me unir à minha Luna?
Os dois lobos que o acompanhavam se moveram um passo, como se tentassem conter minha aproximação. Má ideia.
Eu fui mais rápido que o pensamento.
A primeira cabeça rolou antes que qualquer som fosse emitido. A segunda mal teve tempo de gritar. As paredes da sala de rituais foram salpicadas com o sangue de quem se atreveu a entrar armado com política num território regido por instinto.
O conselheiro empalideceu. E Johan… congelou como o filhote covarde que era.
"Você enlouqueceu!" ele gritou.
"Não…" avancei um passo, com o sangue pingando das garras. "Eu só cansei de jogar com regras de lobos covardes."
"Rylan," chamei sem tirar os olhos dos dois intrusos. "Amarre esse verme e coloque na primeira fileira. Ele vai assistir à cerimônia."
"Com prazer, Alfa," Rylan rosnou, puxando o conselheiro com brutalidade.
"Não! Você não tem autoridade para..." a frase morreu quando ele foi empurrado contra a parede e amarrado com correntes de prata. Rylan colocou a mordaça com força, abafando os grunhidos.
"Vou ter que te obrigar a sentar, sobrinho?" ele arregalou os olhos, e fiquei esperando que ele tomasse qualquer atitude.
Cada dia que passava, eu percebia como tinha sido negligente na criação de Johan, e como me odiava por tê-lo deixado tão mimado e tão narcisista.
Me virei para o ancião. "Continue. Nada interrompe a minha união com a minha Luna."
"Você tem certeza disso?" a voz de Nuria me alcançou, baixa, incerta, do lugar sagrado onde estava posicionada.
Olhei para ela.
Linda. De branco. A respiração trêmula. Mas os olhos… os olhos diziam tudo. Ela ainda era minha. Ainda estava ali.
"Ele está enfeitiçado! Está cego por essa aberração!" Johan gritou, se colocando entre nós. "A Deusa não permitiria! Vocês vão provocar uma guerra por uma cadela marcada pelo sangue!"
Minha visão escureceu.
Avancei.
Mas Nuria se colocou entre nós.
"Stefanos, não," sussurrou, segurando meu peito com as duas mãos. "Ele tem razão."
Minhas garras recuaram, mas minha fúria ainda ardia sob a pele.
"A represália pode ser mais pesada do que você imagina. Se fizermos isso agora… o Supremo pode usar contra nós." Ela falava com sabedoria. Com medo. Com coragem. Como uma verdadeira Luna.
Segurei o rosto dela com ambas as mãos, os polegares deslizando pela pele suave de suas bochechas, tentando gravar cada detalhe daquele instante. Minha voz saiu baixa, rouca, carregada de emoção e fúria contida.
"Se for preciso, eu coloco o mundo em chamas, Nuria. Mas ninguém... ninguém... vai ditar o que podemos ou não ser. A única voz que importa aqui... é a sua. Se quiser desistir, eu vou respeitar. Mas se ainda quiser ser minha Luna, se quiser ficar ao meu lado… então que todos os lobos ouçam: nem mesmo a Deusa vai me impedir de te ter."
Os olhos dela brilharam com força. Não havia mais dúvida. Só certeza. Só nós.
"Stefanos..." ela sussurrou, a voz embargada. "Eu nunca tive tanta certeza em minha vida como agora."
E naquele instante… eu soube.
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