Laura Stevens –
A claridade invadiu minha visão pouco a pouco, me trazendo de volta à realidade.
Meu corpo estava pesado, minha cabeça latejava e meu peito parecia esmagado por uma angústia que me consumia.
Eu pisquei algumas vezes, tentando focar minha visão na silhueta ao meu lado.
Amanda estava sentada, com a expressão tensa, mas quando percebeu que eu havia acordado, se levantou rapidamente, segurando minha mão com firmeza.
— Você está bem? — Sua voz soou como um sussurro preocupado.
Tentei me sentar, mas um enjoo repentino tomou conta de mim. Minha cabeça parecia girar.
— O que aconteceu? — minha voz saiu rouca. — Christian… onde está Christian?
Amanda respirou fundo, e sua hesitação fez meu coração gelar.
— Ele ainda está em cirurgia. O tiro quase foi fatal…
Minha garganta se fechou, e um nó se formar em meu peito.
Ele estava lutando para sobreviver; tudo isso era culpa minha.
Minha mente girava, atordoada. Eu queria me levantar, queria correr até a sala de cirurgia, queria vê-lo, eu queria tocá-lo, dizer que ele não podia me deixar.
Mas então, a outra realidade me atingiu em cheio.
Nathan. Meu filho ainda estava desaparecido.
— Alguma notícia do Nathan? — Minha voz tremeu ao pronunciar seu nome.
Amanda apertou minha mão, tentando me confortar.
— Ainda estão procurando. A polícia está mobilizada, Mark está acompanhando tudo.
Meus olhos se fecharam, e um tremor percorreu meu corpo. Eu queria gritar, queria chorar, queria rasgar o mundo até encontrá-lo.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a porta se abriu, e a médica entrou.
Meu olhar se fixou nela, e assim que nossos olhos se encontraram, reconheci seu rosto.
— Oi, você por aqui. — Ela sorriu levemente, segurando alguns papéis nas mãos.
Tentei retribuir o sorriso, mas tudo o que consegui foi um aceno fraco.
Ela se aproximou da cama e estendeu os exames para mim.
— Acho que vamos nos ver com mais frequência a partir de agora.
Franzi o cenho, confusa.
— O que quer dizer?
A médica suspirou, me entregando os papéis.
— Laura… você está grávida.
O quarto pareceu girar ao meu redor.
Grávida??
Minha respiração falhou e um choque elétrico percorreu minha espinha.
Minha mão tremia quando a levei até o ventre. Um calor estranho se espalhou por dentro de mim, uma mistura de medo, desespero e uma emoção que eu não conseguia processar.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto sem que eu percebesse.
— Laura? — Amanda se aproximou, sua voz carregada de preocupação. — O que foi?
Minhas mãos alisaram meu ventre, e minha boca se abriu num sussurro quebrado.
— Ele queria mais um filho… — minha voz embargada mal saiu. — Ele não pode morrer.
O peso daquelas palavras caiu sobre mim como uma avalanche.
Arranquei o soro do meu braço e sai correndo para fora do quarto, seguindo o corredor.
Eu precisava vê-lo.
Eu endureci no início, mas então… me desmanchei em lágrimas.
A dor e o medo transbordaram, e um soluço violento rasgou minha garganta.
Minhas mãos agarraram sua blusa enquanto meus ombros tremiam.
Amanda passou a mão pelos meus cabelos e falou com firmeza:
— Vai ficar tudo bem, Laura. Sempre fica.
Eu soltei uma risada trêmula e irônica contra seu ombro.
— Como você pode dizer isso? — Minha voz saiu embargada.
Ela se afastou e segurou meu rosto com as duas mãos.
— Porque olha para vocês. Essa família que se tornaram. Se fosse há alguns anos, eu jamais acreditaria, mas vocês enfrentaram tudo. Até você enfrentou a morte por ele.
Eu a encarei, absorvendo suas palavras.
— O que é uma bala perto de tudo o que vocês já passaram?
Minha respiração ainda estava pesada, mas, por um segundo, eu me permiti acreditar.
Então…
A porta do centro cirúrgico se abriu.
Meu coração quase parou.
Minha cabeça virou rapidamente, e meu corpo ficou tenso ao ver um dos médicos saindo.
A roupa dele ainda tinha vestígios de sangue. O sangue de Christian.
Minha garganta se fechou.
— Doutor… — Minha voz saiu em um sussurro aterrorizado. — Como ele está?

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