“Melissa”
Eu estava cantarolando no escritório, até parecia o Maurício do departamento comercial que vivia cantando. Ah, mas eu estava tão feliz, há muito tempo eu não me sentia tão feliz! Meu Nando ontem me surpreendeu. Eu só estava com um pouco de sono, porque ele estava mesmo inspirado e quase não me deixou dormir.
- Credo, quanta alegria! – A Julia, secretária do Heitor, brincou comigo.
Ela entrou em minha sala rindo e carregando um arranjo de rosas vermelhas num vaso de cristal, que colocou sobre a minha mesa.
- Gente, que lindo! – Eu olhei o arranjo e imaginei que o Heitor estivesse preparando algo para a Sam.
- Maravilhoso, não é?! Acabou de chegar pra você. – A Julia sorriu, pegou o envelopinho entre as flores e me entregou.
- Tem certeza que são pra mim? – Eu perguntei.
Era uma novidade receber rosas, não eram do Nando com certeza, pois ele sempre mandava peônias, então de quem seriam? Eu abri o cartão e quase não pude acreditar no que li.
- E então, quem mandou? Porque o príncipe não manda rosas. – A Julia perguntou ansiosa.
- Escuta, Julinha: - Eu limpei a garganta para ler o cartão, pois estava emocionada. – “Nenhum relacionamento é só sol, obrigado por compartilhar o guarda chuva comigo e sobreviver a tempestade. Por favor, continue a me amar e jamais duvide do coração fiel do seu amado. Ps: Sei que não são as suas flores preferidas, mas o Heitor tem razão, mesmo sendo clichê, são as rosas vermelhas que falam de amor. Seu e somente seu, Fernando.”
Quando eu terminei de ler o cartão as lágrimas caíram. De todas as flores que o Fernando já havia me mandado ao longo de todos os anos de relacionamento e de todos os cartões, essas foram de longe as mais especiais.
- Ah, minha querida! Esse rapaz realmente te ama. Mas você merece. – A Julia me abraçou, passando a mão pelo meu braço, me confortando.
- Ai, Julinha, eu andava até pensando que meu príncipe tinha virado sapo. Mas aí ontem ele teve uma crise de ciúme, o que foi uma novidade. – Eu comentei.
- E aí ele voltou a ser um príncipe, porque ele se sentiu ameaçado. – A Julia me olhou com um sorriso de quem conhecia a vida.
- Ele largou o trabalho para ir atrás de mim, Julinha, e nós tivemos uma noite ótima e agora as flores. – Eu estava admirando minhas rosas.
- Querida, eu já vivi bem mais que você, então escute um conselho, o seu príncipe está sob muita pressão, tem muita coisa acontecendo, ele está vendo muitas mudanças à frente dele, muitas decisões que precisam ser tomadas, é mais difícil para uns do que para outros. Sendo assim, confie, mas deixe ele passar um bom susto achando que pode te perder, aí ele vai entender que se virar sapo, outro príncipe passa montado no cavalo branco.
- Ai, Julinha, que maldade. – Eu ri, mas uma parte de mim queria fazer bastante ciúme no Fernando para ele aprender uma lição.
- A primavera floresceu aqui? – O Enzo entrou já de olho no arranjo sobre a minha mesa. – Quem mandou, Mel? Foi aquele cara do bar? Porque o Nando não manda rosas vermelhas.
- Pois foi o próprio Nando, Enzo! Aqui. – Eu mostrei o cartão para o Enzo, estava orgulhosa do meu príncipe.
- É, o cara sabe fazer as coisas quando quer. – O Enzo leu o cartão e me devolveu.
A Julia voltou para a mesa dela e o Enzo se sentou em minha frente. Pelo visto tinha algo a dizer, mas antes que ele abrisse a boca o Heitor entrou com o diretor financeiro.
- Ah, mas olha só, parece que o Fernando ouviu o meu conselho! – O Heitor sorriu ao ver as flores.
- Então continue aconselhando, Heitor. Está funcionando! – Eu sorri e cumprimentei o outro e ele me deu um sorriso e um aceno de cabeça, como sempre.
O José Miguel, diretor financeiro da Lince, era um homem com muitas admiradoras na empresa, mas aparentemente não se interessava por nenhuma, o que era curioso, pois ele era um homem bonito, da mesma idade que o Heitor e ainda era solteiro. Eu desconfiava que ele era meio tímido, pois andava sempre muito sério e dispensava as moças mais corajosas que tentavam se aproximar. Mas eles foram para o escritório do Heitor e só restou o Enzo em minha frente.
- Esse aí é outro... – O Enzo murmurou e balançou a cabeça.
- Outro o quê? – Eu perguntei sem entender.
- Nada não. – O Enzo respondeu simplesmente e mudou de assunto. – Mel, Eu estava querendo levar a Luna em algum lugar legal para passar o final de semana, você me sugere alguma coisa?
- Mas vocês dois estão mais apaixonadinhos do que nunca, hein?! – Eu brinquei e ele sorriu com os olhos sonhadores.
- Eu amo aquela garota, Mel! E não quero correr o risco dela pensar que eu estou virando sapo. – Ele riu.
- Peguei você! – O José Miguel sorriu e me ajudou a me reequilibrar, enquanto o Enzo juntava os papéis agora espalhados no chão. – Você está bem?
- Sim. Meu sapato está agarrado. – Eu tentei puxar o pé, mas o sapato não saía.
- Calma, eu resolvo isso. Mas primeiro você vai se sentar. Descalce o sapato, eu te ajudo. – Ele falava calmamente, com a voz baixa e meio rouca.
O José Miguel travou o elevador no andar e me ajudou a caminhar até uma das cadeiras da recepção. O meu sapato ainda estava preso no trilho do elevador. Ele me ajudou a me sentar e depois caminhou até o elevador, se abaixou, retirou o sapato do trilho e o analisou. Então voltou em minha direção e se ajoelhou em minha frente. Gentilmente pegou o meu pé e com muita delicadeza calçou o sapato em mim.
- Pronto! Infelizmente o trilho danificou o revestimento do salto. Uma pena, é um lindo sapato. Mas o salto está seguro, você vai poder caminhar. – Ele olhou para cima, encontrando os meus olhos e sorrindo de novo.
- Hum-hum. – O Enzo se aproximou e limpou a garganta para se fazer notar. – Parece que essa pasta é para você! – Ele esticou os papéis para o José Miguel.
- Me desculpe, deixei os papéis caírem e eles se misturaram. O Heitor pediu para lhe entregar a pasta. – Eu falei enquanto ele pegava a pasta das mãos do Enzo.
- Não tem problema, Srta. Lascuran, o importante é que a senhorita esteja bem. Os papéis eu organizo em minha mesa. Muito obrigado. – Ele fez um aceno de cabeça e se dirigiu para o elevador, com o Enzo em seu encalço.
- Que homem gentil! – Eu comentei sem notar que a Julia estava ao meu lado.
- Esse aí é todinho um príncipe! – A Julia comentou. – Pena que não tenha encontrado alguém ainda. Eu acho um desperdício um homem lindo desse solteiro.
- Ê, Julinha, está querendo se candidatar é? – Eu brinquei e ela riu.
- Ah, querida, se eu fosse uns anos mais jovem, eu estaria como as mocinhas desta empresa, suspirando por ele. – A Julia riu. – Você está bem?
- Estou sim, foi um acidente idiota. Salto agarrado no elevador. – Eu ri.
- Toda mulher já passou por isso ao menos uma vez na vida. Mas poucas têm a sorte de ser amparadas por um gato desses. – A Julia se abanou, me arrancando uma gargalhada.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......