“Anderson”
Eu estava bem desconcertado com a Giovana. Eu queria dizer que ela estava linda demais, mas ela era só uma garota de dezesseis anos e filha do meu chefe, eu não tinha o direito de ver mais do que uma criança em minha frente e eu não poderia dizer o quanto eu a achava linda. Quer dizer, talvez até pudesse, mas eu não consegui formular na minha cabeça um elogio que fosse correto, respeitoso e adequado, porque eu só pensava “nossa, ela é linda demais”.
Eu já a tinha visto no bar algumas vezes antes de tudo isso e ela era linda mesmo! Mas agora eu estava cuidando dela e percebia que ela era uma garota que estava meio confusa, mas era gentil e até divertida. O que eu percebi foi que ela se deixou levar por pessoas falsas, que se fizeram de amigas só para prejudicá-la, por inveja ou pelo simples prazer de fazer mal a alguém. Também, todo adolescente passa pelo seu momento de confusão. Mas eu estava cuidando dela e honraria a confiança que o Rafael me deu.
No entanto, eu tinha sido um idiota com ela e precisava me desculpar. Dizer que ela estava uma gracinha foi ridículo, quem pareceu uma criança naquele momento fui eu. E ela ficou chateada, claro que ficou, e eu me senti ainda mais idiota. Mas como eu ia fazer um elogio gentil e que não fosse mal interpretado? Era fácil para o Rubens, ele tinha idade para ser o pai dela e estava meio que namorando a tia, mas eu era só um cara jovem demais, embora nem tão jovem assim.
Eu caminhei atrás dela pelos corredores do shopping pensando em como me desculpar, porque no momento em que eu falei que ela estava uma gracinha eu me arrependi e quis consertar, mas não sabia como, não podia simplesmente puxá-la no canto e dizer que ela era a garota mais linda que eu já tinha visto. Então, quando elas entraram naquela perfumaria eu tive uma idéia.
- Rubens, posso me afastar um pouquinho? É rápido, só preciso ir num lugar. – Eu pedi e ele me olhou com um meio sorriso.
- Já se arrependeu! – Ele me encarou por um momento. – Claro, vai lá, gracinha!
- Rubens! – Eu reclamei e ele riu. O Rubens era um bom amigo e me conhecia há muito tempo.
Quando eu voltei eu já tinha em mãos o que eu precisava e pouco depois as garotas saíram da loja e eu peguei as sacolas da Giovana e coloquei a minha no meio delas, ela veria quando chegasse em casa.
Ela já tinha deixado transparecer que não gostou do meu elogio na loja de vestidos, depois do ataque da mãe da Hana, mas quando nós chegamos na casa dela, ela reclamou do meu elogio abertamente para o Rafael e o jeito como ele me olhou, me deixou ainda mais envergonhado. Eu precisava falar com ele. Então quando a Giovana foi para o quarto eu pedi ao Rubens para ficar de olho nela e fiquei na sala para falar com o meu chefe.
- Posso falar com você, chefe? – Eu pedi e ele fez que sim.
- Vem, vamos nos sentar ali à mesa. – Ele chamou e eu o acompanhei. – O que aconteceu, Anderson? Porque eu sei que você não acha a minha filha só uma gracinha.
Eu quis que um buraco se abrisse no chão e me engolisse. Eu estava constrangido e sentia como se estivesse traindo a confiança do Rafael. Então eu comecei a falar e as palavras foram saindo como um trem desgovernado:
- Olha, Rafael, a Giovana é linda, muito linda! E quando ela sorri, ela tem aqueles dois furinhos na bochecha que a deixam ainda mais linda... – Eu parei e respirei, tinha ido além do que devia. – Desculpe, eu não quis fazer um elogio e ser mal interpretado, por isso eu disse que ela estava uma gracinha e eu fui um tosco com ela. Ela está passando por essa situação com um perfil de internet que aparentemente é um homem de trinta e cinco anos e ela é menor de idade e eu sou seu funcionário, você confiou em mim para cuidar dela e...
- Anderson, respira! Eu confio em você! Eu observo você e sei que você está e continuará sendo respeitoso, com ela, comigo e com a minha casa. Você pode elogiar a minha filha, eu não vou achar que isso é uma ofensa ou que é uma tentativa de aliciamento. Ela é realmente linda e eu sou um pai realista! Mais cedo ou mais tarde ela vai se encantar por alguém de verdade e vai namorar. E eu tenho que enfrentar isso, é da vida. E talvez ela esteja se encantando pelo bruto ridículo que foi meio tosco com ela hoje. – O Rafael deu um sorriso, mas o que ele falou me assustou muito.
- Rafael, talvez eu deva trocar de lugar com o Rubens, eu cuido da Hana e ele cuida da Giovana. – Eu sugeri e ele me olhou erguendo a sobrancelha.
- O que foi, Anderson, está com medo da Giovana? Está se encantando por ela? – O Rafael perguntou assim de frente, sem titubear e eu senti como se o meu sangue congelasse em minhas veias.
- Rafael, eu não vou mentir, ela é linda e nós estamos nos dando bem, conversando e ela é mesmo uma graça, inteligente, educada, engraçada. Ela é diferente das garotas que tem por aí, ela está meio perdida agora, mas ela é como uma rosa desabrochando, entende? É fascinante! Mas ela é uma garota de dezesseis anos. – Eu reafirmei e ele estava sorrindo.
- Foi você quem falou sobre os produtos que ela usa com cheiro de algodão doce? – Ele me perguntou e eu fiquei sem graça.
- É, eu disse que eu gostava do cheiro e ela estava preocupada de que fosse coisa de criança e eu disse que não, que era coisa de moça vaidosa. – Eu respondi sem graça.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......