“Junqueira”
Eu estava sentado planejando qual seria o meu próximo passo quando estivesse com o rebento Mellendez nas mãos. Eu estava muito animado! Mas aí ouvi a porta abrir e fechar depressa e aquele mentecapto do Kauã entrou afobado.
- Malvadeza, fudeu geral! – Kauã estava apavorado.
- O que foi, porra? Qual a merda que vocês fizeram agora? – Levantei de um pulo da poltrona. – Cadê aquela sua amiguinha com o bebê?
- Então, Malvadeza, o lance flopou! – Kauã me olhava agoniado.
- Hein?! – perguntei sem entender.
- É, Malvadeza, deu zika, melou, deu ruim, deu errado, não deu certo, carai! – Meu senhor o vocabulário do Kauã era um atentado a língua portuguesa!
- O quê exatamente deu errado, seu imprestável? – Falei enquanto caminhava em sua direção.
- Assim, a Elisa pegou o chorãozinho. Aí veio um segurança atrás dela e eu acertei a cabeça dele com um pedaço de madeira. Aí a gente se separou, porque a Elisa achou que ia chamar menos atenção. Aí nenhuma porta do hospital abria e começaram a falar que era um código rosa, eu não entendi nada. Só sei que começaram a revistar o hospital inteiro, aí consegui entrar numa salinha lá e trocar de roupa. Quando as portas do hospital voltaram a abrir, eu saí, mas vi a Elisa saindo presa. – Kauã falava sem parar pra respirar.
- Mas como isso aconteceu? Vocês foram lá antes, nós planejamos tudo, vocês até conseguiram roubar um crachá. Como não deu certo? – Eu estava possesso de raiva.
- Ah, pois é, mas acontece que a gente não imaginou que o delegado bombadão estivesse lá! – Kauã falou com as mãos na cintura.
- Como assim? – Perguntei.
- Ouvi uma enfermeira comentando que a sorte foi que o delegado bombadão chegou pra visitar os bebês logo depois que a Elisa sumiu com o chorãozinho, aí conseguiram trancar o hospital antes dela sair com o menino. – Kauã explicou.
- Puta que pariu! Mas será que nada dá certo? – Praguejei. – Agora me explica, seu energúmeno, por que você veio pra cá? A polícia não está atrás de você?
- Quê isso, Malvadeza, eu sou liso, porra! Saí na maciota. – Kauã estava se achando o máximo.
- Mas a sua amiguinha não vai abrir o bico? – Perguntei nervoso.
- Que nada! Elisinha é ponta firme. Pra começar ela não sabe o meu nome, pra ela eu sou o Coringa! O do Batman, tá ligado? Top demais meu vulgo, né não, Malvadeza?
Passei a mão na têmpora. Meu deus esse moleque era um apalermado! Como pode um sem noção desse virar bandido?
- Ô criatura, mas a Elisa sabe onde eu estou escondido, ela veio aqui. – Lembrei o pouca prática.
- Relaxa, Malvadeza, já resolvi tudo. Chamei o meu conhecido, o advogado “Dr. Nóia”, e mandei ele ir lá na pulícia falar pra Elisinha ficar de bico fechado que depois ela ganha um agrado. – Kauã se sentou se achando esperto. – Sabe como é né, Malvadeza, eu sou bandido, carai. – Eu tinha minhas dúvidas quanto a isso, mas era melhor não falar nada.
- E o tal “Dr. Nóia”, entendeu o que era pra fazer ou estava chapado? – Perguntei tentando me conter.
- Sabe o que é, assim, cê é um parceiro bacana, carai. A gente tá se entendendo tipo a dupla dinâmica, saca? A gente é tipo vilãozão mesmo, pode tocar o terror junto. – Kauã falou todo animado e eu tive vontade de chorar.
- Meu filho, a dupla dinâmica é formada pelo Batman e o Robin, eles são mocinhos, não são vilões! – Nesse momento eu estava achando que nós estávamos mais entre o Pink e o Cérebro e aquele outro com os capangas amarelinhos.
- Ah, é mesmo, né, Malvadeza! Esqueci. Mas ó, tô curtindo pra carai nosso fechamento! – Kauã falou e bateu o punho fechado no peito e apontou pra mim em seguida. Eu me sentia o próprio Dick Vigarista nesse momento! – Não quer que eu mande a Stéphany aqui dar um trato legal no bagulho, não? Ela é novinha, mas é experiente, paga um boquete show, vai te deixar calminho.
- Não, criatura, quero ficar sozinho pra pensar. Agora vai! – Eu estava no inferno e o ajudante do capeta era descerebrado!
No outro dia o Kauã trouxe tudo o que eu pedi e insistiu em saber o que eu ia fazer, mas eu desconversei e disse que estava só bolando um plano e queria ter umas coisas organizadas, que assim que estivesse tudo claro eu avisaria. O despachei o mais rápido que pude e me preparei para sair para vigiar a casa do Mellendez.
Passei os dias que se seguiram vigiando aquela casa e bolando meu plano. Eu sabia que tinha três babás na casa do Mellendez, uma morava lá, uma passava a semana e a outra ia e vinha de casa todos os dias no próprio carro. Eu a seguiria até a casa dela e a coagiria a me colocar dentro da casa do Mellendez. E pra entrar sem ser notado, eu tinha que estar sozinho, eu conhecia o chefe da segurança e o cara era bom.
Já tinha uma semana que eu estava observando as coisas e armando meu plano, quando vi algo incomum. Alessandro saiu de casa com a esposa. Era estranho, porque ela não tinha saído mais depois do dia que a assustei no shopping, quer dizer, só pra ir ao hospital para as consultas e parir. Resolvi segui-los. E os dois foram para a delegacia, isso me acendeu um alerta enorme. Eu teria que apressar as coisas.
Voltei para o apartamento e repassei o plano várias vezes em minha cabeça. Eu entraria na casa, renderia e amarraria todo mundo, obrigaria o Mellendez a fazer a tranferência do dinheiro pra um paraíso fiscal, para as quatro contas não rastreáveis que eu consegui abrir, mandaria ele arrumar um jatinho para me levar pra fora do país, sairia da casa com ele e um dos bebês como garantia e no hangar eu mataria o Mellendez e o pivete. Só então, com aquele estúpido do Alessandro morto eu iria viver a minha vida de rei em um outro país.
Talvez eu até “aliviasse a tensão”, como disse o Kauã, com aquela intrometida da Catarina, eu a vi de longe e até que ela não estava muito embagulhada depois de parir quatro moleques de uma vez. Talvez...
Era isso! Agora era só relaxar até dar a hora de agir.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Que lindo esse livro. Estou aqui chorando novamente. Muito emocionante...
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......