Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 470

“Flávio”

A Sabrina já havia voltado a me atormentar, o lance dos piolhos não a manteve longe por muito tempo. Eu estava cada vez mais nervoso, não conseguia resolver as coisas e a cada dia eu sentia que a Manu estava mais desconfiada de que tinha algo errado.

Mas, é daquele jeito, não há nada tão ruim que não possa piorar. Eu estava na delegacia, tinha acabado de tomar o depoimento de um preso e finalizar o flagrante, quando o Bonfim entrou em minha sala acompanhado pelo advogado que estava cuidando da situação do meu quase divórcio.

- Quem eu mais ansiava ver! – Falei ao ver o advogado. – Doutor Romeu, por favor, me diga que tem boas notícias. – Pareceu que eu estava implorando? Sim, mas eu estava mesmo.

- Delegado Moreno, são boas notícias, mas que podem lhe causar um período mais conturbado.

- Mais conturbado do que até agora? Impossível. Mas vamos lá, quais são as novas?

- O juiz marcou uma audiência, quer você e a senhora Sabrina frente a frente e quer ouvi-los. Acompanhei o oficial que foi intimá-la hoje e ela deu um verdadeiro escândalo naquele hotel. – O advogado me informou algo que eu não esperava mesmo.

- Mas, doutor, o juiz não deveria só analisar o recurso e dar prazo a ela para responder e então dar a decisão final? Por que ele marcou uma audiência? – Perguntei achando que essa audiência seria um show de horrores.

- Em geral é assim em casos como esse, o juiz trabalha apenas com os recursos e respostas escritos no processo, mas excepcionalmente ele pode marcar uma audiência com as partes. No seu caso, ele achou melhor marcar a audiência, já que o juiz anterior está aposentado. – O advogado explicou, mas eu estava achando ruim ter que passar por uma audiência na qual a Sabrina faria um show e me estressaria mais.

- Tudo bem. Fazer o quê! E quando é essa audiência? – Perguntei aborrecido.

- Daqui a dois meses, vamos precisar nos preparar, isso significa que marcaremos algumas reuniões. Mas Flávio, essa mulher está furiosa, ela pode tentar te pressionar de alguma forma. – O advogado me alertou.

- Agradeço pelo aviso.

- Outra coisa, falei com a delegada Mariângela antes de vir pra cá, eles ainda não encontraram o advogado que conseguiu a anulação. Ela vai chamar a senhora Sabrina para depor, mas eu pedi que ela faça isso rápido, antes da audiência. Se seu pai está por trás disso, e eu acho que está, quando souber da investigação vai deixar a moça sozinha e não vai mais se envolver.

- Entendo. Mas não seria bom esperar? Talvez alertá-los pode dar a eles tempo de preparar uma armadilha. – Fiquei na dúvida se o advogado ia pelo melhor caminho.

- Não. Seu pai é um homem muito inteligente. Se agirmos rápido ele não vai se arriscar, principalmente quando souber que o juiz e a delegada são incorruptíveis, que não vão ceder às vontades dele. E se a senhora Sabrina ficar sozinha, ela vai recuar e aceitar o divórcio, talvez até conte tudo para a delegada. Além do mais, com a investigação caminhando o juiz ficará mais seguro em restabelecer a sentença do divórcio. – O advogado explicou detalhadamente.

- Certo. Então é isso. Esperar a bomba explodir e a Sabrina ter um chilique. – Lamentei.

- Mais ou menos por aí. – O advogado riu. – Mas em breve você estará livre.

Não seria tão breve quanto eu gostaria, eu teria que continuar escondendo isso da baixinha por mais dois meses. O advogado se despediu e saiu às pressas para outro compromisso. O Bonfim continuou ali sentado olhando pra mim, parecia querer me dizer alguma coisa.

- Você vai mesmo me cobrar? – Até estava achando graça já.

- Com certeza. Seguinte, preciso indicar alguém para dar uma palestra sobre segurança pública e o trabalho da polícia aqui na delegacia de homicídios e proteção à pessoa. Essa palestra será para estudantes de direito em um evento jurídico no mês que vem...

- Ô, Senhor, por que eu? – Eu odiava esse tipo de coisa.

- Porque você é muito qualificado e me deve um favor e eu não vou perder uma noite de sexta dando palestra pra um bando de estudantes. Além do mais, é importante manter a polícia engajada nesse tipo de coisa e conquistar a simpatia da sociedade. – Pelo visto o Bonfim odiava mais do que eu essa coisa de palestra.

- Ô, meu delegado, eles são o futuro das carreiras jurídicas, você deveria ir lá incentivá-los com toda a sua experiência. – Sim, eu estava argumentando para tentar me esquivar dessa chatice.

- Por isso mesmo eu não vou, esse futuro não me empolga. Já enviei o seu nome. Aqui está a pasta com tudo o que você precisa saber e as credenciais. Capriche na sua palestra de uma hora, com mais uma hora de perguntas dos estudantes.

- Mas que grande merda! Duas horas de merda que eu vou perder! – Bati a cabeça na mesa.

- Pensa pelo lado positivo, Manuzinha vai te assisitir. – Bonfim ria da minha maré de azar.

Meu olhar para o delegado foi mortal. Eu odiava essa coisa de palestra. E odiava fazer social. E odiava dever favores. Meus próximos dois meses estavam prometendo ser um desastre.