“Lisandra”
Eu estava ansiosa pelo meu primeiro dia de trabalho. Ser assessora do Patrício não me empolgava, pois eu sabia que na primeira oportunidade ele me demitiria, eu sabia que ele apenas me suportava por causa do meu irmão. Mas eu estava ansiosa por voltar a vê-lo, fazia tanto tempo desde que o vi pela última vez, eu não era mais do que uma adolescente. Eu passei a noite em claro pensando nisso.
- Lisandra! – Escutei o meu irmão me chamar. – Está no mundo da lua?
- Desculpe, só um pouco distraída. O que você disse? – Eu realmente não tinha ouvido nada do que ele disse.
- Que eu vou levar e buscar vocês e nem adianta reclamar. – Flávio era como um pai dando ordens a sua filha adolescente, era até engraçado.
- Ah, tanto faz... – respondi voltando para os meus pensamentos, nem me dando conta do tempo e andando no automático até que chegamos ao escritório.
- Lisa, você está distraída hoje. Está tudo bem? – Manu colocou a mão em meu ombro e me examinou na porta do elevador da empresa.
- Deve ser porque você e meu irmão não me deixam dormir. – Brinquei com ela e a vi ficar vermelha. Era muito engraçado como ela ficava sem graça fácil. – Meu irmão já não é tão jovem, Manu, cuidado pra você não fazê-lo ter um enfarte. – Manu ficou totalmente vermelha e eu comecei a rir.
- Sua boba, seu irmão é bem jovem sim. – Manu falou olhando para o chão.
- Garotas! Bom dia. – Rick se juntou a nós. – Qual o assunto do dia.
- Manu vai matar o meu irmão de um ataque cardíaco por excesso de exercícios no quarto. – Rick me olhou e arregalou os olhos.
- Lisa! – Manu estava escandalizada comigo.
- E a gente achava que o delegado ia quebrar a Chaveirinho no meio, mas a tarada do casal é ela. – Rick entrou na brincadeira e a Manu afundou a cabeça atrás da pasta que ela carregava.
- Pois é, Rick, Manuzinha é que anda dando trabalho para o delegado. Toda noite, viu. E por várias horas. Dormir naquele apartamento é impossível. – Lisandra riu.
- Se você quiser te alugo um quarto na minha casa, lá só mora o mais novo monge da cidade. – Rick brincou.
- Monge? Sei não, Rick, você é um gato e exala testosterona, daqui a pouco aquela casa vai parecer um bordel de tanta mulher tirando a roupa pra você. – Manu me olhou chocada e o Rick gargalhou.
Chegamos ao andar e eu me instalei na minha nova sala. Rick me passou várias coisas pra fazer e foi para a sua sala. O trabalho era ótimo, bem o tipo de coisa que eu gostava de fazer, mas eu ainda estava inquieta em rever o Patrício. E não demorou, ele entrou, como se não visse nada a sua frente, indo direto para a sua sala, sem sequer responder ao bom dia que eu dei quando passou pela minha mesa. Ele nem olhou para mim.
O resto da manhã passou assim, ele trancado na sala dele, o Rick me passando o trabalho e eu sentindo o estômago gelado por saber que ele estava atrás daquela porta.
Saí para almoçar com o Rick e a Manu e quando voltamos ficamos conversando na mesa da Manu.
- Rick, acho que você precisa conhecer gente nova. Não pode ficar em casa remoendo o passado. – Manu tentava animar o Rick.
- Ela tem razão, Rick! Olha só, o PH e eu vamos a um bar na sexta, beber, conversar, ver gente bonita. Você deveria vir com a gente, vamos nos divertir. – Convidei o Rick.
- Pode ser uma boa, hein. Mas quem é PH? – Rick perguntou confuso.
- É um amigo que estuda com a Manu, super gente boa, alto astral e animado. – Expliquei para o Rick.
- É, eu acho que vai ser bom. Eu topo, Lisa, pode contar comigo. – Rick aceitou e eu dei pulinhos de felicidade e bati palmas animada.
E foi nesse momento que o Patrício e o Alessandro saíram do elevador. Eu não posso negar que os dois juntos são de tirar o fôlego, dois homens lindíssimos e cheios de charme.
- E aí, Patrício, gostou da assessora que eu contratei pra você? – Alessandro perguntou quando eles pararam em nossa frente e eu senti o sangue ser drenado do meu corpo.
- Quem? – Patrício pareceu não ter entendido.
- Se for isso, tem como ninguém contar pra ele quem eu sou? – Senti até uma pontinha de esperança.
- O Alessandro já deve estar fazendo isso. – Rick me arrancou aquela mínima esperança na qual eu me agarrava.
Depois de quase uma hora o Alessandro saiu da sala do Patrício e parou em minha mesa.
- Há quantos anos vocês não se viam? – Alessandro perguntou.
- Doze anos. – Respondi simplesmente.
- Ele não te reconheceu. – Alessandro riu, mas eu não achava isso engraçado. – Quanto tempo será que esse idiota vai levar para se dar conta de quem você é? – Ele estava se divertindo com isso. – Ah, isso vai ser engraçado.
- Você não contou pra ele? – Por essa eu não esperava.
- Eu não, vou deixar que ele banque o idiota o máximo de tempo possível. – Alessandro riu. – Por favor, deixa que ele descubra sozinho.
De repente, minha esperança voltou! Se ele nunca descobrisse, eu nunca passaria da assessora eficiente que cumpre o seu trabalho e pronto, eu manteria o meu emprego por muito tempo. Eu só precisaria convencer o Flávio a não contar e precisaria me esconder do Patrício fora do escritório.
- Se você não contar eu não conto. – Falei baixo como se estivéssemos fazendo um pacto sigiloso.
- Eu não conto! – Alessandro riu. – Vou falar com a Manu e o Rick. Imagina a cara dele no dia em que descobrir. – Alessandro saiu rindo da minha sala.
Havia um lado meu satisfeito por eu não ser reconhecida, o que faria ele me dar uma chance no emprego e não me mandar embora porque eu sou a irmãzinha chata do amigo dele e que ele detesta. Mas uma parte de mim ficou magoada com isso, com o fato de ser tão insignificante que nem era lembrada.
O restante do dia eu passei com essa pontinha de mágoa pelo esquecimento me cutucando, enquanto o Patrício estava enclausurado em sua sala. Quando ele se lembraria? Ou melhor, será que se lembraria?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......