“Manuela”
Eu passei o dia remoendo tudo o que o Flávio disse que o pai dele descobriu sobre a empresa da minha família. Eu nunca soube de nada porque nunca quis saber, muitas vezes o meu irmão quis me explicar e me entregar o que ele dizia que era meu, mas isso não me interessava. A única coisa que eu sempre quis na vida, além de estudar e ser independente, foi que minha mãe me amasse e me tratasse bem.
- O que está se passando nessa cabecinha linda? Eu posso ouvir as engrenagens girando aí dentro. – Flávio me abraçou por trás. Eu estava de pé na sacada do quarto olhando para as estrelas no céu como se elas tivessem a resposta.
- Só pensando sobre essa herança que o meu avô deixou. – Falei.
- Quer conversar? – Flávio me virou e encarou os meus olhos.
- Eu fico me perguntando se o único interesse da minha mãe em mim é por esse dinheiro. – Suspirei e o Flávio me pegou no colo, indo se sentar comigo na poltrona do quarto.
- Por que você diz isso?
- Porque ela não me deixa em paz, mas ela não gosta de mim, e eu não entendo isso. Sabe, uns seis meses antes de eu fazer dezoito anos ela começou a me tratar bem, não era um modelo de mãe amorosa, mas parou de me bater, embora me mantivesse em rédea curta. Ela até tentou fingir. – Eu mergulhei nos meus pensamentos enquanto falava, como se tivesse voltado àqueles dias. – Ela começou a conversar mais comigo, me arrastava para a igreja com ela, até me chamava de filha. Porém, meu aniversário estava chegando e o Camilo me chamou na casa dele, ele queria saber o que eu queria fazer com a minha herança, ele queria me entregar tudo, mas eu não tinha a menor idéia de como administrar as coisas. Além do mais, eu não me importava com aquilo, disse a ele que se o vovô o deixou no comando ele deveria ter boas razões, por isso eu queria que continuasse como estava. Ele sabiamente me pediu para não falar sobre isso com ninguém e eu concordei.
- Foi inteligente da sua parte deixar alguém de sua confiança cuidar de tudo. – Flávio deu um beijo na minha cabeça e eu continuei falando.
- Na véspera do meu aniversário eu pedi ao meu pai para convencer a minha mãe a me deixar dormir na casa do meu irmão, dizendo que ele me levaria para jantar. Ela concordou, disse que era melhor mesmo, assim não teria que suportar o Camilo na casa dela. No outro dia bem cedo eu assinei a procuração para o meu irmão, que fez tudo com o cartório da cidade vizinha, para evitar falatório na nossa cidade. Quando voltei para casa a minha mãe estava me esperando com um grande sorriso. Ela se levantou do sofá de braços abertos, aparentemente feliz com a minha chegada, e passou o braço em meu ombro me fazendo sentar. Havia na sala um homem que eu conhecia, era o tabelião do cartório da nossa cidade. Minha mãe então me disse que eu estava com dezoito anos e consertaríamos a confusão que o meu avô fez, que eu deveria assinar uma procuração dando plenos poderes para ela administrar minha herança, pois eu não saberia cuidar do patrimônio e não era certo deixar nas mão do Camilo que era filho de outra mulher. Sempre me irritou ela se referir a ele assim, como se ele não fosse da família, eu sinto que ele é mais meu irmão do que o Juliano.
- Isso é porque ele te ama e é bom com você e você também o ama. – Flávio passava a mão em minhas costas e eu estava com a cabeça apoiada em seu ombro.
- Nos primeiros dias eu suportei as surras, depois eu pedi ao meu pai para me levar para o trabalho com ele. Mesmo assim, ela ainda conseguia encontrar momentos para me pressionar, eu quase cedi, mas aí eu me mudei pra cá. Me livrei das surras, mas ela não parou de me ameaçar. – Suspirei. – Será que se eu der tudo o que tenho para o Camilo ela vai me deixar em paz?
- Minha baixinha linda, é possível. Desculpe ser duro, mas é melhor você entender que essa mulher não é sua mãe, ela não te ama como uma mãe ama um filho. – Flávio estava me dizendo uma dura verdade e eu sabia que ela precisava ser dita.
- Eu não vou dar o dinheiro pra ela, porque eu sei que ela vai dar para o Juliano e eles vão acabar com tudo, além do mais, não era a vontade do meu avô. E o justo é que fique com o Camilo, ele trabalha como um condenado naquela empresa. – Meu irmão era um bom homem e ele nunca me deixaria desamparada ou ao meu pai, disso eu não tinha dúvida.
- Seja lá o que você decidir, eu te apóio. – Flávio deu mais um beijo na minha cabeça e respirou fundo. – Pelo menos os meus pais vão deixar a gente em paz agora, por mais horrível que seja o motivo, é um problema a menos.
Suspirei e me aninhei em seu colo, sentindo seu cheiro e suas mãos acariciando as minhas costas eu acabei dormindo, caí em um sono profundo, mas cheio de pesadelos com chicotes, gritos e dor. Acordei várias vezes durante a noite com o Flávio afagando meus cabelos e me acalmando.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......