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Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 551

“Breno”

Fiquei observando a Gisele enquanto ela falava ao telefone, sem dúvida nenhuma ela era uma bandida cheia de truques. Não nego, a curiosidade me corroia. Para quem ela teria ligado? A minha aposta é que ela estivesse avisando a tal de Rita sobre o interesse repentino de um policial nos fatos de tempos atrás, mas eu não poderia ter certeza disso, pois o telefone que ela usou era um aparelho antigo, do tipo que não havia nem a possibilidade de rediscagem. Me surpreendeu que aquilo ainda funcionasse.

Tão logo ela saiu da sala, expressei minha curiosidade ao delegado.

- Eu estou aqui me perguntando para quem essa mulher ligou. – Falei ainda olhando para a porta.

- Meu amigo, essa mulherzinha é um tipinho bem ordinário, se acha muito esperta, mas se esqueceu que está em uma delegacia. Eu também quero saber se ela ligou para algum cúmplice. – O delegado sorriu e caminhou até a mesa.

O delegado abriu a primeira gaveta da mesa e me chamou. Havia ali um identificador de chamadas que ele me explicou estar conectado ao telefone e que registrava os números das ligações recebidas e também das realizadas. Era algo tão simples e tão antigo quanto o aparelho telefônico sobre a mesa. Não era o meio mais correto de se conseguir uma informação, provavelmente era até imoral, mas para o que eu queria serviria muito bem, afinal a tal Gisele não era uma pessoa apegada a moralidade, vamos dizer assim, e eu só queria saber para quem ela havia ligado.

O delegado mexeu no aparelho e anotou o número em um papel. Olhei bem e copiei no bloco de notas do meu celular.

- Esse código de área é da cidade onde ela morava antes. Acho que sei para quem ela ligou. – Olhei para o delegado que puxou um celular de dentro da gaveta e o ligou.

- Vamos confirmar suas suspeitas então. – Ele discou o número e colocou no viva voz.

- Alô. – Uma mulher de voz forte e parecendo mal humorada atendeu.

- Quem fala? – O delegado perguntou com a voz mansa.

- Rita. Quem é? – Ela não era nem um pouco simpática.

- Rita? Você é irmã da Maria? – O delegado não ia se conter.

- Não. Nem conheço nenhuma Maria, passar bem. - Ela estava pronta para desligar.

- Mas não é da casa dos Castelo? – O delegado insistiu.

- Não, é da casa dos Blanco. – Ela estava impaciente.

- E você sabe o número dos Castelo? – Esse homem tinha um humor meio juvenil, pois quanto mais ele irritava a Rita, maior o seu sorriso ficava.

- Eu nem conheço, meu filho, agora me deixa em paz que eu tenho mais o que fazer. – E ela desligou o telefone.

- Seu palpite estava certo? – Ele perguntou rindo da mulher mal humorada que atendeu ao telefone.

- Bingo! – Falei e sorri com ele.

- Então a nossa presa ligou para uma velha conhecida e mandou que ela lhe arrumasse um advogado. – Ele girou a caneta sobre a mesa enquanto pensava. – Será que ela está naquele arquivo de contribuintes?

- Não, eu já verifiquei, mas o nome da Rita não aparece lá. – Comentei.

- Mas lá aparecem os nomes das “pacientes”, como a Gisele gosta de chamar as mulheres que procuram seus serviços, e a Rita nunca foi “paciente” da Gisele. Provavelmente, o nome que vamos encontrar lá é o da falecida. – O raciocínio do delegado até fazia sentido.

- É, pode ser. Eu não havia me atentado para isso. – Olhei para ele e caminhei em direção ao computador.

Eu havia procurado apenas o nome da Rita e estava olhando as pastas de “Pacientes VIP” por ordem cronológica das mais recentes para as mais antigas, até que me deparei com a da tal Sabrina Teles Moreno, aí depois disso o delegado mandou trazerem a Gisele e eu não acabei de ver o arquivo.

- A curiosidade matou o gato. – Ela esboçou um sorriso.

- Gisele, não estou aqui como policial. Mas eu gostaria muito de saber o que aconteceu com aquela mulher e o bebê dela.

- Por que o interesse nessa mulher? Já faz muito tempo, você provavelmente não passava de um adolescente naquela época. – Ela se levantou e caminhou até a grade.

- Eu ouvi a história e fiquei interessado.

- Assim do nada? Não me subestime, policial. Eu não sou burra. Posso ser outras coisas, mas burra não. – Ela estreitou os olhos para me observar.

- Eu me comovi com a história da mãe que até hoje jura que teve gêmeos. Todos acham que ela ficou louca. – Falei e dei de ombros, eu não daria os meus reais motivos.

- Não, ela não é louca. – A Gisele riu. – Sabe, policial, eu ganhava um dinheirinho atendendo aquelas pessoas que moravam distantes da cidade. Eu tinha um carrinho velho e andava por todos os lados. Mas eu não gostava de morar naquele fim de mundo e sabia que mais cedo ou mais tarde o médico ia me descobrir. Aí eu recebi uma proposta e o dinheiro que eu ganhei para fazer o que eu fiz foi suficiente para eu sair de lá e começar um negócio aqui, uma cidade maior, onde eu poderia ganhar muito mais. E foi o que eu fiz. E ganhei muito dinheiro todos esses anos.

- Tanto assim? – Duvidei, pois, embora vivesse bem, ela não levava uma vida de luxos para dizer que ganhou muito dinheiro. O que também não condizia com as chantagens que fazia.

- Muito. Mas sabe como é, nesse tipo de vida, a gente precisa pagar muita gente pra ficar de bico calado, outros tantos para nos dar informações e os documentos falsos também custam caro. – Ela havia começado a falar e quando se deu conta começou a rir. – Olha só, eu já estou fazendo confissões pra você.

- Gisele, você é inteligente e sabe que eu não sou o seu problema, as coisas que eu quero saber não vão alterar nada a sua vida aqui. Por quê você não me conta? – Insisti.

- Porque se eu te contar, eu perco uma boa fonte de renda e agora que eu estou presa, e parece que vou passar um tempo presa, eu preciso que ela continue fazendo as coisas pra mim. – Gisele sorriu e voltou a se fechar.

O policial que estava de olho na carceragem me chamou e me informou que o advogado dela havia chegado. Meu tempo acabou.

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