“Manuela”
Acordei dentro de um carro, levei o maior susto, fiquei confusa, tudo doía e minha cabeça girava um pouco. Com certa dificuldade me sentei e olhei para o motorista pelo retrovisor. Era o mesmo que tinha dirigido o carro de Porto Paraíso até aqui.
- Pode ficar calma, moça. Não vou fazer nada de mal com você. – Ele se apressou em dizer.
- Você já me fez muito mal. Me trouxe pra esse inferno. – Olhei o meu rosto no retrovisor, estava horrível, as lágrimas correram. – Olha pra mim, olha o que aquela mulher fez.
- Moça, eu só cumpro ordens e as ordens do Sr. Cândido a gente não discute. – Ele tentou se justificar, mas evitou me olhar. – Olha, por favor, não me crie problemas. Eu vou te levar pra minha casa, minha mulher vai cuidar de você e você vai ficar lá até o Sr. Cândido dar outra ordem, lá ninguém vai te bater. Acho que o patrão não vai deixar aquela doida se aproximar de você de novo não, ele ficou furioso com ela.
- Você não vai me deixar ir embora, não é?! – Eu já sabia a resposta.
- Não posso, moça. Agora, por favor, fica quieta, você está muito machucada e eu não quero ter que te amarrar. – Ele avisou e eu achei melhor não falar mais, até porque eu estava com dor, muita dor.
Ele parou o carro diante de uma casa com muro alto e portão todo fechado. O portão começou a se abrir e ele entrou e fechou o portão novamente. Do lado de fora, ninguém poderia ver o que acontecia dentro. Ele abriu a porta do carro pra mim.
- Consegue andar? – Ele perguntou e eu fiz que sim. Ele me ajudou a sair do carro e me levou para dentro da casa. – Zefa! Zefaa! – Ele chamou e logo veio uma mulher de meia idade enxugando as mãos em um avental.
- Ah, meu pai! O que é isso, Higino? – A mulher perguntou.
- Uma garota, não vê? – Ele respondeu meio bruto. – Anda, me ajuda.
- Quem é essa, Higino? Olha lá o que você está me aprontando! – A mulher alertou.
- É coisa do patrão. Me ajuda a colocar a moça no sofá e eu te explico. – Ele respondeu e eu percebi a cara contrariada da mulher.
Eles me deixaram sentada no sofá e saíram da sala, quando voltaram a mulher trazia algo nas mãos.
- Vem, moça, eu vou te ajudar a tomar um banho. – Ela falou e eu me levantei, eu precisava mesmo de um banho. – Higino, vai buscar as coisas que eu te falei, essa moça precisa de curativos.
Ela me ajudou a tirar o vestido e minhas roupas íntimas, ligou o chuveiro e colocou um banquinho para que eu pudesse me sentar. Me entregou um sabonete e deixou um vidro de shampoo e um condicionador ao meu lado. Eu gemi quando a água bateu no meu corpo, estava morna, mas ardeu nas feridas da minha pele.
- Meu deus, quem fez isso com você, moça? – Ela me olhava horrorizada. – Deixa eu lavar suas costas.
A Zefa tocou em mim com gentileza, quase como se tivesse medo de me quebrar. Lavou o sangue das minhas costas com cuidado, enquanto eu chorava, mas não era a dor física que me fazia chorar, era a dor por toda aquela crueldade a qual eu fui submetida e por saber o que ainda viria. Depois que tomei o banho e me sequei ela me entregou as roupas.
- Olha, menina, as roupas vão ficar um pouco grandes, mas a calcinha e o sutiã acho que vão ficar bons, são novos, eu tinha comprado para dar de presente, mas depois eu compro outros. – Ela suspirou enquanto me ajudava a me vestir com uma bermuda de coton verde e uma camisa de malha branca. De fato as roupas ficaram grandes,mas eu não me incomodei, pelo menos não apertaria os machucados.
Voltamos para a sala e o marido estava sentado lá. Ao seu lado uma sacola plástica.
- Moça, o patrão disse que você vai ficar aqui hoje. Amanhã é o casamento de vocês. – O homem nem me olhava.
- Ai, menina, se eu te ajudo aquele velho me mata. – Zefa estava dividida entre me ajudar e salvar a própria pele. – Por que você diz que ela não é sua mãe?
- Porque ela não é. Eu acabei de descobrir. Ela me sequestrou quando eu era um bebê e mentiu pra todo mundo durante todo esse tempo. Mas ela sempre me bateu e me maltratou. Ela ia me matar hoje. – Eu estava tremendo.
- Bem que eu nunca achei que aquela mulher fosse boa bisca. Tão diferente da primeira mulher do Sr. Orlando. Aquela sim era uma dama. – Zefa sorriu.
- A senhora a conheceu? – Me interessei.
- Sim, minha mãe trabalhava pra ela. Era uma boa mulher, honesta, gentil, amorosa. Minha mãe só deixou de trabalhar pra ela porque ficou doente e foi morar com o meu irmão. Isso foi um pouco antes dela ficar grávida de novo. Às vezes eu ia até lá ver a minha mãe e a senhora sempre me recebia bem, sentava na cozinha e me oferecia um lanche, conversava. A Rita eu conhecia de outros tempos, ela fica aí se fazendo de santa, mas é uma cachorra! Foi amante do Cândido, sabia? – Zefa conhecia bem o passado que eu desconhecia.
- Descobri há pouco tempo. Eu lamento muito pelo meu pai. – Falei.
- E você tem idéia de quem é sua mãe? – Zefa perguntou.
- Pode ser a primeira mulher do meu pai ou pode ser uma outra senhora, mas eu ainda não sei qual das duas. – Funguei e olhei para ela que me olhava penalizada.
- Ai, menina! Que coisa! Eu gostaria muito de te ajudar, ninguém merece se casar com aquele porco do Cândido. Dizem que a primeira mulher dele morreu de tanto apanhar. – Zefa falou e imediatamente percebeu que o que falou me assustou. – Olha, não pensa nisso. Eu vou preparar alguma coisa pra você comer, fica deitadinha aí, porque o remédio que eu te dei é um pouquinho forte, vai te dar sono. Mas, presta atenção, não tenta fugir, não tem como sair sem o Higino te ver e se você tentar ele vai te amarrar e você já está muito machucada.
Olhei para aquela mulher e aceitei o conselho, do jeito que eu estava, eu não conseguiria chegar a lugar nenhum e eu já estava me dando conta de que ninguém iria me ajudar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......