“Manuela”
Eu confesso que também estranhei o que o delegado disse, pois a Rita tinha algum dinheiro guardado, disso eu sabia, e tinha a casa que o meu pai deixou pra ela no divórcio e que valia um bom dinheiro. Mas o delegado Albano sorriu como quem tem um trunfo na mão.
- Ah, mas na verdade nem isso ela tem, Manuela. – O delegado Albano falou e nós todos nos viramos para ele. – O Juliano esteve aqui com um tabelião, ela assinou uns documentos para ele vender a casa e o carro para pegar o melhor advogado pra ela. Só que eu fiquei sabendo que o Juliano vendeu tudo e foi embora da cidade, sem pagar o advogado.
- Isso é mentira! Mentira, meu filho não faria isso comigo! – A Rita gritou em direção ao delegado, que se levantou e foi até a porta, chamou alguém do lado de fora e quando a pessoa entrou fechou a porta.
- Doutor, onde está o Juliano? Eu mandei ele vender a casa e o carro, comprar uma casinha menor e usar o resto do dinheiro para te pagar pra me tirar daqui. – Rita olhava para o advogado desesperada.
- Sinto muito, dona Rita, mas o Juliano vendeu a casa e o carro e sumiu. Eu fui atrás dele e um dos amigos me disse que ele pegou o dinheiro e foi para outro país. De acordo com o amigo, ele disse que por ele a senhora poderia apodrecer na cadeia. – O advogado a encarava com expressão séria. – Eu só vim mesmo informar para a senhora que estou deixando a sua defesa, acho que a senhora vai precisar de um advogado público. – O advogado falou e se retirou.
- Não, não, meu filho não fez isso comigo! – A Rita se desesperou, ela não esperava que o próprio filho lhe desse as costas.
- É, Rita, fim da linha pra você. – O delegado Albano falou. – Quer falar mais alguma coisa com ela Manuela?
- Você nunca mais vai me ver, Rita. – Foi a última coisa que eu disse a ela e me virei para o delegado que mandou retirá-la da sala e levá-la de volta para a cela. Um policial cochichou alguma coisa com o delegado que me olhou bem sério.
- Manuela, o Cândido quer falar com você. Ele ouviu dizerem pra Rita que você estava aqui. – O delegado me informou e aguardou a minha resposta.
- De jeito nenhum! – O Flávio se pronunciou.
- Eu vou falar com ele, delegado. – Me virei para o Flávio que estava protestando. – É a última vez, tem uma coisa que eu quero saber.
- Açucena Torres. Acho que é a sua verdadeira mãe. – O Sr. Cândido suspirou. – A mulher mais linda e mais bondosa que eu já conheci na vida. Quando eu a conheci eu fiquei louco, eu andava saindo com a Rita, mas terminei com ela por causa da Açucena, eu queria conquistá-la. Sabe, Manuela, eu consegui esconder dela por um tempo a minha verdadeira face, pareci um homem honesto e de bem e ela sorriu pra mim, namoramos por um curto tempo, mas dizem que a gente não pode esconder quem realmente é para sempre, não é mesmo?! Por um descuido, acabei me revelando e ela descobriu que aquela ilusão de homem bom que eu criei era só uma fantasia, ela se decepcionou e me deixou. Foi aí que ela conheceu o seu pai e eu não tive mais nenhuma chance, ela me disse que o amou no instante em que o viu e o amaria para sempre. Então, eu a amei à distância. Procurei uma mulher que fosse boa como ela para me casar, mas a minha esposa não era ela e não me fez esquecê-la. Os maus também amam, Manuela. Quando a Açucena morreu eu sofri, como eu sofri, eu nunca deixei de amá-la. Aí eu te vi aquele dia na sua faculdade, nossa, você é a cópia fiel dela, eu tive esperança de que pudesse reviver aqueles dias com ela, eu pensei que poderia ter essa ilusão. Mas não poderia, não é? – O Sr. Cândido balançou a cabeça. – Você é como ela em tudo. Olha, eu só quero que você saiba que eu nunca mais vou procurar você, pode viver a sua vida tranquila.
- Obrigada pela franqueza, Sr. Cândido. E obrigada por ter interrompido a Rita aquele dia, ela ia me matar de tanto me bater, o senhor sabe. E obrigada por ter me mandado para a Zefa, ela cuidou muito bem de mim. – Eu senti pena dele. Mas fiquei grata, pois agora eu entendia muitas coisas.
- Você é exatamente como a Açucena! Depois de tudo ainda me agradece. Não sou digno nem da sua gratidão, Manuela. Eu é que deveria agradecer. A Açucena foi um anjo nessa terra e ela um dia me tocou, ser tocado por um anjo é algo que a gente não esquece. Seja feliz, Manuela.
O Sr. Cândido me fez um aceno de cabeça e disse ao delegado que já podia ser levado de volta a cela. Depois de tudo, Flávio e eu nos despedimos do delegado e eu agradeci a ele e a toda a equipe por me ajudarem.
- Te espero na delegacia na segunda, Breno. – Flávio acenou para o Breno antes de sairmos, ele havia conseguido a transferência do Breno que estava muito feliz com isso.
Agora eu estava pronta para voltar pra casa e seguir em frente, com essa vida boa que me sorriu. Eu me senti como o Sr. Cândido, senti que fui tocada por um anjo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......