“Manuela”
Eu estava almoçando quando recebi uma mensagem do Flávio dizendo que havia acabado de chegar e iria direto para a delegacia. Respondi apenas com um tudo bem.
- Ele poderia pelo menos ter me ligado! – Respirei fundo e desisti de terminar o almoço, eu tinha perdido a fome.
Eu estava almoçando sozinha, pois a Lisa e o Rick tiveram uma reunião fora da empresa. Aliás, eu fiquei sozinha a manhã inteira, pois o Rick passou lá em casa e pegou a Lisa para ir para a tal reunião.
O resto do dia passou e nem sinal do Flávio. A Lisa ligou para o escritório e disse que o Alessandro mandou que ela e o Rick fossem encontrá-lo na casa dele, pois trabalhariam de lá pelo resto da tarde, ou seja, eu estava completamente sozinha o dia inteiro. Quer dizer, quase sozinha, pois a Margaridinha, funcionária da copa da presidência da empresa, vez ou outra passava pela minha mesa e conversava um pouco comigo. Mais eu tive muito tempo pra criar as caraminholas da minha cabeça.
Quando o meu expediente terminou, eu estava achando estranho o Flávio ainda não ter me ligado. Fui ficando cada vez mais chateada. Saí me arrastando do escritório e quando cheguei até a calçada percebi uma mulher elegante, usando um vestido branco reto até os joelhos com mangas até os cotovelos. Ela estava de costas, mas tinha a silhueta magra e um cabelo preto muito brilhante e absolutamente alinhado em um corte reto um pouco abaixo dos ombros.
- Ai, Manu, você não tem jeito, até uma estranha faz você pensar no Flávio só porque ela tem cabelos tão pretos quanto os dele?! – Falei comigo mesma.
Antes que eu pudesse desviar os meus olhos daquela mulher, vi um jovem desajeitado se desequilibrar em sua bicicleta e cair, mas ao tentar evitar a queda, instintivamente se segurou naquela mulher elegante e a levou para o chão. Corri até eles para ajudar e estendi as mãos, para que aquela mulher pudesse se apoiar.
- Ai! – Ela falou enquanto se levantava.
O jovem, sem nenhum constrangimento, se colocou de pé rapidamente e pegou a bicicleta.
- Foi mal aí, dona! – Ele gritou já subindo novamente em seu meio de transporte.
- Foi mal aí, dona? Esse moleque poderia ter me matado. – Ela olhava indignada na direção em que ia o ciclista. – Muito obrigada, querida. – Ela voltou os seus olhos para mim.
- A senhora está bem? – Perguntei depois de me abaixar, pegar a sua bolsa e a entregar. – Quer dizer, além do salto quebrado e do ferimento no joelho.
Ela me deu um sorriso amável e me encarou.
- Um pouco dolorida, mas acho que estou bem. Só um pouco tonta. Mas agradeço muito a sua ajuda. – Ela sorria, mas olhou aquele vestido branco, antes imaculado e agora sujo e com um pequeno rasgo na lateral. – Ai, não, eu não estou bem. Olha o meu estado. – Só então ela se deu conta de que o pequeno acidente não foi tão pequeno assim.
- Calma, eu vou ajudá-la. A senhora está de carro?
- Não, eu estava esperando um taxi, mas parece que não tem nenhum nessa cidade. – Eu não pude deixar de rir da sua indignação com os taxis da cidade.
- É o horário, dificilmente a senhora conseguirá um. Mas eu estou de carro, posso levá-la onde precisar. Vem. – Ofereci e ela sorriu pra mim.
- Ah, eu não quero te incomodar, querida. – Percebi que ela estava realmente sem graça por me incomodar.
- Não incomoda, senhora. Vem, vou levá-la a um hospital para que o médico veja se realmente não há nada demais, já que a senhora está tonta.
- É uma tontura passageira, tenho tido muitas nos últimos tempos. Acho que é estresse.
- Mas pelo sim, pelo não, não custa nada ver um médico. Olha, o meu carro está ali, se apóie em mim.
Aquela senhora era muito delicada e elegante, com sutileza passou o braço pelo meu ombro e quem olhasse pensaria que éramos duas amigas caminhando juntas e não que ela estivesse tonta ou com um salto quebrado. A ajudei a entrar no carro e dei a volta, saindo para o trânsito em direção ao hospital.
- É um carro grande para uma mocinha tão delicada. – Ela comentou, mas não havia desaprovação em sua voz.
- Já me falaram algo assim, mas eu me encantei por ele na loja.
- Foi uma ótima escolha, te deixa imponente.
- Obrigada. A senhora não é daqui é?
- Não eu sou do interior. Apesar de viajar muito, gosto da tranquilidade de uma cidade pequena.
- Eu também sou do interior, mas adoro essa cidade efervescente e cheia de vida.
- Ah, mas você também conhece o Dr. Molina? Que coincidência. – Ela parecia positivamente surpresa.
- Vou esperar aqui fora para que a senhora tenha mais privacidade. – Falei e dei um leve aperto em sua mão. – Cuida bem dela, Vini!
Depois de um tempo o Vini me chamou de volta para o consultório e me explicou que ela faria exames de sangue, uma tomografia e ele chamaria um otorrinolaringologista, pois ele achava que as tonturas dela eram provenientes de uma labirintite.
- Querida, parece que isso aqui vai demorar, você não precisa ficar. Não quero roubar ainda mais o seu tempo. – Ela parecia preocupada em me atrapalhar.
- Mas eu não vou a lugar algum. Não vou deixá-la sozinha em um hospital. Além do mais, está sendo um prazer para mim lhe acompanhar. – Assegurei a ela que eu ficaria com prazer e que ela não estava me atrapalhando.
- Bom, já que você vai ficar, pode acompanhá-la até a tomografia. As enfermeiras já vão buscá-la e quando voltarem eu trago o otorrino. Mas, recomendo que chamem um parente. – O Vini explicou.
- Acho que isso não é necessário, doutor. – ela parecia relutante em chamar um familiar.
- Ah, é sim, porque se for labirintite eu não posso deixá-la ir pra casa sem supervisão em meio a uma crise. – Vini insistiu e saiu da sala.
- A senhora quer que eu ligue para alguém? – Ofereci.
- Na verdade, meus filhos não estão muito felizes comigo no momento, sabe. E eu até entendo, também fui muito dura com eles. – Ela parecia tão constrangida.
- Ah, mas que bobagem! São seus filhos, com certeza a amam, seja lá o que tenha acontecido, tenho certeza de que vão querer estar com a senhora agora. – A incentivei.
- Você deve ser uma filha maravilhosa. – Ela apertou a minha mão.
- Eu tento ser. Mas a minha mãe já morreu e eu gostaria muito de ter tido a oportunidade de segurar a mão dela quando ela precisasse. – Meus olhos marejaram, assim como os dela.
- Ah, vem cá! – Ela me puxou para um abraço. – Sua mãe com certeza está olhando por você! – Foi tão bom ouvir isso, que eu a apertei um pouco mais no meu abraço. – Pega a bolsa pra mim, por favor, vou ligar para a minha filha.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Que lindo esse livro. Estou aqui chorando novamente. Muito emocionante...
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......