“Melissa”
Eu estava vendo o Nando travar uma batalha interna com o que ele era, o que ele queria ser e o que ele deveria se tornar. Ele parecia em agonia e eu não poderia ajudá-lo nisso, ele precisava fazer as escolhas dele, tomar as próprias decisões ou depois me culparia pelo que desse errado. Tudo o que eu podia fazer era estar ao seu lado e oferecer uma ou outra sugestão, mas não poderia tomar a decisão final, mesmo sabendo que no fim, ele seria feliz no hospital.
- Você quer falar sobre isso? – Eu perguntei.
- Agora não. Você insistiu muito que eu deveria dar uma chance ao hospital, agora eu vou dar. Vamos ver como isso vai ser. – Ele segurou a minha mão e deu um meio sorriso. Mas eu sabia que não era tão simples assim, a cabeça dele estava girando com muitos pensamentos e ele se voltou para si mesmo.
- Nando, eu não sabia o que o tio Álvaro estava planejando. – Eu senti a necessidade de garantir isso a ele.
- Eu sei que não. – Ele parou em frente à casa da Catarina e me encarou. – Vai ser um ano difícil, talvez o mais difícil da minha vida.
- Vai dar certo. E se você decidir que não quer o hospital, você sai, recomeça. Você pode fazer isso quando quiser. – Eu tentei acalmá-lo.
- Eu sei, mas eu não quero decepcioná-los. – Ele confessou.
- Decepcionaria somente se você fosse infeliz. Você é infeliz, Nando? – Eu perguntei e ele fez que não. – Então você vai se sair bem. E se sentir que está ficando infeliz, você sai.
Ele me puxou para um abraço e nos manteve ali por uns momentos.
- Agora vamos ver as crianças. – Ele sorriu e nós saímos do carro.
Nós fomos recebidos pela Catarina e eu me surpreendi ao vê-la em casa tão cedo.
- O que aconteceu pra você estar em casa a essa hora? – Eu perguntei.
- O Heitor contou para o Alessandro que vocês foram visitar o Álvaro e o Alessandro me contou, eu tinha certeza que vocês passariam aqui para ver as crianças, por isso eu vim pra casa mais cedo, para ver meus amigos. Principalmente você, Nando, que anda trabalhando tanto. – A Catarina abraçou o Nando.
- Parece que vou trabalhar mais agora, Cat. – Ele respondeu.
- É mesmo? Por que? – A Cat estava genuinamente interessada.
- Vou começar a trabalhar no hospital. – O Nando respondeu e contou a ela rapidamente sobre tudo o que tinha acontecido. A Catarina ouviu atentamente, com toda a calma que ela sempre tinha.
- Sabe o que eu acho, Nando? Acho que você vai se descobrir lá. – Ela deu dois tapinhas reconfortantes na mão dele.
- Você acha mesmo? – Ele olhou para ela esperançoso e ela fez que sim.
- Dindooo! – O Pedro entrou correndo na sala e pulou no colo do Nando.
- Garotão! – O Nando o abraçou bem apertado.
- Ai, só eu que não ganho abraço. – Eu brinquei e o Pedro se virou pra mim com um sorrisinho charmoso como o do pai.
- Dindinha, não seja ciumenta. Tem muitos dias que eu não vejo o meu dindo. – Ele respondeu e veio me abraçar. – Você está linda, Dindinha!
- Ai, meu pequeno, obrigada! – Eu sorri e depois estreitei os olhos para ele. – O tio Rick anda te ensinando umas coisas? – Ele deu uma risadinha e fez que sim.
- Dindo, vem, quero te mostrar a minha ferrovia, ela está maior. – O Pedro chamou o Nando todo empolgado.
Eu sabia que os dois perderiam a noção do tempo brincando naquele quarto de trenzinhos que o Alessandro havia montado para o filho. Isso era bom, me daria um tempo para conversar com a Catarina.
- Aí você sabe que eu serei forte por você! – A Catarina me manteve em seu abraço reconfortante. – O que mais está te afligindo?
- Nosso relacionamento, você sabe, o Nando se acomodou demais. Ele nem cogita a possibilidade de casar e outro dia comentou que se acha muito novo para ter filhos. Se depender dele, Cat, eu não vou ser mãe, vou ser avó! – Eu reclamei e ela riu.
- Eu não entendo esse medo que o Nando tem do casamento. – A Cat comentou.
- Não entende, pois eu te conto, é medo da mudança, Catarina, entendeu? Mudança! O bonito colocou na cabeça, e não sei de onde tirou isso, que casamento serve só para dar satisfação para a sociedade e que nós não precisamos disso. E sabe por que nós não precisamos disso? – Eu encarei a Catarina.
- Não tenho idéia. – Ela sorriu.
- Porque eu sou forte, bem resolvida e decidida e não deveria me curvar às pressões sociais que existem em razão de uma economia consumista do mercado de eventos. Além do mais, ele leu não sei onde que casar em razão da pressão social aumenta as chances de divórcio. E que nossas decisões não devem ser baseadas em expectativas externas que podem não ser sustentadas a longo prazo. – Eu bufei.
- O Nando ainda não entendeu o que o casamento realmente significa. – Ela comentou. – Dê um pouco mais de tempo a ele.
- Catarina, eu estou dando mais tempo a ele já tem onze anos! – Eu arregalei os olhos para ela.
- É, isso é verdade, é um relacionamento bem longo. Mas vocês são estáveis, Mel. – A Cat tinha razão sobre isso.
- Mas eu quero mais, Cat, eu sonho com uma família, um casamento feliz, uma vida juntos, casados! – Eu olhei para ela deixando toda a minha vulnerabilidade transparecer.
- E talvez ele esteja em outra sintonia, esse é o seu medo. – A Catarina sabia bem o que estava se passando na minha cabeça.
- Mas se for, agora que o mundo dele começou a sacudir, ele vai finalmente descobrir. Porque tudo o que ele deixou acomodadinho vai se misturar e ele vai ter que tomar grandes decisões. – Eu tinha essa certeza no meu coração, que esse seria o ponto onde as coisas se resolveriam entre nós, para o bem ou para o mal.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......