“Fernando”
Eu apertei a mão da Melissa na minha antes de caminhar em direção ao meu tio que já nos esperava na porta. Ele nos olhava com satisfação, como se esperasse por aquele momento há muito tempo.
- Meus sobrinhos queridos! – Ele abriu os braços e acolheu a Melissa e a mim ao mesmo tempo.
- Tio Álvaro, impressão minha ou você sempre soube que eu viria? – Eu dei um sorriso sem graça.
- Nando, sendo bem sincero, eu sabia que esse dia chegaria, o hospital está no DNA dos Molina. E acredite, você não é o primeiro a querer fugir dele. – Meu tio despertou minha curiosidade.
- Minhas primas já fugiram. – Eu brinquei e ele fez uma careta pra mim, nos convidando a entrar.
- Aquelas duas. – Ele bufou. – A mãe as mimou demais e elas agora acham que são estilistas, mas têm um mau gosto assustador. Não é porque são minhas filhas que eu vou mentir. E ainda escolheram aqueles maridos... nenhum dos dois se interessa pelo hospital. Só sobrou você, Nando.
- Isso deveria ser lisonjeiro? Porque não foi. – Eu reclamei e ele riu.
- Sobrinho, você precisa começar a pensar no hospital como sua herança, não como sua maldição. – Ele tentou me consolar, mas só piorava. Eu me sentei com a Melissa ao meu lado, sentindo o peso da escolha que eu estava fazendo.
- Tio Álvaro, essa coisa de herança, geralmente termina com famílias se digladiando por uma fatia maior e o que era uma família unida se torna um bando de canibais tentando devorar uns aos outros. – Eu lamentei, ainda relutante.
Não que eu fosse próximo às filhas dele, até porque elas eram mais velhas que eu e sempre foram mais próximas da família materna, mas nós nos dávamos bem e para mim estava ótimo.
- Lembre-se que você é filho único, não terá com quem brigar e metade daquele hospital já é sua, eu vou garantir que você seja dono dele inteiro, assim, nem minhas filhas ou os maridos ou os filhos deles poderão te perturbar. – Meu tio fez um alerta soar dentro de mim.
- Do que você está falando? – Eu perguntei alarmado.
- Você está vindo para o seu lugar, Nando, e eu sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. Aquele hospital é seu, a minha parte daquele lugar já está no seu nome. – Ele me encarou e eu senti como se estivesse congelando de terror.
- Você não pode fazer isso. É o seu legado para as suas filhas. – Eu protestei.
- Ah, agora você está entendendo. O hospital não é só uma herança pura e simples, ele é um legado que vai além do patrimônio material, ele é feito dos ensinamentos e valores da nossa família. E você mal o conhece, talvez por isso fique tão reticente em enfrentá-lo. Nós fazemos coisas grandes lá, Nando, coisas boas. Nós não somos apenas uma instituição privada de saúde, nós fazemos o bem e muita filantropia. – O discurso dele era sedutor.
- Mas você não pode deixar a sua parte pra mim. – Eu reclamei.
- Você é o único nessa geração com o coração no lugar certo. E eu sei que você e a Melissa vão colocar os filhos de vocês no caminho certo também. – Ele sorriu para a Melissa. - E não se preocupe, eu já fiz todos os trâmites e minhas filhas concordaram e respiraram aliviadas por se livrarem dele. Eu tenho outros negócios que elas herdarão e que as interessa mais.
- Eu tenho que ir para o hospital. – Eu comentei e eles riram.
- Já está ficando animado, Mel! – Meu tio comentou entusiasmado.
- Não, é sério, eu tenho que ir para o hospital agora, está tudo girando. – Eu comentei.
- Nando, respira e não pira! – A Melissa instruiu. – Ih, tio Álvaro, acho que deu uma crise de pânico.
- Nando, respira devagar. – Meu tio segurou o meu pulso. – Vamos, Nando, respira fundo.
Eu fiz o que ele mandou, mas era muita informação ali, muita responsabilidade sendo colocada de uma vez sobre meus ombros e eu estava pensando que não tinha mais para onde correr. Quando eu consegui voltar a respirar, meu tio colocou um copo com conhaque em minha mão.
- Bebe isso! – Ele mandou e voltou a se sentar.
- Eu não bebo! – Eu falei como se ele não soubesse.
- Estou falando como médico, bebe isso. Vai ajudar você a relaxar um pouco para que eu possa te falar o resto. – Ele não estava me dando opção.
- Promete, tio Álvaro? – A Melissa perguntou com um charme que me deu vontade de abraçá-la.
- Sim, prometo. Nós vamos trabalhar juntos e se for demais para qualquer um dos dois é só vocês falarem comigo e daremos um jeito. Além do mais eu vou arrumar uma secretária feia para ele. – Ele falou e abraçou a Mel.
- Tudo bem, eu concordo. – A Melissa decidiu e eu comecei a rir. Estavam os dois ali a decidir toda a minha vida profissional e eu sem saber o que pensava disso.
- Tio, eu pensei que assumiria o departamento de farmácia. – Eu comentei finalmente.
- Isso era antes de eu decidir desacelerar, quando você ainda tinha tempo, que perdeu naquela farmacêutica. Agora, meu querido sobrinho, relaxe, a única vaga que você vai roubar é a minha e eu estou louco para passar o bastão. – Ele me garantiu.
Eu respirei fundo e me sentei bem na ponta do sofá, olhando nos olhos dele, procurando por qualquer traço de preocupação, mas ele estava muito relaxado.
- Você tem certeza de que eu estou pronto para isso? – Eu precisava saber se ele acreditava nisso mesmo ou só me colocaria lá porque eu era o herdeiro. Ele se aproximou de mim e colocou a mão no meu ombro, me olhando nos olhos.
- Eu tenho certeza de que você nasceu para isso e estará pronto em um ano! – Ele estava seguro e a sua segurança me deu a coragem necessária.
- Muito bem, Dr. Álvaro Molina, começamos amanhã às oito. Não se atrase! – Eu me levantei e estendi a mão para a Mel.
- Esse é o espírito! Você fará grandes coisas lá. – Ele me assegurou e eu precisava acreditar nas palavras dele. – É hora de crescer, Nando, assumir as responsabilidades da vida e tomar decisões como um homem e não como um jovem assustado.
Ele tinha razão, estava na hora de amadurecer e aceitar as responsabilidades da vida.
- Espero não te decepcionar. – Eu abracei o meu tio e me virei para a Mel. – Vamos dar uma passadinha na casa da Cat? Quero ver o Pedro.
Ela concordou e nós nos despedimos do meu tio. Eu tinha muita coisa em minha cabeça, muitas mudanças acontecendo de repente e eu senti que precisava mudar por dentro para conseguir lidar com tudo aquilo. A Melissa estava ao meu lado, segurando a minha mão naquele momento, mas era assustador olhar para frente e ver o que me aguardava. Era hora de deixar o conforto da realidade que eu conhecia e encarar esse mundo que estava sendo colocado à minha frente.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......