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Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 1042

“Hana”

Eu estava me olhando no espelho, eu ainda podia ver a marca do tapa que o Frederico me deu, mesmo que ela tivesse desaparecido por completo, eu ainda a via ali. Era assim, sempre que ele me batia eu ficava assombrada pelas marcas, mesmo que elas já tivessem desaparecido. E aí ele me batia de novo e as marcas fantasmas davam lugar para as novas. Era como se as marcas que ele me deixava me lembrassem de que ele faria de novo.

As lágrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto enquanto a minha memória voltava para aquele período doloroso e escuro da minha vida, aquele quando eu achava que eu estava apanhando porque merecia, porque foi culpa minha descumprir qualquer regra idiota que ele havia criado ou porque eu o havia irritado. Agora, depois de conseguir me livrar daquilo tudo, eu me olhava no espelho e pensava em como eu pude acreditar que merecia aquilo? Como eu permiti que tudo aquilo fosse feito comigo? Como eu pude ter tão pouco ou nenhum amor próprio? A verdade é que eu pensei que ir morar com o Frederico me livraria do tormento que eu vivia em casa.

Eu era tão insegura, tão infeliz, tão desesperada para me livrar de uma situação ruim que acabei entrando em outra. E aí eu já estava acostumada a não ter direito a nada, a não reclamar, a aceitar o que faziam comigo. Como minha mãe falava “eu não deveria ser tão ingrata com quem só queria o meu bem”, mesmo que o bem que me queriam significasse me manter presa, dominada, manipulada. E para me manter assim, boa, submissa e colaborativa, o Frederico me batia, ele feria o meu corpo, enquanto a minha mãe feria a minha alma, me enchendo de culpa e remorso por todo o sofrimento dela, me fazendo pensar que não era boa o suficiente, nunca, em nada.

A minha sorte foi acabar parando naquele hospital, ao invés do cemitério, e ter encontrado o irmão do meu pai lá. Ele cuidou de mim, me ajudou, me tirou daquele círculo vicioso e destrutivo. Ele me deu uma nova perspectiva e eu sempre seria grata. Mas eu também fiquei imaginando como a minha vida poderia ter sido diferente se o meu pai não estivesse morto.

O interfone tocou e eu respirei fundo. Não estava esperando nada e nem ninguém. Eu saí do meu estado letárgico em frente ao espelho e fui atender o interfone. Para minha total surpresa o porteiro me disse que a Melissa estava ali. Eu liberei a entrada e abri a porta assim que a vi pelo olho mágico.

- Rabicho! – A Melissa me olhou e me envolveu em seu abraço. Eu comecei a chorar. – Está tudo bem. – Ela me afagou e me acalmou, me manteve ali, sob um abraço gentil e protetor até que eu tivesse colocado todas as lágrimas para fora.

- Desculpa! – Eu funguei quando me afastei dela.

- Pelo quê? Rabicho, os amigos servem para acolher quando precisamos, então pode chorar no meu ombro porque ele é pra isso mesmo. – A Melissa sorriu. Ela era tão acolhedora, me conhecia a tão pouco tempo e já tinha feito tanto por mim.

- Vem, vamos nos sentar. Você quer um café, um chá? – Eu perguntei a puxando para o sofá da minha pequena sala.

- Uma água, por favor. – Ela pediu. – Nossa, adorei o seu apartamento! Tão aconchegante, parece até uma casinha de boneca.

- Obrigada, Mel. – Eu me sentei ao seu lado e nós conversamos um pouco sobre o que aconteceu na noite anterior e como eu estava me sentindo. Eu não me segurei e contei a ela que achava que tinha sido tudo armado pelo Rafael e ela riu.

- Ai, Hana, que cabecinha criativa! Eu tinha certeza de que você estava pensando isso. Por isso, antes de vir para cá, eu passei lá na delegacia e falei com o Flávio.

A Melissa me contou tudo o que o delegado tinha descoberto sobre o Rafael e sobre o Frederico e mesmo ela dizendo que tinha certeza que o Rafael não faria isso comigo, eu não tinha a mesma certeza que ela, afinal o delegado disse que eles investigariam ainda mais e que ainda não tinham encontrado uma ligação entre o Frederico e o Rafael.

- Eu ainda tenho o pé atrás, Mel, e quer saber, você também não deveria confiar, pelo menos não até o Flávio dar certeza de que esse Rafael é do bem mesmo.

- Sobrinho do meu chefe. Dezoito aninhos, Hana, um fofolete! – A Melissa fez uma cara engraçada falando do tal Enzo.

- Então vamos conhecer o Enzo! – Eu me levantei e ela bateu palmas.

- É assim que se fala! – Ela incentivou. – E capricha, se produz.

Eu fui para o meu quarto e fiz exatamente o que a Melissa sugeriu, caprichei na produção. Enquanto eu me arrumava, eu estava pensando em tudo o que ela me disse e eu tive uma idéia, era uma idéia louca, mas eu ia abraçar essa loucura. A Melissa era tão boa comigo, eu tinha a obrigação de livrá-la do perigo, e se a polícia ainda não tinha conseguido nada contra o tal Rafael, talvez eu pudesse conseguir.

Eu ia me aproximar daquele psicopata, eu tinha o motivo perfeito, eu fingiria estar muito grata por ele ter me “ajudado”, imagina, como se eu fosse idiota para cair naquele truque velho do herói que salva a mocinha em perigo, eu não caía nessa. Mas eu poderia fingir que caí, eu fingiria ter deixado a implicância para trás e me tornaria a sombra dele, me faria de amiguinha.

Ele daria um passo em falso e, nesse momento eu estaria lá para pegá-lo e tirá-lo das ruas. Eu não tinha nada melhor pra fazer depois do trabalho mesmo, então eu podia muito bem ficar de marcação cerrada naquele falso, doido, predador, psicopata. Mas eu não permitiria que ele fizesse nenhum mal à Melissa, nem a nenhuma outra mulher!

Eu voltei para a sala com uma determinação na cabeça e um sorriso no rosto. E fui aproveitar o dia e celebrar a vida com a minha nova amiga.

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