Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 1041

“Melissa”

O Flávio conseguia dar informações como se contasse uma história de terror, deixando o ouvinte ansioso e tenso. Ele fazia pausas dramáticas! Eu estava quase pulando no pescoço dele, eu estava ansiosa, com o coração disparado, a boca seca e as mãos suadas. Eu queria que ele pudesse dar as informações como um locutor de futebol, falando sem parar nem mesmo para respirar. Mas ele se divertia fazendo aquele suspense.

- Ai, Flávio, fala logo! – Eu pedi e ele riu.

- Ah, eu adoro contar as coisas para você. – Ele tinha aquele sorriso confiante no rosto, cheio de dentes perfeitos e brancos. – Mel, o bar passou por uma crise coisa de um ano depois de abrir. Ao que parece a filha dele ficou doente, uma infecção pulmonar de tratamento difícil, o Rafael gastou muito com a menina e descuidou do bar. Ele quase faliu, precisava de capital e conseguiu um investidor. Alguém que deu a ele o dinheiro, mas permaneceu no anonimato, foi como um empréstimo pessoal, que o Rafael ainda está pagando, porque foi bastante dinheiro e essas coisas têm uns juros absurdos.

- Nessa época ele ainda não morava lá no prédio, ele se mudou tem uns dois anos apenas. – Eu me lembrei disso. – E quem emprestou esse dinheiro? – Eu perguntei.

- Esse é o problema, eu ainda não sei. Deve ser um agiota e isso colocaria o Rafael numa situação muito perigosa. Mas tudo o que descobri até agora é que ele faz um pagamento semanal para uma empresa da qual eu não consegui descobrir nada. Parece uma empresa fantasma, mas eu tenho que investigar melhor. Isso demora.

- Tudo bem, mas até aí não tem nada de errado com ele? – Eu insisti.

- Não só esse empréstimo que é estranho. – O Flávio garantiu. – Aí nós chegamos ao ex namorado da Hana. Figurinha aquela Hana, te espionando para o Nando. – O Flávio riu.

- Ela é agente dupla, espiona ele pra mim também. – Eu ri da situação.

- O ex dela é um problema, Mel. – O Flávio ficou sério. – Um tipinho vulgar e cheio de problemas desde a adolescência. Depois que ele a agrediu e foi preso, ele se meteu com um pessoal barra pesada na cadeia e acabou indo de vez para o mundo do crime. Está metido com tráfico. Mas a parte interessante é que ele foi preso por agredi-la há mais ou menos uns três anos.

- Na mesma época que o Domani foi preso? – Eu me interessei.

- Eles foram coleguinhas de cela. E parece que ficaram amigos. Ele saiu da cadeia há mais de um ano. E sabe quem é o advogado dele?

- Nem idéia. – Eu falei ansiosa pelo restante da história.

- O mesmo advogado que trabalha nas ações criminais do Domani. – O Flávio sorriu. – Um figurão que cobra muito caro e o ex namorado da Hana nem tem onde cair morto. Mel, esses o Domoni e esse ex namorado tem algum rolo, pode confiar. E eu vou descobrir.

- Isso não é bom, um amigo como o Domani pode fazer muito por esse cretino. – Eu comentei. – Mas, Flávio, como ele conseguiu sair?

- O processo ainda está em fase de recurso. Como a condenação ainda não é definitiva, o advogado encontrou a brecha na lei e o colocou na rua. Mas ele foi preso em flagrante de novo ontem, agredindo a Hana, de quem ele não podia se aproximar e ainda por cima em posse de drogas, comprimidos que ele estava vendendo no bar do Rafael. Como o Rafael cedeu as imagens das câmeras, tem autoria e materialidade pra lá de confirmada, o que agora vai manter o bandidinho na cadeia por muito, muito tempo.

- Parece que tem um mas nessa história. – Eu comentei.

- É, tem um mas. – O Flávio concordou. – É aqui que voltamos para o Rafael. O ex namorado estava vendendo drogas dentro do bar, Mel, e os seguranças confirmaram que ele estava sempre por lá. O cara se nega a falar qualquer coisa, mas a delegacia de tóxicos vai investigar e é claro que eles vão passar um pente fino no bar, em todos os funcionários e no Rafael. Além do mais, pelas imagens, além do ex namorado da Hana, foram identificados mais dois caras lá em atitudes suspeitas.

- E você acha que tem alguma chance do Rafael estar metido com isso? – Eu senti um aperto no peito.

- Ah, pois é bom ele ficar esperto e começar a fazer as coisas direito. – Eu apontei. – O sapato foi só uma gentileza de um colega de trabalho e eu só aceitei por isso, porque foi uma gentileza. Talvez um pouco para fazer o Nando sair daquela zoninha de conforto que ele está, achando que não precisa fazer por onde para me merecer.

- Você sabe que tem o meu apoio. Quer que eu dê uma prensa nele?

- Não, querido, obrigada. Mas tem coisas que ele precisa enxergar sozinho. Eu não quero um homem, Flávio, que seja movido a pressão, que precise ser colocado contra a parede para fazer as coisas por mim ou para dar o próximo passo no nosso relacionamento. – Eu expliquei.

- Eu entendo, Mel, mas você nos engessou, você proibiu todos nós de falar sobre isso com ele e nós não vamos conseguir ficar quietos por muito tempo, nem os caras e nem as garotas. A Manu me contou que a Cat está a ponto de pegar o Nando pelas orelhas e falar umas coisas pra ele. – O Flávio contou e eu já imaginava que a Catarina não estivesse gostando de ter que ficar quieta.

- Eu sei, Flávio, mas...

- Mas, nós não queremos que vocês terminem por causa de uma idiotice, Melissa! – O Flávio foi firme. – O Nando está num ponto que ele precisa de um toque e você precisa ceder e nos soltar dessa mordaça que você nos colocou, porque nós queremos te ajudar e ajudar o Nando. Quem está de fora, maluca, vê melhor as coisas.

- Tudo bem, eu vou tirar as mordaças, como você diz. Podem fazer o que quiserem.

- E você vai receber de bom grado quando a gente trouxer o Nando para o lado da luz? – O Flávio perguntou em tom de brincadeira.

- Eu não vou terminar com ele se o coração dele estiver no que ele fizer. – Eu sorri para o Flávio. – Preciso ir, parceiro. Qualquer coisa, beijo me liga.