“Flávio”
Meu pai pegou o aparelho e olhava as fotos das lesões da Manu com o horror estampado no rosto. Minha mãe estava ao lado dele vendo as fotos e começou a chorar, eu sabia que aquilo a havia abalado. Olhei para a Manu e ela estava de cabeça baixa, envergonhada, encolhida ao meu lado, então eu a abracei.
- Você não tem que ter vergonha, você é uma sobrevivente. – Falei em seu ouvido.
- Eu nunca imaginei isso. Eu nunca compactuaria com isso. Isso é monstruoso. – Meu pai parecia indignado. – Manuela, eu não sei como me desculpar com você. Eu estou realmente envergonhado e sinceramente arrependido.
- Eu quero saber o que aconteceu depois que você se encontrou com a Rita no hotel. – Eu queria cada detalhe daquela história, não queria só o pedido de desculpas dele, queria saber até onde ele foi, o que ele sabia.
- Depois do hotel, passou um tempo sem que eu tivesse notícias dela, até pensei que ela havia se esquecido ou desistido. Enquanto isso, a empresa da Manuela chamou a minha atenção, mas eu não sabia que ela era sócia, eu me interessei pelo negócio, é uma empresa de ponta, que está em franca expansão e com uma administração notável. Pedi um levantamento sobre a empresa e os sócios, você sabe que essa é a praxe do mercado, foi assim que descobri que a Manuela era uma das sócias. Fiquei curioso e pedi um levantamento sobre a Manuela, descobri então que ela tem dinheiro e uma posição muito confortável que a deixa no mesmo patamar que a nossa família, não ficaria com você por interesse. Foi quando eu desisti de separá-los. Fiquei tranquilo que você estava com alguém à sua altura, que não estava interessada no que você poderia oferecer e obviamente isso poderia favorecer os negócios entre as nossas empresas. – Meu pai disse a verdade nua e crua.
- Ou seja, o senhor mudou de idéia pelo que eu tenho e não por quem eu sou. – Manu concluiu, ainda de cabeça baixa. – É sempre esse maldito dinheiro. – Ela praguejou.
- Sim, Manuela, em princípio foi isso sim. Eu não vou mentir e tampouco tentar dourar a pílula, com toda a franqueza, eu sempre protegi os meus filhos de pessoas interesseiras e existem muitas no mundo. Mas hoje eu mudei de idéia pelo que você é. Você hoje ajudou uma estranha e se dispôs a cuidar dela sem nenhum tipo de interesse. Você foi gentil, amável e altruísta, não a deixou sozinha em um momento difícil. Isso já é o suficiente para mostrar o seu caráter e o Flávio sabe que eu admiro certas virtudes que você demonstrou hoje. E, além disso, a mulher que você ajudou é importante pra mim, muito importante. Você tem não só a minha gratidão, Manuela, mas você tem o meu respeito e a minha admiração, pelo que você fez hoje e por tudo o que você passou e não se converteu em uma pessoa ruim. – Meu pai respondeu a Manu com franqueza, uma franqueza que me impressionou, ele não tentou dar voltas ou distorcer nada, ele foi franco e direto.
Mesmo percebendo o esforço do meu pai para se desculpar e ver que ele estava sendo verdadeiro, estava difícil pra mim, eu não sabia o que fazer, pois eu ainda sentia uma raiva ferver dentro de mim pelo que ele fez, mas por outro lado eu reconhecia que ele havia mudado de atitude com a Manu e que estava sendo sincero para tentar reparar as coisas. E tudo ficava mais difícil porque era o meu pai, apesar de tudo, do jeito exigente e autoritário dele, ele sempre foi um bom pai, sempre nos deu afeto e sempre esteve presente. E ele continuou contando:
- Quando a Rita me ligou dizendo que já sabia o que ia fazer com você eu disse a ela que já não me interessava mais e que era melhor que ela não se metesse entre vocês, pois me teria como inimigo.
- Você sabia que ela viria atrás da Manu? – Eu fiquei louco da vida, virei minha cabeça para encará-lo. – Como você pôde não me avisar?
- Eu não sabia, eu pensei que sem a minha ajuda ela não conseguiria nada. Ela apenas me disse que já sabia o que fazer, mas não me disse o que seria ou quando seria e eu não quis saber. - Ele tentou se defender, mas isso não era o suficiente.
- Do alto da sua prepotência você não pensou que ela se viraria sem você? – Dei uma risada de escárnio.
- Não, não pensei. Fui prepotente, egocêntrico, arrogante, tudo o que você puder pensar, mas a verdade é essa. – Ele me encarou.
- Pai, mas que tremenda bola fora, hein?! – Lisandra se manifestou do canto da sala onde estava. – Olha, eu se fosse a Manu colocava vocês dois pra fora.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......