“Manuela”
O restante do dia passou como um borrão, com a Olívia e a Lisa tentando me animar com as coisas do casamento, mas eu havia ficado muito triste com a morte do Juliano. Eu passei a vida pensando que éramos irmãos e, mesmo nunca tendo nos dado bem, eu fiquei muito chateada, era uma vida desperdiçada e tão jovem.
- Meninas, posso falar um minuto com a minha filha? – Eu estava na sacada com a Olívia e a Lisa quando o meu pai apareceu. Era início de noite. – Está uma noite linda.
- Está sim. Como o senhor está? – Coloquei a mão em seu rosto.
- Triste, filha, mas foi a escolha dele. – Meu pai lamentou. – Sabe eu também já fiz a minha escolha, quando pedi aquele DNA eu lavei as mãos quanto ao Juliano, mas foi antes da Rita sequestrar você, eu não imaginei que ela seria presa e entregaria tudo pra ele. Não que isso justifique os meus erros, eu fui omisso com ele, a vida toda.
- Pai, você não foi omisso, a Rita não permitia que você o educasse, eu sei disso. Ela nunca te deixou corrigi-lo. – Eu não queria que o meu pai sentisse culpa pelos erros da Rita.
- É, Manu, mas eu deixei a coisa ser assim. Aliás, eu permiti muita coisa. – Meu pai suspirou. – Contudo, eu fiz a minha escolha e vou conviver com as consequências dela, mesmo assim eu ainda tenho muitos motivos para comemorar, tenho dois filhos maravilhosos e a minha filhinha caçula vai se casar, daqui a pouco virão os netos e eu quero ser um bom avô.
- Pai, já está pensando em netos? – Eu ri.
- Sim, e já os cobrei ao Camilo e a Oli também. – Meu pai sorriu. – Filha, eu não posso fazer mais nada pelo Juliano, eu sinto muito a morte dele, mas não é justo que ele e a Rita roubem o seu momento e a sua alegria mais uma vez. Eu já chorei por ele, eu vou sepultá-lo com dignidade e vou dar a notícia para a Rita e acabou. A única coisa que me importa agora é o seu casamento. Eu decidi não chorar mais por ele, Manu, até porque ele não estaria chorando por nós. Agora, me diz você, o que você decide? Vai chorar por quem te fez mal a vida inteira ou vai sorrir pra quem te ama e está te fazendo feliz desde que te conheceu?
Eu entendia o que o meu pai estava dizendo e ele tinha razão. Desde o momento em que soubemos da morte do Juliano o meu sorriso morreu e o Flávio estava tenso e preocupado e não era certo, ele tinha se esforçado tanto para organizar tudo e nós estávamos tão felizes, eu não podia deixar que isso nos afetasse.
- O senhor tem razão, o Juliano nunca foi bom comigo, nunca se comportou como meu irmão. Mas eu sinto tanto por ele. – Olhei para o meu pai buscando por uma resposta que ele não poderia me dar.
- Eu também sinto, mas você realmente vai vestir luto por ele? Você acha que você merece isso, ter sua felicidade deixada de lado mais uma vez? Pense nisso. – Meu pai me deu um beijo na testa e voltou para dentro.
Eu fiquei ali por não sei quanto tempo contemplando a noite que caia estrelada. No fim das contas eu percebi que eu sentia muito pelo Juliano, mas eu não vestiria o luto por ele, como disse o meu pai. Eu olhei dentro do meu coração e eu percebi que eu sentia tristeza por ele ter terminado assim de forma tão brutal, mas a imensa alegria que eu sentia quando me lembrava da noite anterior e quando eu olhava para aquele anel no meu dedo era muito, mas muito maior que a tristeza que eu sentia pela morte do Juliano. E o Flávio merecia os meus sorrisos, não as minhas lágrimas.
Quando eu voltei para dentro do apartamento meu ânimo estava restaurado e a minha decisão estava tomada, nem uma lágrima mais por quem nunca mereceu. Olhei a sala e vi a Olívia e o meu irmão abraçados no sofá rindo da Lisandra que falava como um papagaio pendurada no ombro do meu pai, que olhava para ela sorrindo e atento às suas histórias. Sorri para eles e fui atrás do meu delegado.
Encontrei o Flávio no quarto, lendo recostado na cama. Fui até ele, tirei o livro de suas mãos e me sentei em seu colo, de frente para ele, como sempre fazia quando conversávamos coisas importantes.
- Baixinha, como você está? – O Flávio perguntou enquanto colocava uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
Ficamos ainda um tempo ali abraçados, suas mãos subindo e descendo pelas minhas costas num carinho delicioso que me fazia suspirar. Quando me ergui do seu peito, toda a tristeza e lamento haviam passado. Eu sorri para ele, que me observasse como se eu fosse algo raro e precioso.
- Agora, meu delegado, vamos tomar algumas decisões. – Falei resoluta. – Eu não quero ir para a nossa casa antes do casamento.
- Eu já imaginava isso, mas temos que fazer a mudança, porque em uma semana nós vamos para a fazenda passar o natal, o ano novo e o nosso casamento. – Ele sorriu com as últimas palavras.
- Isso é fácil, vou colocar nas mãos da Mel e da Olívia. – Concluí que era a melhor coisa a se fazer, as duas resolveriam isso facilmente.
- Ótimo! Eu já providenciei o meu terno, as alianças e tudo o mais que cabia a mim, da minha parte como noivo está tudo organizado.
- Que lindo! Então eu tenho que correr. – Dei um beijo nele e saí do seu colo em um pulo.
- Onde você vai? – Ele perguntou confuso.
- Reunir a tropa, temos um casamento para organizar. – Saí correndo pelo apartamento e chamando pela Olívia e pela Lisa, já com o telefone em mãos para ligar para a Melissa, a Cat e a Sam.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......