“Ricardo”
Eu estava ansioso esperando que o meu pai contasse logo o motivo da briga com o Lancaster, assim como os meus amigos que chegaram todos pra frente em suas cadeiras para ouvir o que o meu pai ia dizer. Parecia que ninguém sequer respirava ali.
- Esse diabo não tinha onde cair morto e, veja bem, o problema não é esse, o problema é o quanto ele foi ingrato e cruel com quem estendeu a mão para ele. Ele se tornou o homem de confiança do pai da primeira esposa e se casou com ela, uma mulher delicada e gentil.
- A mãe da Anabel e do Donaldo?
- Isso. Antônia o nome dela. O pai dela confiava no Leonel e ficou tão feliz que entregou os negócios pra ele junto com a filha. Mas o Leonel nunca prestou. Ele desviava dinheiro da empresa do sogro e maltratava cruelmente a esposa. Agredir, trancar, deixar sem comida, sem água, ameaçar e dominar pelo medo, ele sempre fez essas coisas. E sempre teve muitas amantes. A esposa logo se tornou uma mulher triste e sem vida, deprimida. Na época eu cuidava do marketing da empresa e acabei descobrindo as jogadas do Leonel para roubar a empresa. E as amantes. Eu documentei tudo o que pude e levei para o sogro dele. O velho ficou furioso e quando foi falar com o Leonel, pelo que eu soube, enfartou e morreu sem conseguir resolver o problema. O assunto havia ido para o túmulo com o velho. Mas eu ainda sabia.
- E por isso vocês se odeiam?
- Não, é bem mais que isso. Eu resolvi levar a situação da empresa para a Antônia, a mulher dele, afinal, era tudo dela. Quando eu cheguei para visitá-la eu descobri que ela estava trancada, tratada a pão e água há três dias. Ela estava grávida da Anabel, foi um milagre essa menina nascer. Eu chamei a polícia, eles arrombaram o quarto e a Antônia foi levada para o hospital. Ela estava bastante machucada e não perdeu o bebê por muita sorte. Ele batia nela e a humilhava. Ela nunca teve força para se impor.
- Que horror, pai!
- É, é horrível. Mas a Antônia amava aquele diabo, ela não quis prestar queixa e a polícia não pôde fazer mais nada. O Leonel e eu tivemos uma briga feia, chegamos a nos socar e tiveram que nos separar. Depois disso, eu deixei de cuidar do marketing da empresa e ele tentou me destruir algumas vezes, mas nunca conseguiu, então entendeu que a minha reputação mantém a minha base sólida e confiável, ele não pode me destruir. Mas sempre que nos encontramos é desagradável.
- Você ainda tem esses papéis? As provas que você tinha contra ele? – Era tudo muito pior do que eu imaginei. Eu pensava que toda a raiva era advinda de algum problema profissional, mas não, era muito maior que isso.
- Claro que tenho. Olha, Ricardo, esse homem é perigoso, quando eu soube que a Antônia havia se matado eu achei a história difícil de engolir. Ela vivia deprimida, mas até onde eu sabia, não parecia ter tendências suicidas. Então, eu não sei, mas, por favor, tome cuidado. – Eu entendi a sugestão do meu pai e eu teria cuidado.
- Eu vou tomar, pai. Mas eu não vou deixar a Anabel nas mãos dele. Você pode me mandar esses papéis? – Pedi.
- Eu vou levá-los pra você. Eu quero ver essa situação de perto. – E a coisa acabava de ficar um pouco mais complicada, não era o momento de receber os meus pais em casa.
- Pai...
- Nem adianta, Ricardo. Você me convidou, agora já mudou de idéia? – Ele era um tremendo chantagista emocional e apelaria para a velha frase “você não ama o seu pai”, ele sempre fazia isso e eu cedia. Então eu resolvi atalhar a coisa.
- Não, pai, vocês são bem vindos. – Eu suspirei.
- Que bom, nós iremos. Você precisa de algo mais? – Talvez eu precisasse que eles ficassem fora disso, mas eu não ousaria falar.
- Não, pai, obrigado!
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......