“Leonel”
Desde o momento em que aquele exame de DNA foi aberto eu senti como se o chão tivesse sido arrancado de debaixo dos meus pés. Era como se eu estivesse tentando me manter equilibrado sem ter nada em que me apoiar e como se o mundo girasse a uma velocidade vertiginosa a minha volta. Era uma sensação enervante, nauseante, apavorante.
Como isso poderia ser? Eu ainda me lembrava, a Antônia andava me evitando, pelo menos há umas duas semanas antes dela se encontrar com o Alencar eu não a tocava e depois que ela se encontrou com ele, ela me evitou por mais de um mês, até que eu exigi meus direitos de marido. Mas aí ela já estava grávida, então quando ela o procurou ela devia saber que já estava grávida, o Isidoro me confirmou que ela contou para ele que estava grávida. E eu sempre achei que a Anabel fosse prematura, ela era tão pequena e, pelas minhas contas, a Antônia estava apenas com menos de oito meses de gestação quando deu a luz.
E aquela estúpida da Márcia, foi tudo culpa dela! Ela me fez acreditar que a Antônia estava grávida do Alencar. Nossa, como estava quente! Eu afrouxei a gravata e puxei o ar com força para os pulmões, foi como se de repente eu estivesse claustrofóbico. Eu saí da sala de audiências e fui caminhando pelo corredor, ouvindo sons abafados de vozes, mas sem distinguir nada do que diziam a minha volta.
A Anabel era minha filha. Minha filha! E eu quase a matei. Eu a humilhei, a desprezei, a maltratei a vida inteira. Ela realmente não deveria querer ser minha filha, eu era horrível, eu fui horrível com ela. E agora eu já não sabia mais o que pensar, a Antônia me jurou tantas vezes que não havia me traído, será que ela dizia a verdade? Não, isso não, eu não posso ter sido tão cego, tão manipulável. Mas eu ia tirar essa história a limpo, eu ia agora mesmo atrás da Márcia. Eu saí do tribunal e fui atrás da verdade.
- Márcia! Márcia! – A empregada abriu a porta e eu entrei na casa da Márcia gritando por ela, eu não aceitaria mais mentiras.
- Mas que escândalo é esse na minha casa? – A Márcia veio descendo as escadas, com aquele arzinho arrogante que ela sempre teve, sempre foi detestável e invejosa, sempre foi mesquinha.
- Eu quero saber a verdade, Márcia! Agora! – Eu fui até ela e a peguei pelo pescoço.
- Leonel, me solta! – Eu fui apertando os meus dedos em torno da garganta dela.
- A verdade, Márcia, ou eu te mato aqui mesmo. – Eu exigi.
- Que verdade, Leonel? – A voz dela saiu em um fio, agarrada, já meio rouca.
- A Anabel é minha filha. Eu acabei de ver o resultado do DNA. Me explica, sua mulherzinha recalcada! Porque você tinha muita certeza de que não era, você me disse que viu, que ouviu. – Eu exigi.
- Me sol-ta, Leonel. – Ela estava quase sem conseguir falar de tanto que eu apertei o seu pescoço.
Então eu soltei, a empurrei e ela caiu. Ela tossiu, tinha lágrimas nos olhos e os meus dedos marcados em seu pescoço. Ela respirou algumas vezes e se levantou.
- Sua maldita! – Eu falei. – Agora a verdade, Márcia, pelo menos uma vez na sua vidinha de merda de mulher invejosa, diz a verdade!
- Você é louco! Seu covarde! O que você queria, hein? A sua adorada e perfeita Antônia procurou o Alencar, eu precisava cuidar do que era meu. Eu nunca vi os dois juntos, o Alencar não falou que ia me deixar, mas eu queria a Antônia longe. – Ela caminhou em direção a sala e se sentou, ainda se recuperando do safanão que eu dei nela.
- Você inventou tudo! Mas como você soube que ela estava grávida? – Eu queria matar a Márcia.
- Eu não inventei nada! O Isidoro me procurou. Ele me contou tudo! Contou que aqueles dois estavam se encontrando, na casa do pai da Antônia. Uma pouca vergonha! E foi o Isidoro quem me contou que ela estava grávida, grávida de um filho do meu marido! Eu não podia permitir que ela o roubasse de mim. Não mesmo! Então eu te procurei. O resto você sabe, você mesmo separou os dois. – Ela tinha a voz carregada de ódio. A inveja que ela sentia da Antônia estava evidente no tom da sua voz.
- Você não vale nada, Márcia! – Eu joguei na cara dela e saí dali, eu ia enfrentar o Isidoro. Afinal o que ele ganhou com isso, pra quê se meter nessa história?
- Como se atreveu? – Eu o enfrentei.
- Olha, Leonel, a minha intenção era afastar o Alencar dela, que a Márcia fizesse um escândalo e o Alencar se visse obrigado a deixar de apoiar a Antônia. Ela estava decepcionada com você, que sempre foi um péssimo marido. Então eu seria um apoio incondicional para ela, a convenceria a se divorciar de você e ela acabaria ficando comigo. Mas a Márcia é uma estúpida, foi correndo te contar e você fez o que fez, colocou o Alencar pra correr, mas afastou a Antônia de mim também, porque você a trancou naquela casa, você a ameaçou, agrediu. – Ele me acusou e era exatamente isso que eu tinha feito.
- Você destruiu a minha vida, Isidoro. Fez eu odiar a minha filha! – Eu o acusei.
- A Anabel, tão linda quanto a mãe. Se não fosse pela maldita Ilana... eu tinha um plano, ia te oferecer uma troca, ao invés de você mandar a Anabel para o sanatório, eu ficaria com ela e arrumaria tudo para te entregar os bens dela. Mas a Ilana fez o que fez comigo. Você vê, desprezou a sua própria filha e apoiou incondicionalmente aquela ordinária. Quando você vai se dar conta de que protege duas piranhas, Leonel? – O Isidoro me encarou.
- Seu imbecil! Eu deveria acabar o que a idiota da Ilana começou, nem pra isso aquela cretina serve. – Ele me encarou como se estivesse curioso.
Eu saí dali, já não queria ouvir mais nada. Como eu fui tolo, um arrogante convencido. Sempre me achei esperto demais e olha só, estou descobrindo que fui enganado por todos em quem eu confiei. O que ainda faltava acontecer? Como eu ia me entender com os meus filhos? Eu estava ficando sozinho, completamente sozinho. E esse sentimento de estar sozinho ficou ainda mais forte quando eu entrei naquela casa silenciosa.
- O senhor precisa de alguma coisa, Sr. Leonel? – A governanta apareceu assim que eu me joguei no sofá.
- Onde está a Irina? – Eu perguntei.
- A senhora saiu, mas não disse onde iria. – A governanta respondeu naquela voz mecânica e competente e pela primeira vez eu estava feliz em não ter a Irina pairando sobre mim naquela casa, provavelmente ela foi encontrar o amante, mas nem isso me importava.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......