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Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 937

“Irina”

Eu desci do carro sob o olhar atento do Leonel, entrei naquela fila enorme que se estendia paralela ao muro do presídio e achei até que desmaiaria. Até que não seria má idéia passar mal só para sair dali. Eu olhava aquele monte de gente se amontoando ali para entrar naquele lugar decadente e me custava a acreditar que as pessoas realmente fizessem visita nesse lugar.

Eram apenas quatro ou cinco homens, várias crianças e muitas mulheres, mulheres mais velhas, algumas senhorinhas, segurando sacolas enormes. A fila continuava a crescer atrás de mim e era tão deprimente que eu quase saí correndo dali.

- Ih, minha filha, você não vai poder entrar com esse sapato não. – A senhorinha que estava atrás de mim falou e eu me virei.

- E por que não? – Eu quis saber.

- Porque não entra nada de metal e esse sapato tem metal por dentro. Quem você veio visitar? – Aquela senhora me perguntou. Eu a olhei bem, parecia tão pobrezinha e tão velha que eu fiquei até com pena e acabei respondendo.

- Minha filha. – Eu falei unicamente.

- Ah, os filhos... a gente tenta, ensina, coloca no bom caminho, mas aí, às vezes eles esquecem tudo e vão para o lado errado. Eu também vim ver a minha filha. Mãe desse menino aqui. – A senhora apontou o adolescente ao seu lado.

- E ela está aqui há muito tempo? – Eu acabei conversando com a velha para passar o tempo. Também seria melhor estar perto de alguém que conhecesse aquele lugar.

- Três anos e ainda vai ficar muito mais. Se meteu com um homem e por ele fez o que fez. E nem aqui ele pisou para visitá-la. Está vendo? Nem os pais vêm visitar as filhas, marido então, quase nunca, só as mulheres estão dispostas a não abandonar quem ama nesse tipo de lugar. – A senhora falou e eu entendi porque tão poucos homens estavam ali.

- Bom, acho que vou embora, já que não vou entrar com esses sapatos. – Eu comentei já me preparando para sair da fila.

- Não, minha filha, eu não posso deixar você ir embora sem ver a sua filha. Meu neto, dá o seu chinelo para a dona e vai lá em casa buscar outro depressa. – A senhora falou com o adolescente que imediatamente descalçou os chinelos de borracha.

Eu olhei aquilo com certo desespero, eu não queria entrar naquele lugar, mas eu também não queria colocar aquele chinelo nos meus pezinhos delicados. Só que era quase que impossível rejeitar aquela senhorinha com cara de sofrimento.

- Não, minha senhora, não se preocupe, eu volto na semana que vem. – Eu falei, mas ela estava irredutível e balançava a cabeça vigorosamente.

- Não, eu não vou ficar sossegada se a senhora tiver que ir embora sem ver sua filha. Calça o chinelinho, calça. Ajuda a dona, meu neto. – Ela falou e nem esperou que eu respondesse, segurou o meu cotovelo e logo o garoto já tinha se abaixado para tirar o meu sapato e colocar o chinelo no meu pé.

Eu estava me sentindo num pesadelo, com meus pés tão delicados sobre um chinelo de borracha naquele lugar horroroso.

- Olha, e essa bolsona aí não entra também não, pega só a sua identidade, meu neto entrega a bolsa e o sapato para o moço lá naquele carro chique. E pode tirar os penduricalhos também, até os brincos. Vai, minha filha, seja mais rápida porque o portão já vai abrir. – A senhora falou e me agitou.

Mecanicamente eu abri a bolsa, tirei a minha identidade e comecei a tirar minhas jóias e jogar dentro da bolsa, entreguei tudo ao garoto, que saiu correndo, como se estivesse me roubando e eu até pensei em gritar, mas antes que eu abrisse a boca o garoto já entregava a bolsa e os sapatos ao Leonel pela janela do carro.

Quando o portão se abriu o menino já estava ao lado da avó outra vez, segurando aquela enorme sacola. E eu não aguentei a curiosidade.

- Tira o sutiã, madame, que eu resolvo pra senhora. Mas não acostuma, eu só estou sendo gentil hoje porque é a sua primeira vês, está na cara. – Ela me alertou e parecia muito divertida. – Tira o sutiã, madame. Já está me atrasando.

- Tirar, aqui? – Eu perguntei e ela suspendeu a sobrancelha como se gritasse um “lógico”.

Eu tirei a blusa e o sutiã, totalmente constrangida. A mulher pegou o sutiã com aquelas mãos cheias de bactérias e tirou uma tesourinha do bolso, fez um picote no sutiã e retirou o aro e depois fez o mesmo com o outro lado e me entregou a peça.

- Agora pode vestir. – Ela falou simplesmente.

- Você destruiu o meu sutiã! – Eu reclamei.

- Vai continuar me atrasando? – Ela me encarou ameaçadoramente.

Eu vesti aquele sutiã sujo e destruído e depois a blusa. Eu mataria a Ilana com as minhas próprias mãos, isso deveria ser um direito meu, fui eu que coloquei no mundo, deveria poder tirar por me submeter a esse tipo de humilhação.

- Segue as placas, Madame. A visita é no pátio. – A tal Perez abriu a outra porta do quartinho e eu vi a direção que as mulheres seguiam e fui junto. Aquele lugar era deprimente!

Eu logo vi a Ilana, sentada em uma mesa com outras duas mulheres vestidas como ela, só podiam ser presas também. Quando ela me viu ela se levantou depressa e correu em minha direção.

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