“Irina”
Minha vida era tão boa, tudo dava tão certo, até aquela insuportável da Anabel resolver se rebelar e se juntar com o Ricardo. Maldita hora que eu decidi comprar aquela casa, foi à partir dali que tudo começou a dar errado. Agora eu estou aqui, nessa lata de lixo, depois de ter me prostituído, coisa que eu nunca pensei que fosse fazer. Ai que saudade da minha banheira de hidromassagem e dos meus creminhos importados! Mas um dia eu vou me vingar, porque eu não vou ficar presa pra sempre e quando eu sair, Anabel, eu vou acabar com você.
Naquele dia na delegacia eu senti como se a minha vida tivesse acabado. A Valéria entregou aquele vídeo, que eu nem sabia que existia, e contou tudo para o delegado, tudo. Todas as vezes que ela me deixou entrar na casa, o dinheiro que eu paguei a ela por ter me deixado entrar no dia em que eu matei aquela mulher...
Antônia! Eu queria tudo o que era dela, a vida dela era tão perfeita! Morava numa mansão, tinha muito dinheiro, tinha tudo o que queria. O meu erro foi pensar que o dinheiro era do Leonel, porque nunca foi, nem mesmo o sobrenome era dele. E eu tive tudo, por um tempo eu vivi a vida dela. Mas eu não suportava o Leonel, ele era velho demais pra mim, chato demais, e ainda tinha aqueles dois filhos que eu não suportava. Então eu fui criando um plano, eu me livraria de um por um e isso já deveria ter acontecido há muito tempo, se o Leonel não tivesse relutado tanto em mandar a Anabel para o sanatório.
Eu já tinha tudo pronto no sanatório, graças a uma conhecida que se mudou para a Suíça e arrumou um empreguinho de faxineira naquele lugar. Ela mesma ia aplicar uma injeção na Anabel e aí, com a Anabel morta, eu poderia jogar o Donaldo nos braços da Ilana, ela queria se divertir um pouco com ele, antes de matá-lo num acidente de carro. E com os dois herdeiros da Antônia mortos eu me livraria do Leonel e ficaria com absolutamente tudo, o dinheiro, o sobrenome, a casa, tudo.
Quer dizer, quase tudo, porque eu não sabia onde estavam as jóias da Antônia, e ela tinha muitas, mas quando morreu as jóias não foram encontradas. Só umas poucas sem muito valor, que ela usava no dia a dia, que o Leonel guardou e também nunca me deixou tocá-las. O Leonel ficou muito irritado com o sumiço das jóias, ele dizia que tinha jóias seculares, que pertenciam aos Lancaster há gerações. Eu procurei em cada canto daquela casa, mas eu nunca as encontrei. Por fim, depois que o Leonel investigou todos os empregados e nenhum poderia estar com as jóias, ele chegou a conclusão de que a Antônia as guardou em algum lugar que jamais seria encontrado.
Mas assim como eu tive tudo, eu perdi tudo e agora estou aqui, atrás das grades, porque o juiz nem quis saber, determinou que eu ficasse presa até o julgamento porque há o risco de eu fugir. E eu fugiria mesmo, mas acabei aqui.
- Vamos, Pantera, coloca as mãos aqui. – A guarda apareceu na porta da cela, mandando eu colocar as mãos naquele buraco entre as grades para me algemar. Ela ia me levar para algum lugar.
- O que foi agora? – Eu perguntei.
- Você vai para o convívio. Já passou a sua adaptação. – A guarda explicou. – A boa notícia é que vai ficar no pavilhão da sua filha. Como são as coisas, a mãe presa por homicídio consumado e a filha por homicídio tentado. É por isso que dizem que filho de peixe, peixinho é!
Eu achei melhor nem comentar. Seria bom ver a Ilana, ela está nesse lugar já tem tempo e eu só a visitei uma vez. Mas por mim nem teria vindo, aquilo foi só porque o Leonel me obrigou.
Eu fui levada para outra parte do presídio. Me dava agonia ouvir aqueles ferrolhos sendo abertos e depois as portas de ferro batendo e sendo trancadas, ia me deixando nervosa, quase desesperada. Quando chegamos ao lugar onde eu ia ficar, eu tive que passar por uma revista horrível, degradante, parecia até que eu estava passando por uma espécie de exame ginecológico. E depois disso eu fui levada para a minha nova cela, com mais três mulheres que me olharam bastante interessadas.
- Olha aí, gente, essa é a Pantera, veio lá do sobe e desce. Sejam gentis com a nova amiguinha de vocês! – A guarda me colocou dentro da cela e depois tirou as algemas dos meus pulsos.
- Tu veio lá do sobe e desce mermo? – Uma mulher alta e corpulenta, de cabelos curtos me encarou.
- Sim, eu estava lá. – Não adiantaria negar, eu já tinha percebido que as notícias nesse lugar corriam como rastilho de pólvora, até o meu nome de guerra já era de conhecimento de todos aqui.
- Legal! – A mulher sorriu. – Então tu vai ser a putinha do pavilhão.
- Ei, pode parar por aí, Machadão! – Eu ouvi a voz da Ilana atrás de mim.
- Ih, colé, Chiquitita do Apocalipse? A Pantera é aqui do meu barraco. – A tal de Machadão reclamou.
- Mas a Pantera é minha mãe, Machadão. – A Ilana respondeu.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......