Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 155

Então a porta se abriu, vindo na nossa direção, tapando-nos enquanto Ben e Salma entravam.

Levantei imediatamente, ficando de costas para Heitor. Ben fechou a porta e deu de cara conosco, enquanto Heitor terminava de puxar a calça.

- Desclassificado? – Ben olhou para ele, que estava com a rosto próximo do meu ombro direito.

Salma me olhou e deu meia-volta:

- Esqueci uma coisa.

- Salma... Volte aqui! – Ben chamou.

Ela já havia aberto a porta e saído. Ben ficou estático, com várias sacolas nas mãos, nos olhando confuso, sem saber como agir.

- Heitor estava de saída. – falei, tentando encontrar palavras que justificassem a presença dele ali.

- Percebi... Saída pela tangente, você quer dizer – ele riu. – Bem-vindo de volta, Thorzinho.

Heitor me afastou alguns centímetros e disse, com a cabeça sobre meu ombro:

- Boa-noite, Ben!

Ben sorriu e virou as costas, com as sacolas:

-Vou guardar isso aqui. Você fica para o jantar? Ou para dormir, quem sabe? – perguntou antes de adentrar no corredor.

- Pode ser os dois? – ele me puxou pela cintura, fazendo com que eu sentisse sua ereção ainda da mesma forma, não sendo apagada nem pela presença de terceiros.

- Claro, querido. – Ben riu e saiu.

Virei imediatamente para ele:

- Não, Heitor.

Ele seguia com as mãos na minha cintura:

- Vamos terminar o que começamos...

- Não podemos.

- Não aqui. É isso que está tentando me dizer?

- Heitor, nós já conversamos.

- Bárbara, sempre que nos encontramos, acabamos da mesma forma, um nos braços do outro. Acha mesmo vamos conseguir ficar longe por tanto tempo?

Me afastei e disse:

- Eu vou embora, Heitor.

- Embora? Como assim?

- Vou ficar um tempo fora.

- Onde? – perguntou, aturdido.

- Longe... Muito longe.

- Isso é mentira, não é mesmo? Você quer me testar e saber o quanto consegue fazer-me sofrer?

Abaixei os olhos, tristemente:

- Eu já disse, não há possibilidade de seguirmos com isso.

Ele ficou um tempo me encarando com seus olhos verdes brilhantes e depois abaixou a cabeça:

- Talvez eu mereça tudo isso... Mas não pelo que eu fiz para você e sim pelo que fiz com outras mulheres – levantou o olhar. – Porque por você eu fiz tudo que estava ao meu alcance.

- Acha mesmo? – ironizei. – E Cindy? Por que ela continua na sua vida?

- Você não tem mais direito de me cobrar nada. Sua escolha já está feita... Aliás, já estava há um tempo pelo visto.

- Como tem coragem de me dizer isso?

- Cansei de correr atrás de você e só receber “nãos” e desculpas sem sentido. Eu nunca fui assim. Como você, eu também tenho amor próprio. Bárbara Novaes foi a primeira mulher que me fez correr atrás dela como um cachorro... E também a última. Não me apegar é o melhor que tenho a fazer – ele riu, ironicamente, me encarando. – Você é a porra de uma covarde.

- Você mal me conhece. Não tem direito de me acusar.

- E você não tem o direito de me fazer mil exigências e nunca estar satisfeita com nenhuma delas. Quer sempre mais e mais. No final, serei o que você fez de mim e não eu mesmo. E não quero isso.

- Eu não sou covarde. – Afirmei, confusa.

- Pouco me importo – ele foi em direção à porta. – Viva a porra da sua vidinha como quiser, fugindo de tudo, julgando as pessoas e achando que é melhor do que todos.

- Eu nunca fiz isso! – Alterei tom de voz alto.

- Não vou mais procurá-la. E esqueça que um dia cruzei o seu caminho.

Ele abriu a porta e saiu. Eu fui atrás dele:

- Vai fazer o que? Voltar para a loira do pau do meio? – Questionei, furiosa.

Heitor virou-se na minha direção:

- Você não tem nada a ver com isso. Já fez sua escolha e ela não me inclui.

- Você nunca a deixou mesmo... Esta é a verdade.

- E você nunca me deu a chance de provar.

- Heitor, você roubou a minha ideia e pôs em prática na “sua” empresa, acabando com a Perrone.

- Não tive má intenção. Eu fiz por... – calou-se.

- Pelo que você fez?

- Eu fiz por amor. Mas você não entende o que é isso.

Senti meu coração bater tão forte que conseguia escutar o som dele fora do meu corpo. Ele disse amor? Na minha frente e não gritando furioso dentro de uma sala enquanto quebrava tudo?

- Eu entendo o que é isso.

- Você não quer migalhas e eu não quero alguém aos pedaços, completamente insegura. Não está preparada para um relacionamento. Aliás, não é questão de estar preparada. Você “não quer”, porque acha que vai ser da mesma forma que foi no passado.

- Eu sinto muito que esteja sendo desta forma, Heitor. Mas não consigo aceitar aquela mulher na sua vida.

- Sim, mas eu preciso aceitar Sebastian – deu um meio sorriso irônico. – Adeus, Bárbara. Posso ser desclassificado, mas você é uma hipócrita.

Ele desceu as escadas e eu fiquei ali, imóvel, sem conseguir dar um passo, sentindo meu corpo começando a tremer inexplicavelmente.

Sentei no primeiro degrau e deixei as lágrimas caírem, queimando minha face que ardia como fogo.

Sim, eu era a porra de uma covarde que não tinha coragem de lutar pelo que eu queria. Era forte com qualquer situação, menos com relação ao amor.

Eu pedi que ele fizesse várias coisas com relação à Cindy, mas não sei se era esse o real empecilho que existia. O medo tomava conta de mim. Gostar de Heitor da forma como eu gostava me assustava. E eu não conseguia dizer aquilo para ele. Meus sentimentos não conseguiam ser expressados em palavras e até meus próprios pensamentos com relação àquilo eu tentava afastar.

Sim, eu o comparava com Jardel. Mas ele não era o meu ex. Tudo com Heitor era diferente... Até o meu sentimento, que era mais intenso do que tudo que já senti. E eu tinha medo de um dia amar mais ele do que eu mesma e me acabar de vez por conta de um relacionamento.

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