Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 156

Ben sentou ao meu lado. Deitei a cabeça no ombro dele, que abraçou-me, apoiando a cabeça sobre a minha.

- Ele me chamou de covarde.

- E eu concordo com ele.

- O que eu faço?

- Vai atrás dele.

- Não... Não consigo. Eu tenho medo... E o que ele fez com a Perrone ainda ecoa na minha cabeça.

- Talvez realmente não esteja preparada para dar este passo com ele.

- Eu o amo.

- Não adianta dizer para mim, nem para si mesma. Precisa contar a ele.

- Talvez eu nunca consiga... Como se isso fosse sinal da minha fraqueza.

- Vai perdê-lo.

- Quando vamos partir?

- Estou com tudo organizado para no máximo quatro dias.

- Já avisou o síndico?

- Sim. Ele disse que o aluguel está pago até o final do mês. Mas parece que já teve alguém interessado pelo nosso apartamento. A possibilidade de estar nos esperando quando voltar é quase impossível. – ele olhou para a porta do nosso lar.

- Isso também me dói. Foi uma vida aqui.

- Boas e más lembranças... Mas sempre estivemos juntos.

- Onde Salma foi?

- Eu... Sinceramente não sei. Talvez tenha esquecido de comprar algo.

- Ela não deve ficar subindo e descendo as escadas. E o repouso?

- Você sabe muito bem como ela é. Não obedece a ninguém.

Suspirei, triste, chateada e parecendo sentir o peso do mundo na minha cabeça.

Eu quase havia feito sexo oral nele, se não fosse Ben e Salma terem chegado. E por que não fiz antes? Nunca mais o tocaria novamente. E sabia o quanto era importante aquilo para Heitor. E nunca quis tanto fazer uma coisa com relação a sexo quanto chupá-lo, da forma como sabia que ele queria.

- Vamos entrar. – Ben me ajudou a levantar.

Fui para o meu quarto, mas não consegui arrumar mais nada. Deitei na cama e por sorte nem Ben nem Salma foram me chamar para nada. Creio que tenham percebido que eu queria e precisava ficar sozinha.

Eu odiava chorar. Mas não consegui me controlar. Chorei por um bom tempo, achando que talvez daquela forma eu conseguisse amenizar um pouco a dor que sentia. Era um misto de sentimentos e indecisões dentro de mim que eu não sabia como agir.

Ouvi uma leve batida na porta e Salma colocou a cabeça para dentro:

- Oi.

- Oi. – Respondi, limpando as lágrimas.

- Eu... Não sei exatamente o que aconteceu, mas o segurança de Heitor está na porta, querendo falar com você.

Levantei imediatamente. O que Anon queria comigo? Será que Heitor... Havia pedido para eu ir até a casa dele? Ou mandou algum recado? E se tivesse acontecido algo com ele?

Fui quase correndo até a porta e vi o homem alto e corpulento, usando seu habitual terno preto impecável.

- Anon? – parei na frente dele, olhando para cima, parecendo ainda menor do que eu já era.

- Senhora Bongiove – ele fez um gesto de cumprimento com a cabeça, sério e profissional. – O senhor Casanova mandou entregar-lhe isto.

- Obrigada – peguei a caixa de papelão redonda, com um laço branco decorativo. – É um presente?

- Eu não sei – ele deu um leve sorriso. – Boa noite.

Anon virou as costas e se foi. Fiquei ali, parada na porta, olhando para caixa, curiosa. Mas ao abrir, vi minhas três calcinhas, dobradas e ao centro uma embalagem pequena de veludo. Abri e dentro estava o anel que agora eu reconhecia: de minha mãe. Era um dos que estava na caixa e certamente o que havia sido dado em troca do meu aborto.

Com tantos anéis que tinham por que Heitor escolheu justo aquele? Como o destino gostava de me pregar peças.

Fechei a porta e sentei no sofá. Retirei cada uma das calcinhas, olhando e recordando do momento como foram tiradas. E quando peguei a última, debaixo dela tinha um pequeno bilhete dobrado, onde estava escrito:

A primeira calcinha que peguei foi com a intenção de guardar de recordação. Quando retirei a segunda, eu já tinha o anel. E decidi que o daria a você quando juntasse dez calcinhas, que representariam uma dezena de vezes que fizemos amor. Deve estar se perguntando por que eu lhe daria o seu próprio anel? Sabia do quanto as joias de sua mãe eram importantes pra você. Então seria com ele que eu a pediria em casamento. Se eu fiquei louco? Talvez. Ainda assim eu prefiro ser um louco corajoso e que se arrisca do que alguém que se esconde com medo dos próprios sentimentos. Houve uma vez que eu não acreditava no amor. Até conhecer você, que virou minha cabeça e me fez conhecer este sentimento. Desisti do pedido e de “nós”. Faça o que quiser com tudo isso. Sinceramente, nada do que tem aí me interessa mais. Estou enviando junto um envelope e nele está o cheque com tudo que foi arrecadado com a venda dos rótulos até agora. Caso queira acessar a sua conta, venha até a North B e procure o setor financeiro. Boa viagem. E se eu encontrá-la novamente, fingirei que jamais a vi em toda a minha vida.”

O bilhete não estava assinado. E nem precisava. Eu sabia exatamente de quem era. Aquilo acabou comigo e o que restava do meu coração. Se ele tivesse me dado um tiro não teria doído tanto e a possibilidade de me recuperar do ferimento era mais fácil do que de reconstruir meu coração.

E o pior de tudo era saber talvez ele me odiava e se ainda não tinha aquele sentimento dentro de si, em breve seria no que se transformaria o amor dele.

Peguei a caixa e levei comigo para o quarto. Ouvi música vindo do quarto de Ben e imaginei que ele estava arrumando suas malas.

Salma, por sua vez, estava no telefone e tenho certeza de que era falando com Daniel.

Eu? Fui para o meu quarto afogar as mágoas novamente.

Deus, o que eu estava fazendo com a minha própria vida? Perdendo o homem que eu amava por conta de um orgulho bobo que eu nem sabia se valia a pena. Afinal, vivi oito anos sem saber o que era isso: orgulho, amor próprio, felicidade. Mas infelizmente, era exatamente este ponto que me deixava completamente indecisa e amedrontada de seguir ou não. Afinal, Heitor havia deixado tantas dúvidas, feito tantas porras, que me impediam de me jogar de cabeça. Sim, talvez eu tenha “só molhado os pés” naquela relação, como ele chegou a afirmar. A questão é que eu já havia me afogado anteriormente, por isso minha fobia de água... Ou seja, amor.

Enfim, acho que tudo deu errado. E talvez era para se assim. Afinal, odiei ele à primeira vista. Então não foi um caso romântico de amor à primeira vista e sim ódio. O problema é que aquele sentimento mudou completamente em pouco tempo e tomou conta de mim. O que levei daquilo? O sexo foi perfeito e jamais me senti tão bem e livre ao lado de um homem no ato sexual.

Heitor se importava com o meu prazer, com o que meu corpo sentia ao toque do dele. Me fez ver estrelas e ter orgasmos que jamais imaginei ter antes, daqueles que faz você gritar, revirar os olhos e pensar que seu corpo e o coração jamais voltarão ao normal novamente.

Jamais eu aceitaria novamente fazer sexo sem estar com vontade, sentindo um pau entrar rasgando não só minha boceta, mas também a minha alma, me deixando pensar que transar era algo ruim e sentir prazer era impossível. Cheguei a pensar que a endometriose era a culpada por tudo, quando na verdade era a porra do parceiro que escolhi, que além de acabar com a minha vida, deixou marcas no meu corpo. Hoje eu entendia literalmente o sentido da palavra “estupro”. Foi assim que vivi por no mínimo uns seis anos da minha vida. E ainda tentava entender o que me levou a aceitar tudo que Jardel fez, sendo que sequer o amava. Medo, insegurança, autoestima inexistente, abuso psicológico, abuso físico, me botar em risco de vida... Nem todos os antidepressivos e anti ansiolíticos eram capazes de fazer eu passar uma borracha naquele passado que me assombrava, por mais que eu quisesse esquecer.

Por isso vinha a insegurança e o medo de me relacionar com Heitor e passar por tudo de novo. Se eu sabia que ele era diferente? Claro que sabia. O problema era minha mente entender aquilo.

Por hora, a viagem era o melhor a fazer. Me afastar talvez fosse o remédio que eu precisava, para voltar forte e enfim poder dizer sim, sem fazê-lo pagar por algo do qual ele não tinha culpa: meu passado.

Eu não disse que amava Heitor, quando todo meu corpo e minha alma pertenciam a ele... Eu não o chupei, quando tudo que minha boca queria era o pau dele... E eu não morreria sem sentir o gosto de sua porra e minha língua no seu pau.

Aquele homem simplesmente era o remédio para todas as minhas doenças e ao mesmo tempo ao ler a bula, detalhava tantos efeitos colaterais que fiquei insegura e deixei a caixinha de lado, com medo.

Como certa vez disse meu psiquiatra, quando temi tomar o medicamento tarja preta em função do que poderia me causar:

- Naquela bula existem absolutamente “todas” as possíveis reações que o medicamento pode causar. Não necessariamente você irá ter aqueles sintomas ao usar o remédio. A maior probabilidade é que não os tenha e se tiver, serão alguns, nos primeiros dias. Depois se acostumará e o benefício que eles lhe trarão farão com que não haja mais dúvidas com relação à sua eficácia.

Ok, Heitor. Você foi o início do tratamento. E deu várias reações adversar nas primeiras doses. Então vou deixar a caixinha de lado, sabendo que preciso tomar para me curar, ao mesmo tempo que procuro segurança para fazer uso regularmente e seguir o tratamento.

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