Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 167

Quando cheguei ao hospital, quase uma hora depois da ligação de Ben, encontrei ele e Daniel na recepção. Assim que me viram, os dois vieram ao mesmo tempo na minha direção e me abraçaram com força. Percebi os olhos avermelhado de Ben, que certamente havia chorado e a expressão de tristeza no semblante da Daniel.

- Como ela está? Me digam que está tudo bem.

- Não está tudo bem. – Daniel comprimiu os lábios, tentando não os fazer tremerem como quando iniciou a frase.

- Há notícias? Maria Lua já nasceu?

- Só nos mandam esperar, esperar e esperar... – Daniel continuou aflito.

Olhei para Ben, que limpou a lágrima teimosa que tentava cair. Fui até ele e o apertei contra meu corpo:

- Pode chorar se quiser. Não segure isso para si. Eu vou estar aqui e pode usar meu ombro.

- Ela vai conseguir. Eu sei que vai. Ela fez tudo certo... Tudo. – Ele disse.

- Pensei a mesma coisa. Claro que Deus não deixaria um bebê recém-nascido sem mãe, não é mesmo? Quem vai cantar “You are my Sunshine” para ela? – sorri. – Eu não tenho dom para ser cantora.

O afastei com delicadeza e respirei fundo, indo até a recepção. Meu coração estava com os batimentos estranhos e meu corpo fraco, como se não respondesse aos comandos do cérebro. Tudo parecia acontecer em câmera lenta.

Eu tentava ser forte. E seria até o fim. Porque eu acreditava sim que tudo daria certo. Eu era a porra de uma mulher que perdeu a mãe ainda adolescente e nada nem ninguém tiraria a única coisa que eu tinha como lembrança da infância, adolescência e uma vida inteira; Salma: minha irmã do coração e de alma.

Fui até a recepção e perguntei, querendo gritar e fazer-me ouvir por todo o hospital:

- Quero saber de Salma... – saiu a voz fraca e embargada, que quase não foi escutada por mim mesma.

- Eu vou ligar para o médico que está acompanhando-a. Só um minuto. Vou verificar se há novas notícias. – A atendente foi simpática.

Enquanto ela pegava o telefone, um médico apareceu:

- Familiares de Salma. – falou em voz alta.

Fomos os três imediatamente até ele, todos ansiosos e temendo o que diria.

- Vamos ter que tirar o bebê através de cesariana. O caso dela é complicado e mesmo prematura, há mais chances de a criança conseguir fora do útero.

- E Salma? – perguntei.

Ele balançou a cabeça:

- Ela está consciente. Mas o caso dela é grave. Não estamos conseguindo estabilizar a pressão. Salma já está na sala de parto e toda equipe pronta para iniciar a cesariana. Ela tem direito a um acompanhante, para assistir ao parto. E ela faz questão disso.

- Eu! – Daniel se manifestou, já indo em direção ao médico.

- Ela pede por Bárbara. – Ele me olhou. – Deve ser você, não é mesmo?

- Sim... – senti um nó na garganta.

- Sinto muito, papai. – disse o médico. – Acho que fazer o que ela pede neste momento é importante.

O médico parecia tão sensível quanto nós e aquilo não me deu uma boa sensação. Será que agia assim porque sabia que minha amiga não resistiria?

- Claro... – Daniel pegou minha mão e olhou nos meus olhos. – Diga que estou aqui, torcendo por ela. E que a amo.

- Vou dizer – olhei para Ben. – Você estará lá, junto de mim.

- Salma sempre foi forte... Ela fez tudo certo... – ele insistiu nas mesmas palavras – Diga que vou castigá-la por este susto que está nos dando. Ela vai dançar Macarena no palco no dia do meu casamento.

Sorri:

- Pode deixar!

Segui o médico pelo corredor, tentando encontrar forças de onde eu nem sei se tinha. E se acontecesse o pior? Eu estaria ali, vendo tudo? Eu... Não suportaria. Respirei fundo, suspirei, tentando engolir o nó na garganta e a sensação de mal-estar e vontade de me acabar em lágrimas.

Entrei numa sala, onde colocaram uma roupa como a dos médicos sobre a minha. Calçados esterilizados, touca e enfim eu estava pronta.

Segui a enfermeira, entrando na sala de parto. Só identifiquei o médico que havia me buscado, mas tinha várias outras pessoas ali, todas vestidas com o mesmo uniforme azul.

Alguém me encaminhou para trás do tecido branco que cobria parte do corpo de Salma e consegui ver o rosto dela.

- Você pode ficar aqui – disse a enfermeira – Se quiser tocar a mão dela, também pode.

Olhei para as mãos de Salma, atadas, sem que pudessem se mover. Em seus pulsos, acesso e outros equipamentos médicos.

Ela abriu os olhos e percebi uma lágrima escorrendo:

- Obrigada... Por vir.

Toquei a mão dela, pegando seus dedos. Percebi que os médicos se voltaram todos para ela.

- Vamos conhecer esta garotinha então. – Um dos médicos disse.

- Estou acompanhando aqui, doutor. Sem queda da pressão. Segue estável... Alta. – O anestesista acompanhava pela tela os equipamentos que estavam anexados ao corpo dela.

- Promete que vai cuidar dela? – ouvi claramente a frase. – O nosso raio de sol...

- “Você” vai cuidar dela. Porque vai dar tudo certo, ok?

Percebi que seu peito parecia fazer esforço para respirar.

- A acompanhante assiste ao nascimento e sai da sala assim que isso acontecer. – Avisou o médico.

- Salma, querida, evite falar. A pressão está subindo um pouco. – O anestesista falou, acompanhando os batimentos e pressão.

- Só confio em você para cuidar como eu... Amigas... Para sempre.

- Para sempre. E juntas, entendeu?

Deus, eu não sabia como estava conseguindo. O meu peito doía tanto que achei que pudesse estar passando mal também. Mas não queria chorar na frente dela, deixando transparecer que algo estava errado e que isso me amedrontava.

- Me perdoa... – ela pediu, tocando os dedos nos meus.

- Não há motivos para isso. Eu amo você.

- Perdoa... – ela fechou os olhos. – Eu não sabia... – outra lágrima rolou, grossa.

- Pressão subindo rápido demais, Salma. Por favor, precisa se acalmar – pediu o anestesista – Tente relaxar – ele aplicou uma injeção no aceso que ela tinha no pulso. – Se não ficar calma, retiraremos a acompanhante da sala.

- Ouviu o médico, Salma. Não fale... Por favor. Vai dar tudo certo, com você e Maria Lua.

- O pai dela... É Heitor. – Ela falou com dificuldade. – Precisa fazer com que ele saiba...

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