Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 171

- Ela só precisa disso: amor e carinho. E acompanhamento médico. Gostaria de seguir acompanhando o desenvolvimento dela.

- Maria Lua é uma guerreira, como a mamãe. – Falei.

- Ainda não chamei o pai. Ele não sabe o que aconteceu.

- Ele não é o pai – falei. – Era o namorado de Salma.

- Entendo... Então... Você é familiar?

- Amiga.

- Onde estão os familiares dela?

- Longe. E eles não tem capacidade financeira nem emocional para cuidar da bebê.

- Então eu acho que temos um problema aqui.

- Como assim? – arqueei a sobrancelha, confusa.

- Se despeça da bebê e vamos conversar um minuto ali fora. – Ela disse.

- Tudo bem. – Concordei, ainda tentando entender o que ela queria dizer.

A médica saiu e a enfermeira permanecia ali, sentada, fazendo algumas anotações.

Olhei a menina perfeita aconchegada a mim e um misto de sentimentos se apossou de todo meu ser. Era a sensação de perda com a euforia de chegada de uma criança. Eu tinha vontade de gritar, chorar e ao mesmo tempo sorrir sozinha.

- Eu vou cuidar de você, Raio de sol... – beijei a face virgem, de pele tão macia quanto algodão – Posso jurar que tive um “imprinting” no primeiro momento que a vi.

A enfermeira levantou e veio até mim:

- Hora de ela descansar. Será alimentada e descansará um pouco. O parto não é só cansativo para a mamãe, mas também para o bebê.

Fiquei um pouco apreensiva de entregar Maria Lua para ela, que teve que fazer certa força para retirar a menina dos meus braços.

- Prometo que ela será bem cuidada. Não se preocupe.

Ela colocou-a de volta no berço.

- Não é melhor cobri-la? – perguntei.

- Não precisa. O ar está ligado em temperatura ambiente. – Sorriu.

Saí dali insegura, andando devagar, como se não fosse correto deixar aquela coisinha tão pequena sozinha num berço. Mas estava curiosa quanto ao que a médica queria dizer-me.

Assim que cheguei do lado de fora da maternidade, ela me levou até a sala da recepção, onde eu estava anteriormente.

- Sei que sua cabeça deve estar um turbilhão neste momento. E antes mesmo de você chegar, Salma já dizia que deveria cuidar da bebê. Acho que ela temeu que pudesse morrer antes de lhe pedir.

- Mas... Ela conseguiu dizer. – falei, sentindo a voz embargada.

- Se o homem lá fora não é o pai, a menina será registrada somente no nome da mãe? Isso dá direitos à família de Salma, futuramente. Queria alertá-la sobre isso.

- Há algo que eu possa fazer para evitar?

- Infelizmente não. Mas você sabe quem é o pai?

Sim, você também sabe, tenho certeza. Pensei. Afinal, todos em Noriah Norte conheciam Heitor Casanova.

- Sim. – Respondi, o nó na garganta voltando.

- Aconselho que ele registre e o nome esteja na certidão. Evitará problemas futuros.

- Obrigada pelo conselho. Mas ele não vai registrar. – Garanti.

Porque eu não deixaria Heitor registrar a bebê. Ele não teria direito nenhum sobre ela. Deixou minha amiga sozinha durante a gravidez, sequer lhe deu apoio financeiro... Em momento algum se preocupou com o que seria dela e da criança.

- Não teme a família da mãe querer a guarda?

- Não. Eles sequer sabem sobre a gravidez de Salma. Jamais quereriam outra boca para alimentar – garanti – O pai está fora de cogitação. Ele não vai sequer tocar na bebê... Nunca.

- Mas...

- A decisão é minha. – Fui um pouco ríspida.

Por Deus, meus nervos estavam a flor da pele e a médica enchendo minha cabeça de preocupações sem sentido, como a família de Salma querer Maria Lua. Sequer quiseram a própria Salma, o que quereriam da filha dela? Eram pessoas de mau caráter, doentios, interesseiros, ladrões, abusadores...

- Ok, se é assim que você quer... Realmente não tenho nada a ver com isso. Só quis ajudar.

- Obrigada pela boa intenção. Quando Maria Lua vai embora? – Imediatamente troquei de assunto.

- Eu ainda não sei. Depende de como ela vai reagir a partir de agora.

- Posso ficar aqui?

- Não é preciso. Vá embora e descanse. Você também precisa.

- Não... Não vou me afastar da bebê.

- De nada adianta ficar aqui. Você não vai poder ficar com ela, no berçário.

- Ainda assim... Vou ficar no hospital.

- Amanhã eu volto para vê-la. Então talvez já tenha uma previsão de alta. Ela está com pouco mais de dois quilos apenas. Certamente não vai ser amamentada no peito. Vamos ver como tudo se encaminha, ok?

- Posso... Voltar lá e ficar olhando-a pelo vidro?

- A maternidade fica aberta 24 horas... Mas você não tem acesso ao interior dela todo este tempo. Mas poderá vê-la pelo vidro, sim.

- Está bom para mim.

Ela se foi e eu fiquei ali uns minutos, tentando saber exatamente o que eu pensava naquele momento. Mas passavam tantas coisas pela minha cabeça, que chegava a dar uma sensação estranha, como se estivesse beirando a loucura.

Fui novamente pelo caminho que dava na maternidade.

Parei, com as pernas se recusando a se movimentarem, quando percebi Daniel e Ben olhando pelo vidro, acenando para nosso pequeno raio de sol.

Os olhos de Ben encontraram os meus. Eu não tinha certeza se ele sabia ou não sobre nossa amiga.

Ele veio até mim. Parou na minha frente, sem dizer nada. Abri meus braços e ele se agarrou a mim. Foi um abraço forte, apertado, cheio de sentimentos.

- Nossa filha é linda – ele disse no meu ouvido, ainda sem se afastar. – Como está Salma? Me diga que ela está bem, se recuperando.

Senti o coração apertar e acelerar pela milésima vez naquele dia. Não, a porra do médico deixou para eu dar a notícia.

Agarrei a roupa dele com força, impedindo que ele se movimentasse, de antemão:

- Ela não resistiu. – Eu disse, sem respirar.

Ele tentou se desvencilhar, mas eu não deixei. Precisava do cheiro dele, do coração batendo junto do meu. Por mais força que ele fizesse, eu não o deixava sair dali, me movendo junto dele, com a força que emanava de seu corpo, que tentava se soltar de mim, inutilmente.

- Não, não é verdade... Não é... – Ele disse.

Eu não tive palavras. E sabia que não precisava.

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