Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 174

- Sim. – Menti.

Senti um frio na barriga ao pegar o pequeno envelope e abrir, com as mãos trêmulas, não sei se pelo medo do que tinha escrito ali ou por meu corpo estar exigindo atenção, prestes a cair a qualquer momento.

Bem-vinda à Noriah Norte, desclassificada. Espero que tenha se curado da bebedeira. Podemos jantar juntos hoje? A saudade está acabando comigo.

Sentei no sofá confortável, pois estava completamente fora de mim, a ponto de desmaiar.

- Está pálida. – Daniel disse. – Tudo bem?

Assenti, com a cabeça, incapaz de dizer qualquer palavra.

- Ela passou bem a noite? – ele se referiu à Maria Lua.

Confirmei com um gesto, sem palavras. Ele foi andando até o vidro e ficou ali, observando-a.

Ben sentou ao meu lado:

- Foi ele que mandou?

- Sim. – Respondi mecanicamente, mostrando o bilhete.

Ben leu e suspirou:

- Sei que a mentira tem pernas curtas, mas precisa acabar de vez com isso, Babi. Mesmo que vocês fiquem juntos, criando Maria Lua lado a lado, qualquer coisa que acontecer, ele vai usar a menina contra você. Gosto dele, mas não o conhecemos o suficiente. Sequer sabemos qual vai ser a reação dele.

- Eu sei. Ele me colocou no telefone com Bon Jovi – expliquei – E já mandei ele não me procurar mais. E ele me mandou um buquê de rosas – levantei os ombros, confusa – O que eu faço, Ben?

- Vamos ter que ir embora, Babi. Para longe de Noriah Norte.

Uma vez, quando vivi um relacionamento abusivo e tóxico por oito anos, pensei que saí dele completamente destruída psicologicamente. Meu coração estava em pedaços e jamais imaginei que conseguisse juntar os pedaços novamente. Exatamente naquele momento, olhando para o nada e ao mesmo tempo enxergando dentro de mim mesma, percebi o que era destruição de verdade. O estrago foi tão profundo que não eram pedaços do meu coração. Ele foi transformado em pó.

Não estou bêbada hoje, assim como não estava ontem. Obrigada por Bon Jovi. Eu tinha pedido um tempo. E me encontrei. E não há espaço para você, nem qualquer outra pessoa. Esqueça que um dia nossos caminhos se cruzaram. O problema não é você, sou eu.

Bárbara.

E foi assim que, amando-o mais do que a mim mesma, mesmo jurando que jamais deixaria aquele tipo de sentimento tomar conta de mim novamente, enviei de volta o buquê para a North B. com o bilhete destruindo nosso encontro desastroso e o relacionamento que creio que nunca tenha realmente começado.

Algum tempo depois fui até a cantina do hospital, tentando colocar algo no estômago. Mas não consegui. Nada descia pela minha garganta sem doer. Remexi a comida e fingi que ela entrou no meu corpo antes de voltar para a sala da recepção da maternidade.

Ben estava olhando nossa pequena pelo vidro quando cheguei:

- Ela não é a coisa mais linda que você já viu na vida?

- Sim. – Confirmei.

- Agora você vai pra casa. Precisa dormir um pouco. Sua cara está péssima.

- Eu não vou sair de perto dela.

Ben pegou meu queixo e me fez encará-lo:

- Eu cuidarei da nossa filha tão bem quanto você, entendeu? Você não pode ser uma boa mãe se não estiver disposta e saudável quando ela precisar.

- Eu... Estou disposta. – falei confusa.

- Parece um zumbi.

Eu ri:

- Sua sinceridade às vezes me perturba.

- Desculpe ser sua consciência algumas vezes.

Deitei minha cabeça no ombro dele, olhando a pequenina criatura se remexendo sem parar:

- Vamos dar conta disso?

- Vamos – ele pegou minha mão, deitando a cabeça sobre a minha. – Talvez estejamos fazendo tudo errado, mas é com intenção de acertar.

A pediatra estava chegando. Antes de ela entrar na maternidade, fui até ela rapidamente, interceptando-a no corredor:

- Boa tarde, doutora.

- Boa tarde, Bárbara. Você já dormiu?

- Sim. – Menti.

- Sua cara diz o contrário. – Ela falou.

Olhei para Ben, que disfarçou um sorriso debochado com a mão, tapando a boca.

- Quando poderemos levar Maria Lua embora? – perguntei.

- Amanhã cedo vou assinar a alta de Maria Lua – ela sorriu. – Apesar da prematuridade em 4 semanas, a bebê está bem. Não precisou oxigênio, está respirando sozinha e aceitou a fórmula como alimentação.

Senti meu coração bater forte e uma sensação de alegria invadindo meu corpo. Ben deu um pulo de alegria enquanto acenava para os bebês pelo vidro.

- Podem ir embora agora. – disse a médica. – Ela estará bem cuidada aqui. Não podem acampar no hospital.

- É proibido ficarmos? – perguntei.

- Não, na recepção da maternidade não é proibido. Mas não tem necessidade, entende?

- Entendo. Mas vou ficar igual. – Sorri.

Ela balançou a cabeça, discordando e entrou pela porta.

Eu e Ben ficamos observando enquanto ela examinava os dois bebês que estavam ali, mais Maria Lua.

- Que acha de chamarmos ela de Malu? – Ben perguntou, pegando minha mão.

- Não acha que Salma gostaria que chamássemos ela de Raio de Sol?

- Se fosse assim ela não teria botado o nome dela de Maria Lua e sim de Maria Sol. – Ele enrugou a testa, confuso.

Eu ri:

- Ok, oficialmente se chamará Maria Lua, apelido, Malu e nas horas que acharmos ela tão fofa a ponto de não termos palavras para definir, usamos raio de sol.

- Combinado. – Ele levantou a mão para eu bater nela, em sinal de selarmos nosso trato.

- Acha que temos maturidade para criar um bebê, Ben?

- Você eu não sei. Mas eu sim. Ainda me pergunto como Salma foi capaz de mandar justo você cuidar da filha. – Ironizou.

- Ben, amanhã à noite, quando estivermos bem e enfim na nossa casa, iremos ao Hazard.

- Fazer o quê?

- Brindar a passagem de Salma.

- Faremos isso. Eu aposto que ela gostaria que fosse assim.

- E Daniel? O que vamos fazer com ele?

- Em primeiro lugar, jamais contar a verdade sobre Heitor ser o pai da criança.

- Concordo.

- O resto a gente espera para saber como vai ficar. Afinal, ele tinha um bom relacionamento com ela, mas não conosco.

- Sim, exatamente.

- Agora vai para casa.

- Não. – Me recusei.

Estava voltando para a sala de espera da maternidade quando meu celular bipou. Era uma mensagem:

Maldito dia que eu decidi dar uma chance para os meus sentimentos.

Esta porra de amor não existe.

Por isso sempre preferi uísque à sentimentos.

Vocês mulheres são todas iguais. E você não é uma exceção.

No fim, Bárbara Novaes foi só mais uma que passou pela minha cama.

Faça bom uso do seu precioso tempo, sendo a covarde que sempre foi. Entendo agora porque seu ex nunca conseguiu largar o vício: você é a própria droga.

Já esqueci que um dia nossos caminhos se cruzaram.

Apague meu número do seu celular. Não ouse passar na calçada da North B. E se quiser seus direitos pela ideia idiota dos rótulos, me bote na Justiça.

Não ouse sequer frequentar o mesmo ambiente que eu, ou a destruo.

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