Ficamos todos em silêncio.
- Por que você tem que ser tão sensato, porra? – Ben não aguentou as lágrimas – Eu chamei você porque era a única pessoa que poderia nos ajudar e não revelar nosso segredo, em função de amar Babi. Agora você... Joga todas estas verdades sobre a gente... Quando tudo que fizemos foi querer ficar com a criança que acompanhamos toda a gestação, que enchemos de amor desde sempre, que... – ele não teve mais palavras, que embargaram junto das lágrimas.
- Eu entendo que não fizeram por mal... Eu detesto Heitor e vocês sabem disso. Mas eu no lugar dele... Acabaria com vocês dois se soubesse a verdade. E os colocaria atrás das grades.
- Você tem razão. – Respirei, limpando as lágrimas.
Ainda tinha um grito trancado na minha garganta, uma dor horrível que eu não conseguia expor ou deixar sair.
- Thorzinho não é ruim... – Ben disse. – Mas... Não queremos nos afastar da nossa filha.
- Ela é filha “dele”. – Sebastian fez questão de repetir. – Não podem esconder isso para sempre. A menina vai crescer. E saberá que não sou o pai, porque... Por mais que eu ame você, Babi, não vou assumir uma criança que não é minha.
- Eu vou contar a verdade – afirmei. – Só preciso de um tempo... Por favor.
- Quanto tempo?
- Eu não sei, porra.
Fui até meu quarto, completamente confusa, com as emoções à flor da pele, como se eu precisasse urgentemente ver o rostinho da minha filha. Sim, ela era minha filha... – as lágrimas escorriam grossas e quentes pela minha face.
O que eu sentia por ela era maior que qualquer coisa que já senti na vida. Só de pensar em me afastar, doía meu peito de uma forma inimaginável.
Sentei sobre a cama, alisando o rostinho perfeito, quente, doce:
- Eu amo você. – falei.
Senti braços me envolverem. Sabia que era Sebastian:
- Eu amo você também, Babi. Não duvide disto. Tudo que faço, é para o seu bem.
- Eu sei...
- O canalha do Casanova merece saber. E você sabe disto, mais do que ninguém.
- Sim.
- Ele gosta de você... Creio que todo o mundo saiba. Não sei o que acontece entre vocês dois, mas tem que ter um fim, principalmente com esta criança em jogo.
- Eu amo Heitor – falei, olhando para o nada. – Eu nunca amei outro homem... A não ser ele. Jardel não foi nada na minha vida... E só descobri isso agora.
- E como fez tudo que fez por um homem que não merecia e agora tenta magoar o que realmente ama?
- Eu não sei... Por que eu sou uma idiota? – ri, em meio às lágrimas.
- Não é por Heitor... É por você. Precisa se dar uma chance, Babi.
- É como se algo me dissesse que eu não o mereço... Que não posso ser feliz, entende?
- Não, não entendo. Porque basta você querer e dizer sim para a felicidade.
- Pode não contar para Milena? – pedi.
- Posso... Até porque duvido que ela entenderia isso tudo, assim como eu tento entender ainda. Mas não vou assumir esta mentira por muito tempo. Heitor precisa registrar sua própria filha e você sabe disto.
- Sim.
Ele me deu um beijo no rosto e abraçou-me por um tempo:
- Eu amo você. E sou grato todos os dias por tê-la na minha vida. Me perdoe se a magoei, mas... Eu sou o irmão mais velho. Tenho o dever de colocar juízo nesta cabecinha de vento. – Sorriu, enquanto tocava com o dedo indicador minha testa.
- Amo você, irmão mais velho... E meu único irmão – sorri – Agora me diga, ela não é linda? – olhei para Maria Lua.
- Ela veio para lhe trazer coisas boas. Olhando este bebê eu sinto algo estranho dentro de mim. E dói... Pela perda que tive. E imagino o quanto Milena sofreu.
- Sim, certamente ela sofreu muito.
- E como você está se sentindo com relação à Salma?
- Dor... Muita dor. É como se estivessem estraçalhado o meu coração.
- E ela não revelou nada sobre como se relacionou com Heitor?
- Falou algumas coisas quando ficou grávida... – fiquei confusa. – Ela fugiu dele todas as vezes que ele esteve aqui, isso é certo. Eu só não entendo o motivo. E disse que não queria que ele soubesse sobre o bebê... E que ficaríamos bem de vida. Como se ela tivesse planejado isso tudo, em função de... Dinheiro. Mas... – enruguei a testa, pensativa – Salma nunca foi assim, interesseira. Por isso não consigo entender tudo isso.
- Mas Heitor sempre transou com qualquer mulher que cruzou o caminho dele. E todo mundo em Noriah Norte sabe disto.
- Eu sinto raiva quando me pego pensando nos dois... – Confessei.
- Não sinta... Se ficar chateada com cada mulher que ele teve na cama, vai odiar todas do país.
- Definitivamente, você quer acabar comigo, não é mesmo, irmão?
Ele riu:
- Vou embora. E relembrando: quero meu nome fora da certidão da bebê.
- Eu já entendi isso. – Revirei os olhos.
- Qualquer coisa, me ligue. Estou num Hotel aqui perto.
- Tem um quarto sobrando aqui.
- Não, não tem. A criança deve ir para o quarto de Salma. Não deve deixá-la dormir com você. Vocês duas precisam de seus próprios espaços.
- Andou lendo sobre bebês?
- Não... Mas andei “lendo” sobre você. – Ele sorriu e saiu.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Como odiar um CEO em 48 horas
Por que pula do 237 para o 241 ?...