Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 179

A primeira mamadeira que eu e Ben preparamos deu o que falar. Não acertávamos a temperatura e a cada gota que ela sorvia do leite, tínhamos medo que se afogasse.

A fralda que Ben trocou vazou de primeira, sendo colocada do lado contrário. Pomada de assadura? Para que serve isso? Quantas vezes ao dia usamos? Ela deve dormir de lado, de bruços ou barriga para cima? É normal ela dormir tanto? Que horas ela abre os olhos?

- Vamos deixar o celular para despertar de três em três horas. Cada um levanta uma vez para preparar o leite. – Ele sugeriu.

- Ok. Mas ela dorme no meu quarto até comprarmos um berço.

- Isso não é justo. Por que não no meu?

- Salma pediu que “eu” cuidasse dela.

- Mas “eu” comprei todas as roupas que ela tem. E “eu” fui com ela no hospital, porque ela quis que fosse assim.

- Mas exigiu “eu” durante o parto.

- Porque você tinha mais tempo que conhecia ela. Se eu a conhecesse há vinte anos, eu seria o escolhido.

- Ela está registrada no nome do “meu” irmão.

- Porque “eu” tive a ideia. Senão ela nem estaria com a gente neste momento.

- Ela dorme comigo e pronto.

- Não mesmo. Vamos tirar no par ou ímpar.

- É injusto. – Reclamei.

- Você sabe que não.

Tiramos par ou ímpar e ele venceu. Fiquei puta:

- Não vou aceitar.

- Vai sim – ele foi até meu quarto e pegou Maria Lua – Amanhã vamos comprar o berço. Você dorme com ela a próxima noite e depois ela vai para o seu próprio quarto.

- Vou botar uma cama lá para mim.

- E eu também. Então vamos dormir os três juntos, no fim. Porque ela vai me chamar de mamãe também e você não vai poder impedir isso.

- Não, não vou impedir – sorri, abraçando-o – É a nossa filha, esqueceu?

- Sim, “nossa”, com o sangue do Heitor e da Salma, e o nome do Sebastian na certidão – ele riu – Legalmente ela é de todo mundo, menos nossa.

- Eu seria capaz de matar e morrer por ela. – Olhei a pequena criaturinha deitada na cama.

- Eu também... – ele me olhou.

Meu telefone tocou no quarto. Já passava da meia-noite. Continuei ali, olhando para o nosso raio de sol.

- Não vai atender? – Ben perguntou.

- Deve ser spam. Quem me ligaria esta hora?

- Sebastian? Hospital? Sua avó? A Polícia?

Corri até meu quarto. Assim que peguei o celular, a chamada encerrou. O número era desconhecido. Pelo menos eu nunca recebi uma ligação dele. Enquanto tentava redirecionar a ligação, chamou novamente.

- Alô? – atendi imediatamente, apreensiva.

- Senhora Bongiove?

- Anon 1? – me preocupei. – O que houve?

- Eu acho que preciso da sua ajuda.

- Heitor? O que aconteceu com ele? – meu coração disparou, fazendo-me ter uma sensação horrível.

- Ele bebeu... Muito. Tentei levá-lo para casa, mas não quis. Agora está na praia... Ou melhor, tentando nadar. Não vou conseguir pará-lo. Preciso da senhora.

- Me passa o endereço de onde estão. Chegarei aí assim que puder. Já vou sair imediatamente de casa.

- Obrigado, senhora Bongiove.

Peguei o endereço ao mesmo tempo que chamei um motorista de aplicativo. Levaria em torno de uns quarenta minutos para eu chegar na praia onde o desclassificado e bêbado estava.

No fim, briguei com Ben para ficar com Maria Lua e acabei deixando-a nas mãos dele. O pai dela precisava mais de mim mais naquele momento. Se aquele doido fizesse alguma besteira eu jamais me perdoaria. Sem contar que ele era o ar que eu respirava. Por mais que eu tentasse afastá-lo, sabia que ele estava bem, onde quer que fosse. Mas a simples possibilidade de ele estar com qualquer problema fazia com que eu ficasse completamente alerta.

Olhava para o relógio e parecia que o tempo não passava e o motorista andava em câmera lenta. Batia meus pés no chão, ansiosa. Liguei para Anon novamente:

- Oi, Anon. Como ele está agora?

- Deitado na areia... Mas respirando.

- Deus!

- Enquanto estiver deitado fico tranquilo. O problema é que logo em seguida ele levanta e vai para a água.

- Acho que ainda vou demorar uns dez minutos.

- Acho que ele não morrerá até lá.

- Anon, você não está me pregando uma peça, não é mesmo? Porque se eu chegar aí e ele estiver bem, eu afogo você no mar.

- Eu jamais faria isso, senhora Bongiove.

- Estou pensando em matar o motorista, para ele deixar de ser uma lesma. – Olhei para o homem pelo espelho, vendo que ficou um pouco assustado.

Desliguei o telefone:

- Ei, desclassificado, é um caso de vida ou morte. Será que dá para você acelerar esta porra?

- Estou indo o mais rápido que posso. Esta via tem limite de velocidade, senhora.

- E quem se preocupe com isso, porra?

- Quem respeita as leis de trânsito?

Suspirei e me remexi ansiosamente no banco. Os quinze minutos levaram vinte e cinco. Assim que ele estacionou atrás do carro de Heitor, eu paguei e fui entrando na faixa de areia, um pouco escura.

Tentava encontrar Anon e Heitor, mas não os via. Conforme andava mais para dentro, em direção ao mar, a escuridão aumentava. Vi ao longe uma minúscula luz. Fui indo até lá, andando contra o vento, que parecia querer me tirar do chão. Estava frio.

Conforme me aproximei, percebi que saía fumaça da minúscula luz. Era Anon, fumando um cigarro. Assim que me viu, ele largou o cigarro no chão, pisando em cima.

- Não tem como não fumar. Ele vai me deixar louco. – Anon explicou, assim que viu.

Olhei para o mar e vi Heitor, com água na altura da cintura. Andei em direção a ele, vendo uma garrafa de uísque vazia no chão, no caminho.

Não pensei duas vezes. Retirei meu tênis e entrei com roupa e tudo na água fria. As ondas tentavam me derrubar, mas eu seguia indo contra elas. Quando cheguei a um passo dele, parei e olhei suas costas, a roupa molhada, o corpo cambaleante conforme o vai e vem da correnteza. Deus, eu amava aquele homem loucamente. O que me deu na cabeça quando o dispensei, comparando-o com Jardel?

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