Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 192

- E você dorme uma noite inteira, Ben? – perguntei. – Eu não me importo de ficar assim.

- Ela chora durante a noite? Sempre? – Mandy perguntou.

- Nem sempre. Mas mesmo quando ela dorme feito um anjo, acordando só para mamar, Babi fica como um zumbi andando de um quarto para o outro.

Mandy se aproximou de mim e abriu os braços:

- Me dê ela, Babi.

- Ela precisa de mim... Ainda mais doente. – Dei um passo para trás.

Mandy simplesmente não me deu ouvidos e pegou-a dos meus braços:

- Por que não dorme, Babi? Qual seu medo?

Senti as lágrimas escorrerem instantaneamente pelos meus olhos:

- De ela... Parar de respirar enquanto está no berço...

- Por Deus! – Ben me abraçou.

- Eu... Fico o tempo todo acordando e tocando as narinas dela, para me certificar de que está viva. E quando não sinto... Eu a toco repetidas vezes, até ela se mexer. E às vezes ela acorda com meus toques insistentes.

- Por que não me contou isso, meu amor? – ele me apertou contra seu corpo, deixando que as lágrimas salgadas molhassem sua camisa.

- Ben, eu tenho tanto medo de perdê-la... Por parar de respirar, por ficar doente, por chorar e não haver ninguém lá com ela... Por... Por... Heitor tirá-la de nós.

- Olhe para mim... – ele limpou minhas lágrimas de forma gentil – Ninguém vai tirá-la de nós. Se Heitor cogitar não nos deixar fazer parte da vida dela, nós vamos roubá-la e fugir para bem longe, onde nunca mais nos encontrarão. Eu prometo, ok?

- Meu Deus... Vocês três estão doentes. – Mandy levou Maria Lua e nós dois fomos atrás.

Mandy colocou-a no berço, cobrindo-a. Ela dormia feito um anjo. Depois ela nos empurrou para fora e fechou a porta, falando baixo:

- Existe uma coisa chamada babá eletrônica. Você coloca ao lado do berço e no quarto de vocês. Poderão ouvir até quando ela se move. Isso os deixará mais tranquilos.

- Acho que tenho que pesquisar muito mais do que já pesquiso sobre bebês. – Ben disse.

Mandy foi até o fogão e colocou uma chaleira com água para ferver.

- Vai fazer janta para nós, Mandy? – Ben perguntou – Não lembro a última vez que comemos comida.

- O que comem?

- O que dá para pedir em casa. Ou às vezes nada. – Confessei.

Mandy suspirou:

- Vou fazer um chá. E um jantar rápido, às cinco horas da manhã – sorriu – Crianças criando uma criança... Fico preocupada, mas ao mesmo tempo vejo tanto amor nos olhos de vocês que chegam a transbordar. Maria Lua é uma privilegiada. Tem os melhores pais que alguém poderia querer.

- É agora que você me conta sobre minha mãe? – enruguei a testa, sentando ao redor da mesa.

Ben sentou ao meu lado. Mandy serviu os chás fumegantes com bastante açúcar.

- Açúcar? – perguntei.

- Acalma.

- Salma fazia chás para nós... E comida – sorri tristemente – Sinto tanta falta dela. É como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado.

- Sempre foram como irmãs... – Mandy colocou a mão sobre a minha – Imagino o que sente, querida. Perder pessoas que amamos sempre acaba com um pedaço de nós. E a saudade é eterna... Nunca vai passar. Foi assim quando minha Beatriz se foi. Eu achei que nunca iria me recuperar. Mas então veio você... Alguém por quem eu precisava suportar e seguir em frente.

- E Salma nos deixou um pedacinho dela... – Ben limpou uma lágrima teimosa – Ah, Mandy, eu e Babi fizemos tantas porras em nome desta bebê. Mas se formos julgados e condenados, eu jamais me arrependeria de nada. Juro que faria tudo de novo. O que sinto por ela é simplesmente inexplicável. A questão é que eu segui minha vida, mesmo colocando-a em primeiro lugar. Babi não...

- Vocês não entendem... Eu tenho um medo de perdê-la que não sei nem como descrever. O que sinto por ela... – senti as lágrimas de emoção e amor rolando pelo meu rosto – Ultrapassa o amor. E se não bastasse ela ser filha da minha melhor amiga... Ela tem o sangue do homem que eu amo. Vocês não têm noção da mistura de sentimentos que tenho dentro de mim.

- Sim, eu tenho noção. Mas você precisa ficar bem para poder cuidá-la – Mandy alisou minha mão – Está mais magra e com olheiras. Você tem 28 anos. É hora de resolver todos os problemas que afetam a sua vida, Babi.

- Vamos contar para Heitor na segunda. E só de pensar nisso já sinto um frio na barriga que chega a doer. – Confessei.

Ben pegou minha outra mão:

- Vai dar tudo certo. Thorzinho é uma boa pessoa.

- E Allan? E Celine? Cindy vai ter contato com a nossa filha? Nicolete me tratou tão mal... E se ela for insensível com Maria Lua? Vó, se Heitor aceitá-la, ela vai morar com ele. E o que será de mim? Faz quase quatro meses que eu não faço nada além de cuidar de Maria Lua, sentir seu cheiro, sua pele... Ela está começando a rir com gritinhos... Ela não gosta de tomar banho. Ela dorme com um ursinho atoalhado que Salma comprou para ela. Os olhos dela brilham enquanto ela toma a mamadeira, olhando fixamente nos meus. Os pés dela são frios, independente de quantas meias eu ponha neles. Ela jamais toma o leite até o fim... Sempre deixa um restinho, empurrando com a língua o bico da mamadeira. Quando eu converso com ela, a língua imóvel no bico da mamadeira, mas ela não suga, prestando atenção nas minhas palavras. E então os olhinhos não se mexem e o canto dos lábios dela se abre num sorriso. Daí se eu tento tirar a mamadeira, ela chupa com força. Ela não faz xixi durante a noite, só de dia. O umbigo dela caiu com sete dias e eu guardei-o de lembrança. A primeira febre dela foi com 102 dias... Hoje. – Ri, me achando uma doida.

- Sua mãe teria tanto orgulho de você, meu amor! – Mandy deixou escapar uma lágrima – Maria Lua já é sua filha e ninguém pode mudar isso. Não se preocupe. Eu não vou deixar nada nem ninguém tirá-la de vocês... Nunca.

- Vó, me conte sobre a minha mãe... Por favor. Eu mereço saber. Chega de mentiras. Eu vou contar a Heitor sobre Maria Lua, mas preciso saber o que os Casanova têm a ver conosco.

- Não tem a ver conosco, Babi. Tem a ver com sua mãe.

- Então não foi você com Casavelha? – Ben perguntou para Mandy.

- Não... Foi Beatriz... E Allan.

Senti uma dor no coração e o ar parecer faltar nos meus pulmões:

- Heitor... Pode ser meu irmão? – a voz quase não saiu.

- Não. Heitor não é seu irmão.

Respirei fundo, repetidas vezes, até conseguir recuperar o ar.

- Beba o chá. – Mandy mandou.

Bebi mais um pouco. Já estava morno, quase frio.

- Continue, Mandy, por favor. – Ben pediu.

- Você sabe que sua mãe saiu de casa por conta de um homem, não é mesmo? Ela se apaixonou...

- Sim. E... Foi Francesco Perrone que a fez abandonar tudo? – quase implorei para que a resposta fosse sim.

- Não. Foi Allan Casanova. – Ela disse sem rodeio, parecendo querer se livrar daquele peso que carregava.

Eu não sabia nada de porra nenhuma do passado da minha mãe. Lá estava o mundo desabando sobre a minha cabeça de novo.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Como odiar um CEO em 48 horas