Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 194

- Allan? Minha mãe e Allan tiveram um relacionamento?

- Eles se conheceram quando Beatriz era muito jovem, de 15 para 16 anos. Ele não tinha mais de 18. Naquela época éramos uma família de muitas posses e Allan era um homem pobre... Muito pobre. Seu avô não aceitou o relacionamento deles de forma alguma, mesmo Allan tendo ido pedir a mão da nossa filha respeitosamente. – Ela respirou fundo.

- Dinheiro? Status? Esta porra sempre foi o motivo de tudo?

- Ironicamente hoje Allan Casanova é dono de um império e as Novaes são o que sobrou de uma família destruída pela falta da única filha.

- Meu Deus! E eu sou filha... De Allan? E se não sou irmã de Heitor... Ele é adotado? – enruguei a testa, tentando entender algo que não entrava na minha cabeça.

- Beatriz amava Allan. E foi embora com ele, deixando tudo para trás. Ficamos quase um ano sem saber notícias dela.

- Você não interviu nisso tudo, vó?

- Eu era submissa ao seu avô. Só consegui me estabilizar emocionalmente e desvencilhar-me da vida que eu levava depois da morte dele. Eram tempos diferentes, querida. Mas depois eu fui atrás de sua mãe. Ela e Allan haviam alugado um espaço e estavam morando juntos. Porém Allan conseguiu passar na faculdade e era distante. Sua mãe havia conseguido um bom emprego e não quis largar tudo e ir com ele, pois já haviam passado um pouco de trabalho antes das coisas começarem a se ajeitar para eles.

- E ele a deixou. – Falei, já imaginando o que tinha acontecido.

- Quando eu a encontrei, eles estavam afastados temporariamente, mas ainda se amavam. Ele não conseguiu recusar a faculdade de forma gratuita, mesmo distante. E ela, uma cabeça dura, como todos os Novaes, o deixou ir, certa de que o amor resistiria a tudo.

- E não resistiu?

- Allan, tempos depois, mesmo vindo com frequência para casa, acabou engravidando outra mulher.

- A mãe de Heitor.

- Sim. – Ela balançou a cabeça, parecendo entristecida.

- Ele não a amava!

- Eu creio que sim, minha querida. Havia amor... Entre ambos – ela tocou minha mão – Sua mãe sabia do risco que corria quando o deixou ir sozinho.

- Ela confiava nele. E no amor que sentiam.

- Nem sempre isso é o suficiente.

- Então ele casou com a mãe de Heitor?

- Sim. Um casamento em nome da criança que eles esperavam. Sua mãe não aceitou a traição, óbvio. E então o relacionamento deles acabou.

- E nunca mais se viram?

- Um tempo depois, Allan voltou a procurá-la, mesmo estando casado. Ele já tinha acabado a faculdade e iniciava uma fabriqueta de produção de cerveja caseira e sucos naturais.

- A North B.

- Não era North B. na verdade. Mas também não sei o nome. Mas tudo começou ali. Ele cresceu do nada, ou melhor, por seu mérito e esforço pessoal. Creio que ele tenha tentado provar ao mundo que poderia ser melhor do que julgavam. Allan nunca aceitou o fato de seu avô não ter permitido o relacionamento deles por questões tão sem sentido como a condição financeira dele.

- Allan procurou Beatriz... E eles voltaram? Ou seja... Ela foi a amante? – Ben questionou.

- Eu não sei exatamente como tudo isso aconteceu. Tive pouco contato com minha filha depois que ela se foi da nossa casa. Sei do essencial, mas quase nada dos detalhes dentro disso tudo. Porém sei que ele não se divorciou da esposa. Allan ficou casado até a mãe de Heitor morrer.

- Então não há dúvidas... Minha mãe aceitou ser a amante – enruguei a testa – Que porra minha mãe fez! E onde entra o meu progenitor nisso tudo?

- Eu não sei se ela chegou a gostar de Francesco... Ou se envolveu-se com ele para vingar-se de Allan – Mandy pareceu procurar as palavras menos duras – Ela engravidou de Francesco.

- Mas... Se ela estava com os dois... Poderia ser de Allan também. – Minha mente deu um nó.

- Beatriz nunca teve dúvidas de que você era filha de Francesco.

- Então Beatriz se envolveu com dois homens casados ao mesmo tempo? – Ben arregalou os olhos.

- Talvez por isso eu tenha tanto medo de ser a “outra” – olhei para meu amigo – Minha mãe era amante em dose dupla... Culpada! Culpada! Culpada! – balancei a cabeça, aturdida.

- Quem somos nós para julgarmos, querida? – Mandy tocou minha mão carinhosamente – Quem não tem pecados que atire a primeira pedra. Se eu não tivesse deixado ela partir, se tivesse me imposto, talvez tudo tivesse sido diferente. Ela sofreu muito... Por amor, por orgulho, por abandono...

- Como a senhora soube de tudo isso, vó?

- Nas poucas vezes que a procurei, escondida do seu avô. A questão é que depois que você nasceu, ela se mudou de cidade novamente. Então perdemos contato totalmente. Só a vi... Sem vida – ela não resistiu às lágrimas – E depois fui à antiga casa de vocês, me desfazer das coisas dela, já que você não conseguia fazer isso.

- Pouco me importa como tudo aconteceu... Ela foi uma mãe maravilhosa. – falei, justificando o que minha mente tentava distorcer.

- Allan Casanova foi o único amor da vida de Beatriz. – Mandy me olhou.

Deixei meu corpo amolecer na cadeira, sem forças para sequer pensar. Meu cérebro parecia tentar processar aquilo de forma muito devagar. Allan poderia ter sido meu pai.

- Que puta coincidência Babi se apaixonar pelo filho do homem que a mãe dela amou. O destino praticamente brincou com vocês duas, mas de uma forma ou de outra, sempre pôs Casanova e Novaes juntos. – Ben disse.

- Quando Allan Casanova foi comprar terras na Itália... Não foi em vão que escolheu ao lado dos Perrone. Porque... Talvez ele soubesse quem era Francesco. – Falei, confusa.

- Creio que sim... Que ambos souberam sempre quem foram na vida de Beatriz. E a importância que tiveram.

- Eu... Preciso falar com Allan.

- Acha isso necessário? – Mandy me olhou – Ele sabe sobre você ser filha de Beatriz?

- Eu não sei... – fiquei confusa – Mas creio que não. Ou ele teria me perguntado mais coisas, vó. Nos simpatizamos desde a primeira vez que nos cruzamos, mas ele nunca me perguntou muito sobre o meu passado.

O fato de Ben e Mandy estarem comigo naquela noite me deixou tranquila com relação à Maria Lua. Sabia que se eu dormisse, tinha os dois para ficarem atentos a ela.

Ben fez questão de ceder seu quarto para Mandy e foi dormir na cama que havia no quarto de Maria Lua. Acho que os dois sabiam que eu precisava botar minha mente em ordem com tudo que eu soube naquela noite.

Quando deitei na cama, meu corpo relaxou, embora a mente continuasse um turbilhão. Eu não sabia se pensava na minha mãe e Allan Casanova ou em como ficaria minha pequena depois das compressas.

Falar a verdade a Mandy não foi tão ruim. Agora só faltava o principal interessado saber tudo: Heitor. E não havia escapatória. Tinha dia e hora marcada para ele saber.

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