Grávida de um mafioso romance Capítulo 183

- E foi isso que aconteceu, essa é toda a verdade que não te contaram, se você quiser acreditar ou não, é um direito seu. Fui sincera ao me abrir e contar essa história para mais outra pessoa que não seja o Matteo - ela diz soltando um suspiro de alívio como se um peso á menos tivesse sido removido das suas costas.

Agora diante de toda a verdade, estava explicado o porquê daquelas palavras da Bárbara quando nos encontramos no banheiro do hospital. Ela também não se dava bem com o Sr.Benacci e pelas palavras dele no início dessa manhã, quando ele me comparou com a Bárbara e com a Amélia, ficou visível que ele odiava qualquer uma que "poderia" roubar seu filho.

Quem sabe depois que Cassandra fugiu num impulso de desespero e deixou o filho e tudo para trás, fez com que o Sr.Benacci abrisse os olhos para a realidade e percebesse que estava sendo um mau pai?

Porém acho que a minha teoria está errada, porque segundo o que soube depois que Amélia foi embora, foi que Giovanni se fechou completamente e ficou totalmente voltado para os negócios da família e somente depois de conhecer Laura e a Giulia, Luigi saiu da sua bolha.

Mas e o Sr.Benacci? Será que ele ainda continuava na sua bolha? Será que ele teria guardado esse rancor por tanto tempo porque gostava da Amélia e ficou irritado quando soube que ela tinha fugido? Será que ele ainda gosta da Cassandra e está usando a desculpa de que não precisa da ajuda dela porque apenas não consegue ficar perto dela? Caramba, tenho que parar de paranoiar.

- Acredito no que você falou, não tinha por que você mentir justamente á essa altura - me pronuncio depois de um bom tempo processando e deduzindo teorias na minha cabeça - Luigi deveria ouvir o que você tem a dizer, talvez quando ele voltar - dou um meio sorriso para ela e a mesma me corresponde da mesma forma - posso pedir algo? - ela afirma com a cabeça - na verdade, queria pedir para você me levar até um lugar - ela me olha desconfiada porém acaba aceitando depois de muita insistência.

***

- Eu vou também! - foram as palavras da Mari quando soube do lugar onde pedir que Cassandra me levasse. Como uma boa amiga e carcereira em tempo integral, Mariana deveria estar sempre ao meu lado e já que Giulia e ninguém da família Benacci deveria saber onde eu pretendia ir, eu apenas poderia contar com a megera e a minha amiga como proteção.

Perguntei a Giulia onde estava o loiro do banheiro e ela havia enrolado e saído pela tangente, sem dúvidas ele estaria ajudando nas buscas ou procurando por algo ou alguém que possa encontrar o meu italiano. Tenho fé que Matteo cumpra com sua palavra.

Ele vai encontrar Luigi vivo!

- Chegamos - anuncia Cassandra assim que o carro para na frente de uma igreja. Olho pela janela de vidro escuro e vejo pessoas vestidas de preto entrando, olho novamente para o meu vestido preto midi e o casquete de organza também da cor preta, pousado no meu colo - tem certeza que quer entrar lá? - Cassandra olha para mim e posso sentir o olhar preocupado da Mari em mim também, porém não me acovardo e faço um sinal com a cabeça dizendo que estava tudo bem.

Assim que o motorista sai do veículo e abre a portas para que todas saíssemos, consigo sentir o pesar no ar. A tristeza se escondia atrás das nuvens que cobriam o céu e deixa o dia nublado e com uma monotonia que não combinava com a cidade de Roma.

Olhando para o vidro escuro do carro, agora de fora, ponho o casquete na cabeça alinhando perto do coque apertado que fiz. O batom vermelho era a única cor que se fazia aparente no meio de tanto preto e de tanta tristeza.

- Vamos acabar logo com isso - digo abaixando a tela preta que decorava o pequeno chapéu caro e escondia meus olhos exalando um ar de mistério. E indo acompanhada por Mariana e Cassandra até a porta da igreja.

Os portões estavam abertos e o silêncio se fazia ali dentro, apenas alguns choramingos e pessoas sentadas nos bancos perfeitamente alinhados em duas grandes fileiras que levava até o altar, até onde o caixão da Raquel estava. Mari optou por ficar na porta da igreja após ver o clima tenso que estava lá dentro. Não julgo ela, até eu mesma não queria entrar naquele lugar, porém eu tinha algo á fazer.

Andando ao lado de Cassandra, apenas nossos saltos ecoaram pela igreja silenciosa, chamando a atenção dos que estavam naquele lugar apenas para observar e saber o que realmente aconteceu. Ninguém tinha cem por cento de certeza que a morte da loira azeda foi um acidente de carro, entretanto como ninguém tinha provas suficientes e nem coragem de peitar para saber o que realmente se passou com a morta, vieram apenas para observar.

A cada passo que dou na direção do caixão de madeira envernizado e fechado, mais olhares acabo atraindo e mais burburinhos se espalham pela igreja, que antes estava em silêncio. Até

um dos cochichos chegar até os ouvidos da irmã mais velha da morta, Bárbara olhou sem hesitar para mim e pude sentir sua ira irradiar até onde eu estava, finalmente na frente do caixão da Raquel. Passo minha mão pela madeira fria e rija.

Espero que esteja confortável, sua cretina!

Fico mais um minuto na frente do caixão e me viro para trás, encontrando Bárbara com olhos vermelhos e expressão fria. Ela estava de pé, claramente pronta para me expulsar do lugar, porém não podia fazer o que tanto queria, porque estava no funeral da própria irmã e não podia demonstrar nenhuma emoção além da tristeza por ter perdido a penúltima familiar Ferraza que lhe restava.

Por mais triste que o cenário possa parecer, não posso me deixar levar pelas aparências nesse jogo doentio das Ferrazas.

Bárbara sabia do plano maluco da irmã, se não sabia acabou sabendo após o pronunciamento da sua morte.

A Raquel já deveria presumir que não sobreviveria, por isso ela se confessou para Luigi naquele momento, ela sabia que não tinha mais escapatória então quis fazer um verdadeiro massacre naquela mansão. Mantando não somente Luigi e á mim, como também ela própria e todos os que tentaram impedir seu plano.

Porém pode ter uma chance da Bárbara ter "salvado" Luigi naquela noite. No momento em que Raquel entrou em luta corporal com Holga, a loira azeda tinha dado ordens claras aos seus capangas de matar todos, incluindo Luigi. Entretanto não foi o que aconteceu, o meu italiano foi esfaqueado e dopado para em seguida ser arrastado para fora da mansão. Ele foi levado, então tinha uma chance de ele ainda estar vivo e "bem".

E presumindo que o plano da defunta tivesse dado certo, todos estariam dados como mortos naquela mansão, havia tantos corpos naquela sala que seria difícil verificar todos e procurar por sobreviventes. Talvez Bárbara até incendiaria a mansão apenas para não deixar rastros que a ligasse naquele crime e nem ligasse o fato de Luigi ter sido sequestrado. Entretanto nada nessa plano falho deu certo, eu vi muito bem quando Luigi disse levado e graças á Cassandra eu estou viva agora para buscar pelo meu italiano.

- Vai embora agora, você não é bem-vinda aqui - Bárbara diz, pressionando para manter seu tom normal e civilizado. Decido provocá-la um pouco e dou um passo á frente, na sua direção. Ficando perto o suficiente para sussurrar no seu ouvido.

- Espero que ela esteja queimando no fogo do inferno, onde é o lugar dela e o seu - o braço da loira aguada se movimenta rapidamente na direção do meu rosto, pronta para me dar um tapa na cara porém meu reflexo é mais rápido e seguro seu pulso. Mantenho pegada firme e o olhar fixo no dela - eu sei que você está com ele. Não adianta mentir para mim. Eu te conheço.

Bárbara não faz nenhuma expressão suspeita que denuncie a sua participação no sumiço de Luigi, como eu esperava.

Conseguido o que tanto queria ao vir até aqui, sou acompanhada até a porta da igreja por Cassandra e nos encontramos com a Mari. Estávamos prontas para voltar a minha prisão domiciliar novamente. Agora o ar parecia menos pesado.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Grávida de um mafioso