Grávida de um mafioso romance Capítulo 182

Sentada num dos bancos de ferro do jardim ao lado de Cassandra, observava os gêmeos brincando no playground com o polenguinho. Ele parecia mais feliz brincando com as crianças do que comigo infornada naquele quarto.

Polenguinho era um filhote muito carinhoso e enérgico, ele brincava com os meninos durante todo o dia e durante as noites dormia comigo na cama. Ele deve ter se acostumado com os dias em que eu e Luigi estávamos brigados.

- Cassandra, vou ser sincera com você - início nossa conversa enquanto encarava os irmãos de Luigi jogarem uma bola para o filhote de labrador buscar do outro lado do pequeno parquinho - não estou justificando o que você fez no passado e não estou perguntando o motivo por você ter abandonado Luigi quando ainda era pequeno. Se pedi para Mariana mandar uma mensagem para você, foi porque estou desesperada - viro meu rosto para encará-la - não sei mais o que fazer e nem no que pensar ou achar. Estou colocando confiança que você seja minha última chance de encontrar Luigi e somente por isso pedi para você vir até aqui. Quero que você esteja a par de toda a investigação e que me mantenha atualizada já que todos fazem questão de me esconder tudo. Sei que você não gosta muito de mim, assim como o Sr.Giovanni, mas espero que possamos colocar nossas diferenças de lado já que temos um interesse em comum aqui - digo e aguardo sua resposta. Uma risada inesperada me faz ficar receosa, esperando que ela diga algo sarcástico o suficiente para me frustrar ainda mais porém isso não acontece.

- Eu não odeio você, Carolina. Eu odeio o que você representa - pela dúvida estampada na minha cara, Cassandra se apressa em explicar - Temos mais coisas em comum do que você pensa. Eu vejo muito da jovem Amélia em você - nunca imaginei ser comparada com a magera da Cassandra e muito menos por ela mesma - sei que não está pedindo explicações sobre o passado, mas quero dizer o que realmente aconteceu, acho que deixei esse segredo por muito tempo guardado, talvez seja a hora de compartilhar com alguém - Cassandra faz uma pequena pausa antes começar a relatar sobre seu passado.

- Quando eu disse que eu via muito da jovem Amélia em você, quero me referir na sua inocência e inexperiência na vida, na sua forma de levar as coisas ruins como se fosse apenas momentos passageiros, no seu humor alegre demais e positivista. Isso me irritava, quando você começou trabalhar na Montero, era como se eu tivesse uma visão constante de mim mesma mais nova, um espelho me lembrando todo santo dia dos meus erros cometidos no passado - isso começa a fazer um pouco de sentido para mim, por isso o ódio gratuito que ela tinha comigo todos os dias em que eu ainda trabalhava na revista - então, eu não tenho ou tive raiva de você em si, mas sim do que você me lembrava que fui um dia - ela faz outra pausa quando uma bola amarela para ao seu pé, olhando mais adiante os gêmeos incentivavam Cassandra a chutar a bola na direção deles e foi exatamente o que ela fez.

- Mas voltando ao que interessa, eu nunca tive uma relação harmoniosa com Giovanni, ele era muito rude e insensível. Nos conhecemos na escola, no último ano para ser mais exata, ele era o típico bad boy que todas caiam de amores e eu não dava muita bola para isso, porém teve um dia que um dos valentões da escola tentou brigar comigo e ele me defendeu, antes daquilo nunca tínhamos trocado nenhuma palavra e aquilo na minha cabecinha jovem e inexperiência foi a maior prova de que alguém gostava de mim - minha cabeça dá um nó quando penso no Sr.Benacci como um bad boy insensível e Cassandra como uma mocinha jovem e inocente - depois daquele dia, começamos a nos aproximar. Até eu me tornar a namorada dele, não tínhamos um relacionamento saudável porém eu tinha esperança de que um dia pudesse mudá-lo, fazê-lo se transformar numa pessoa melhor - ela ri como se lembrasse de algo engraçado e ao mesmo tempo frustrante - e como você pôde perceber, eu não consegui. Mas eu não parei por aí, eu tinha esperança de que se me doasse de corpo e alma conseguiria atingir meu objetivo. Então eu engravidei dele, não foi nada planejado e nem premeditado por mim, foi uma surpresa para ambos. Eu era uma moça pobre que foi criada num orfanato, comecei a vida trabalhando muito cedo e conseguia me sustentar sozinha, eu até morava sozinha, claro não era um palácio entretanto a casinha atrás de uma mercearia pequena era melhor do que morar na rua - Cassandra para um pouco como se fazendo um silêncio de respeito á aquele tempo difícil que passou sozinha. Posso notar seus olhos marejados enquanto encara os gêmeos brincando com o pet.

- Então, ele me apresentou á sua família e fui acolhida, pela primeira vez na vida, eu não sabia o que era estar em um seio familiar, fui deixada naquele orfanato quando bebê e não tinha ninguém que pudesse me ensinar as coisas da vida. A nonna, foi muito acolhedora, ela me ensinou coisas importantes e valiosas que guardei com muito carinho, entretanto quando nos casamos e fomos morar em outra casa, as coisas pareceram piorar. Como eu disse antes, Giovanni e eu nunca tivemos uma relação harmoniosa, então sempre brigávamos muito, ele saia de casa e passava a noite fora. Sabe como eu dei a luz á Luigi? - ela me pergunta e eu balanço a cabeça em negativa - eu dei a luz ao meu filho sozinha naquela casa, com a ajuda das empregadas porque Giovanni não estava presente, deveria está em algum bordel ou no trabalho, eu nunca sabia onde ele estava e o mesmo nunca me dizia nada. Chegou um momento da nossa relação que não fazíamos nada além de brigar e brigar, as discussões ficavam cada vez mais violentas até que um dia ele me bateu - ela fica em silêncio e não sou capaz de quebrá-lo, deveria ser muito difícil para ela falar sobre seu passado triste ao lado do pai de Luigi.

- Eu me questionei, questionei sobre minhas ações, sobre minhas atitudes, sobre a minha vida e tinha chegado a conclusão que aquilo não era viver, era sobreviver e sobreviver não é a mesma coisa que viver - ela enxuga uma lágrima que cai e continua com a voz um pouco falha - eu estava sobrevivendo a cada dia miseravelmente, mendigando por atenção e carinho, cuidando da casa dele, do filho dele, para quando ele chegasse encontrar tudo organizado e sair durante a madrugada para fazer sabe-se-lá-o-que. E foi naquele momento de desespero que fui embora, sem olhar para trás, peguei um ônibus e fui o mais longe possível dele e de toda aquela vida que não sonhei para mim. Eu era jovem e estava desesperada, sem saber o que fazer, assustada e principalmente frustrada. Foi quando me dei conta que de tudo aquilo, a única coisa que tinha sido bom em toda a minha vida, a única coisa que me fazia sorri durante o dia e durante as noites longas de choro era Luigi. Meu único filho e eu tinha abandonado. Me senti horrível, para cada canto que eu olhasse, eu lembrava dele e do sorriso dele, do olhar inocente e do futuro que o aguardava do lado daquele pai que não ligava para ele. Então eu voltei e encontrei Giovanni com Luigi, ele parecia muito furioso, quando tentei entrar dentro da casa e pegar o meu filho ele me impediu, jogou todas as minhas coisas na rua e me expulsou. Disse que eu não tinha nada para fazer naquele lugar, não tinha ninguém me esperando lá e que eu nunca mais veria meu filho. Eu fui embora naquele dia com o coração duas vezes mais partido e sentindo uma culpa enorme nas costas. De tempos em tempos eu vinha tentando entrar em contato com Luigi para dizer toda a verdade, que eu o abandonei por pura imaturidade mas eu voltei depois que percebi a burrada que fiz, porém eu nunca tive essa chance. Giovanni sempre dava um jeito de me impedir de tentar uma reaproximação, ele me desenhava para Luigi como um monstro insensível que abandonou o próprio filho porque não se importava. Durante muito tempo não consegui uma brecha, porém tudo mudou quando encontrei com Matteo. E o usei como ponte para saber sobre Luigi.

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