O Acordo Perfeito(Completo) romance Capítulo 30

― Sente-se. ― Ordenei para Hamzaf que bufando se sentou no sofá enquanto eu apoiava a caixa com curativos na mesinha de centro e pegava uma gaze para começar a limpeza da sobrancelha cortada direita, a que mais sangrava naquele momento.

Fiz o trabalho com rapidez tentando não pensar que estava muito próxima de Hamzaf e tentando agir como se fosse uma profissional ou como um enfermeiro profissional atuaria. Ao menos eu imaginava.

― Você sabia disso? ― Ele perguntou cortando o silêncio. Suspirei.

― Você acha que se eu soubesse teria ficado parecendo uma barata tonta segurando uma embalagem de cloro na mão na frente deles dois? ― Perguntei fazendo Hamzaf gargalhar e depois parar ao sentir a fisgada na sobrancelha. Não era para menos, o corte não tinha sido tão superficial. Talvez fosse melhor dar um ponto, mas eu duvidava que conseguiria convencer aquele homem a ir num médico ganhar ponto. Ele já não parecia nada satisfeito com o meu cuidado todo para que ele não pegasse uma infecção.

― Verdade. Mas e o tal do Jason, já havia visto?

― Sim. Ela disse que era o primo dela e pareciam se tratar como se fossem dois irmãos. Não achei que… Ou talvez eu… Quem sabe eu tenha feito um julgamento errado. ― Da mesma forma que fiz ao pegar o cloro para defender Grace, acusou a minha mente. Aquela cena já seria algo que eu guardaria na minha própria mente mesmo. Era humilhante demais dizer que eu confundi gritos e pedidos de prazer com possíveis pedidos de por favor, me salve.

― Hum… Você tem primos, Pam?

― Eu não tenho ninguém com condições financeiras que pudesse vir me ver, Hamzaf. Fora os meus antigos chefes. ― Ponderei. Hamzaf ficou em silêncio e eu aproveitei para colocar bandaid na sobrancelha dele decidida que agora iria para a parte que menos sangrava, mas igualmente perigosa que era a boca de Hamzaf. Perigosa para mim, porque aquilo sim parecia esquentar a base toda do meu pescoço.

― Posso te dizer uma coisa?

― Já falou. ― Brinquei, mas como Hamzaf não riu, bufei. ― Pode.

Passei o algodão no machucado e Hamzaf deu uma mini afastada de minha mão por conta da dor. Isso deu espaço para que ele também me olhasse e não somente eu que o encarasse nos olhos. Fiquei paralisada enquanto o olhava e deixava que ele me olhasse também.

Era um momento de silêncio e tensão que partilhávamos juntos. Parecia que o ar novamente tinha ficado pesado e a temperatura aumentado uns dez graus no mínimo. Hamzaf estava tão lindo, mesmo com uma sobrancelha cortada. Mesmo com o lábio levemente arrebentado.

― Você é linda. Com ou sem retoque de cabelo. Eu te acho linda. ― Aquele havia sido um elogio que eu não esperava. Por esse motivo, o encarei surpresa enquanto via um pequeno sorriso despontar nos lábios dele.

― Você só está falando isso porque a Grace… ― Mas eu sequer tive chances de terminar.

Em um momento eu estava falando, no outro, tinha os lábios de Hamzaf grudados aos meus. A surpresa foi tão grande que demorei até para conseguir corresponder o beijo, ainda que isso tenha durado alguns segundos apenas. No outro tempo, a parte responsável pelo meu controle interno deu adeus e deixou que um sentimento até então não conhecido por mim desse vazão. Um sentimento que eu já tinha ouvido falar muitas vezes, mas que nunca tinha sentido: Paixão.

Paixão. A sensação indescritível de querer que o beijo dure para sempre e que a distancia diminua, porque o outro parece ainda muito longe de você, longe demais para que não seja minimamente frustrante. Então eu reagi.

Passei minhas mãos pelo pescoço de Hamzaf diminuindo a distância entre nós. Sua mão correu para a minha cintura também me trazendo para mais perto dele. Meus lábios ávidos pelos dele saborearam a sensação indescritível enquanto sua língua avançava para dentro da minha boca procurando a minha numa busca incansável para que a completasse.

O gosto de Hamzaf me lembrava jambu, a sensação dormente que tomava conta do meu corpo, principalmente das minhas pernas. Hamzaf começou a movimentar a mão na minha cintura, apertando minha carne, passando a mão pelas minhas costas, enquanto a outra mão subia até a minha nuca de modo a me manter exatamente no mesmo lugar. Respirei por sobre sua pele, tudo em mim arrepiando, pipocando e estourando em espirais de cores.

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