Entrar Via

O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 110

Celina riu alto.

— Zoe, você é doida. Quem compara prova com pinça?

— Ué, dor é dor! — Zoe deu de ombros. — E a minha foi das brabas! Mas e você, Celina? Fez faculdade?

— Não... eu ia fazer, mas conheci o César. Quando me casei, me dediquei só a ele. Me arrependo. Ele nunca me incentivou a crescer.

— Claro, né? Aposto que ele é um daqueles homens que gostam de ver mulher totalmente dependente. Mas você é nova, amiga. Ainda dá tempo. Faz uma faculdade, investe em algo...

— Eu quero voltar a escrever. — Celina falou pensativa.

— Escrever? O quê? — Zoe perguntou curiosa.

— Romances. — respondeu com sorriso nos lábios.

— Mentira! Minha amiga é escritora? — Zoe perguntou empolgada.

— Eu sou só uma amadora... — Celina falou toda sem graça.

— Amadora é o caramba! Investe nisso, Celina! Você pode trabalhar de casa, cuidar dos bebês e ainda fazer seu dinheirinho escrevendo. Vai dar bom, confia! Sério, o que mais tem é mulher largada por macho ruim lendo romance como se fosse manual de sobrevivência emocional. Elas querem final feliz nem que seja dos personagens! Livro vira terapia, consolo e, às vezes, até indireta literária... E olha, depois quero autógrafo, hein? Já me considera sua primeira fã!

Celina ficou pensativa. Talvez Zoe tivesse razão. Talvez essa fosse uma nova chance para começar de verdade. Passando uns minutos...

— Chegamos — disse Zoe, apontando a estação final.

As duas desceram e seguiram para a empresa. Celina foi direto para sua sala, mas antes passou em frente à sala de Thor. Estava vazia. Ele ainda não tinha chegado. Então foi para sua sala e começou seu dia de trabalho, determinada a fazer da nova fase a melhor da sua vida.

Na casa de Arthur, Thor abriu os olhos com dificuldade, sentindo o peso da ressaca pulsar nas têmporas. A cabeça latejava como se martelos estivessem batendo lá dentro. Olhou em volta, confuso, a vista turva. As paredes claras, a decoração discreta, o cheiro familiar… Levantou devagar, sentando-se na beirada da cama.

— Que lugar é esse? — murmurou, esfregando os olhos.

Foi então que reconheceu. Aquele quarto… era o de hóspedes na casa do Arthur.

Levantou cambaleando, atravessou o cômodo e entrou no banheiro. Ligou a torneira e enfiou a cara na água fria. O choque ajudou a clarear um pouco as ideias, mas não aliviou a dor. Encostou as mãos na pia, encarou o próprio reflexo. Os olhos vermelhos, o rosto cansado.

— Bela merda, Thor… — resmungou.

Abriu uma das gavetas, pegou uma escova de dente ainda lacrada. Rasgou a embalagem, escovou os dentes com força, como se aquilo pudesse apagar a noite anterior. Enxaguou, lavou o rosto de novo. Se olhou outra vez no espelho. Nada mudava, nada parecia diferente.

Saiu do quarto. A casa estava em silêncio, exceto pelos talheres batendo de leve numa louça. Foi seguindo o som até a sala de jantar. Arthur estava sentado à mesa, camisa branca com as mangas arregaçadas, lendo alguma coisa no tablet. Havia café e um pedaço de bolo no prato diante dele.

— Bom dia, ressacado. — disse Arthur, sem levantar os olhos. — Senta aí. Tem café.

Thor puxou a cadeira e se largou com um suspiro.

— Estou com uma dor de cabeça insuportável.

— Dá pra imaginar, depois da forma que eu te encontrei ontem. — Arthur olhou pra ele, largando o tablet. — Quer me contar o que foi aquilo? Nunca te vi daquele jeito.

— Não. — Thor respondeu rápido, olhando sério pro amigo. — É mais do que isso. Bem mais. Eu estava disposto a largar tudo, seguir firme com ela. Voltei a ter vontade de casar, de ser pai de novo. E o que sinto por ela… é até mais forte do que eu senti pela Karina.

Arthur recostou-se na cadeira, atento.

— Isso é bastante sério…

— Só que tem um problema. Um tal de Gabriel. Amigo dela. Mas pra mim, esse cara quer mais do que amizade. Já discutimos por causa dele.

— Tá, mas amigo é amigo. Às vezes ela só confia nele. Você estava no hospital com a Isabela, ela pode ter evitado preocupá-lo.

— Não é isso. — Thor respondeu seco. — Ontem fui buscar ela na casa da amiga. Ela estava estranha. Fui dar um beijo, ela virou o rosto. Rejeitou. Nem chamou pra almoçar junto. Achei esquisito. Depois do almoço, ela não voltou pra empresa, e eu fui atrás, nos restaurantes ali perto. Achei ela saindo do restaurante onde esse Gabriel trabalha. Ele estava com o braço em volta dela. E ela chorando.

— E?

— Entraram no carro dele. Decidi seguir. Pararam em um prédio. Ele entrou com ela. Provavelmente é onde ele mora. O sangue subiu a cabeça, a raiva me consumiu. Eu tenho muito ciúmes dela, fazer o quê?

Arthur suspirou.

— Thor, um abraço não significa necessariamente algo íntimo. Ela pode estar passando por alguma dificuldade, e com você ausente… vai ver ela só não quis te sobrecarregar.

— Não, velho. Esse Gabriel tem interesse nela. Eu sei. Eu sinto.

— Thor, você sempre teve um temperamento possessivo. O ideal seria conversar com ela, ouvir o que tem a dizer antes de tirar conclusões. Agora, o que você fez ontem… foi imprudente. Poderia ter terminado muito mal. Você parece esquecer o sobrenome que carrega. Se o barman não fosse compreensivo…

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR