O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 120

Thor permaneceu sentado à mesa após o desabafo brutal com Arthur. O silêncio entre os dois era espesso, cortante. Arthur, com os cotovelos apoiados nos braços da cadeira, olhava para o amigo com uma expressão entre decepção e compaixão.

— Você sabe que o que fez foi imperdoável, não sabe? — disse, quebrando o silêncio. — Eu nunca te vi assim, Thor. Você perdeu completamente o controle.

Thor baixou o olhar, respirando fundo, os olhos ainda vidrados de raiva, dor e frustração. Arthur se levantou, pegou o paletó jogado no encosto da cadeira e suspirou.

— Olha, se um dia você quiser a Celina de volta, vai ter que rastejar nos pés dela, pedir perdão de verdade. E ainda assim, vai depender só dela aceitar. Porque o que você fez... é grave. Você tá doente, Thor. E se não cuidar disso, vai destruir tudo ao seu redor. Inclusive a si mesmo.

Thor não respondeu. Apenas fitava o vazio. Arthur deu dois tapinhas leves na mesa.

— Pensa no que eu te disse. Eu preciso ir. Cuida de você, cara.

Arthur saiu, deixando Thor sozinho no escritório. Ele permaneceu imóvel por alguns instantes, depois girou a cadeira devagar até ficar de frente para a enorme parede de vidro. Lá fora, uma chuva fina caía sobre São Paulo. As gotas escorriam como lágrimas na vidraça, como se o mundo inteiro também estivesse chorando.

Ele fechou os olhos por um segundo. Quando os abriu, puxou o celular do bolso e digitou um número que não usava há muito tempo. Chamou três vezes até uma voz feminina, firme e acolhedora, atender.

— Alô, doutora Helena falando.

— Sou eu. Thor Miller.

Houve uma pequena pausa do outro lado, depois ela respondeu com suavidade profissional:

— Thor... quanto tempo. Em que posso te ajudar?

— Preciso voltar com as sessões. Três vezes por semana, pelo menos. E preciso ser atendido hoje.

A psicóloga, com a paciência típica de quem conhece profundamente os meandros da dor humana, respondeu:

— Tenho um horário em quarenta minutos. Você consegue vir?

— Estarei aí. — disse ele seco, encerrando a ligação.

Thor imediatamente ligou para o DP.

— Boa tarde. Fale com a gestora do setor que dê um jeito de cancelar toda minha agenda dos próximos horários. A reunião com o financeiro só dará como encerrada, quando resolverem tudo. O expediente deles só irá terminar quando estiver tudo solucionado. Fui claro? Quero o relatório final no meu e-mail. Não volto mais hoje.

— Certo, senhor Thor. — disse Zoe.

Ele desligou sem mais delongas, pegou o blazer pendurado na cadeira e saiu da T&R Enterprise sem trocar palavra com ninguém. Entrou no carro e dirigiu com a mente fervilhando. Vinte minutos depois, estacionou em frente ao consultório de doutora Helena.

Subiu, esperou os minutos restantes em silêncio na recepção e foi chamado. A psicóloga, de cabelos grisalhos elegantes e olhar sereno, o recebeu com um leve sorriso.

— Seja bem-vindo, Thor. Pode entrar.

Ele sentou-se no sofá da sala acolhedora. O cheiro suave de lavanda preenchia o ambiente.

Verifique o captcha para ler o conteúdoVerificar