O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 169

O escândalo tomava forma diante de todos. Do lado de fora da igreja, em uma limusine prestes a estacionar, o celular de Isabela começou a tocar insistentemente. Era seu pai, Otávio.

— Pai? Já estou chegando, o vestido tá perfeito!

Mas a voz do outro lado da linha veio trêmula, sufocada, desesperada:

— Isabela, escuta o que eu vou te dizer... não vem. Pelo amor de Deus, não entra nessa igreja.

— Como assim não entrar, pai? Que absurdo é esse?!

— Thor... Thor acabou de gritar na frente de todo mundo que não vai se casar. Ele disse que não vai viver uma mentira. Ele ama aquela mulher filha! — Otávio soltou num só fôlego, como se ainda não acreditasse no que presenciara.

Isabela ficou muda por alguns segundos. O celular escorregou de leve por entre seus dedos trêmulos, e a expressão de vitória em seu rosto se transformou em puro terror.

— Ele... o quê?!

— Filha, escuta seu pai. Não passa por essa humilhação. A imprensa tá toda aqui. Foi um escândalo. Vai embora agora. Por favor. Eu vou acabar com ele e com aquela mulher eu te prometo!

Raul apertou ainda mais o tecido do smoking de Thor, a mandíbula cerrada, lutando contra o impulso de gritar de novo.

— Você jogou no lixo uma união perfeita, um império que podia se fortalecer ainda mais com esse casamento!

Thor deu um passo para trás, se soltando da mão do pai com um movimento seco.

— Perfeita pra quem, pai? Pra você? Pra imprensa? Pra manter as aparências? Porque pra mim... era uma prisão. Eu cansei de viver sua ambição. Eu cansei de viver pra sua imagem. Eu quero ser feliz. E a Isabela nunca foi minha escolha.

Raul o olhou, sem saber como responder àquela rebelião. Pela primeira vez em anos, viu o filho com coragem nos olhos — e não medo. Viu um homem diante dele, e não o reflexo moldado à força por décadas de manipulação.

— Você vai se arrepender disso, Thor. Vai perder tudo.

— Se for pra perder tudo pra ter a mulher que amo... então vale a pena. — respondeu com a voz baixa, mas carregada de convicção.

Raul deu um passo para trás, atordoado com a resposta.

Os gritos de Thor ecoaram pelas paredes da igreja como trovões em uma tempestade anunciada. Todos os olhares estavam fixos nele quando, em um rompante de coragem e dor, ele bradou novamente com a voz carregada de verdade:

— A VERDADE É QUE EU AMO OUTRA MULHER! E EU NÃO VOU VIVER UMA VIDA DE MENTIRA POR CAUSA DE INTERESSES FAMILIARES!

Um burburinho se espalhou como fogo entre os convidados. Câmeras capturavam cada segundo, cada expressão de choque. Foi então que, Angélica — mãe de Thor — levou a mão à boca, os olhos arregalados em puro espanto.

— Meu Deus... — sussurrou, antes que o mundo ao seu redor começasse a girar.

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