O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 170

O entardecer lançava uma luz dourada pelas frestas das cortinas, preenchendo o quarto de Celina com um brilho suave que contrastava com o turbilhão dentro dela. Deitada em sua cama, ela mantinha os olhos fixos no teto, tentando conter as lágrimas. Ao seu lado, Zoe permanecia em silêncio, respeitando a dor da amiga, oferecendo apenas sua presença como consolo.

Celina respirava fundo, como se buscasse forças no próprio ar. O peito doía. Para ela, o casamento de Thor e Isabela já estava selado — um fato cruel que tentava engolir como se fosse uma pedra pontiaguda. Zoe, percebendo o sofrimento crescente da amiga, havia tomado seu celular mais cedo e o guardado, com receio de que Celina fosse consumida pelas notícias sensacionalistas que dominavam os sites de fofoca.

— Amiga, não se tortura, por favor — disse Zoe, acariciando a mão de Celina. — Isso tudo vai passar.

— Quero tomar sorvete — respondeu Celina, a voz embargada. Era um desejo simples, quase infantil, mas que expressava sua necessidade desesperada de escapar, mesmo que por alguns minutos, da dor insuportável.

— Eu vou buscar pra você — disse Zoe, se levantando.

Mas Celina balançou a cabeça com um leve sorriso.

— Não, eu quero ir. Sua companhia está sendo maravilhosa, mas... preciso de uns minutos só para mim.

Zoe hesitou.

— Você quer que eu vá embora?

— De jeito nenhum — respondeu Celina rapidamente, segurando a mão da amiga. — Eu quero você aqui. Só preciso respirar um pouco sozinha. Eu sempre fui assim. Não fica chateada comigo.

— Claro que não. Eu entendo. Vai, respira. Quando voltar, podemos maratonar aquela série.

— Combinado — disse Celina, se levantando.

Ela calçou uma sapatilha simples, pegou uma bolsinha com o cartão e saiu do quarto. Não levou a chave. Antes de sair, virou-se para Zoe e sorriu.

— Não vou demorar. Se cuida.

— Vou ficar aqui, deitadinha nessa cama maravilhosa — respondeu Zoe. — Estarei te esperando.

Celina saiu do apartamento, fechando a porta com cuidado. O corredor estava silencioso, quase etéreo. Começou a descer os degraus com passos lentos, a cabeça cheia de pensamentos, tentando não chorar de novo. Mas, ao virar o primeiro lance de escadas, congelou.

Isabela.

Ali estava ela, subindo as escadas com aparência assustadora. O vestido de noiva estava amassado, sujo, com manchas vermelhas e rasgos na barra. Os cabelos soltos, completamente embaraçados, pendiam sobre os ombros. A maquiagem escorrida deixava seu rosto como o de uma boneca macabra.

Celina sentiu um calafrio.

— Isabela...? — murmurou, dando um passo para trás.

A noiva "rejeitada" ergueu os olhos. Havia neles um ódio tão puro que era quase palpável.

— Eu vou acabar com você.

— Você está maluca? O que está fazendo aqui?

— Por sua culpa, Thor acabou com tudo! Por sua causa, eu fui humilhada na frente da imprensa, da minha família, dos meus amigos! Eu me preparei durante meses pra esse dia... e você destruiu tudo!

Celina arquejou, chocada com a cena absurda.

— Isabela... eu não tenho culpa. Você sempre soube que ele não te amava de verdade.

— SUA VAGABUNDA! EU TE ODEIO! EU VOU ACABAR COM VOCÊ!

Antes que Celina pudesse reagir, Isabela correu escada acima e a agarrou pelos cabelos. Celina gritou, tentando se soltar.

— Me solta! Você tá doida!

Isabela estava transtornada. As duas se engalfinharam entre os degraus. Celina tentou se defender, puxando os cabelos da outra, tentando empurrá-la para longe.

— SOCORRO! — Celina gritou, mas ninguém aparecia. Quem, afinal, sairia de casa para se meter em briga de vizinhos?

No segundo andar, Thor, que subia ansioso para ver Celina, ouviu os gritos e correu escada acima.

— CELINA?! TÔ INDO!

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