O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 174

O quarto estava tomado pelo silêncio, mas o que restava dele era um eco surdo de ausência. Thor parou de frente para a cama, onde no centro da cama, uma mala escancarada exibia roupas dobradas, sapatos cuidadosamente embalados em sacolas e alguns objetos pessoais deixados como uma despedida muda, denunciando o fim de uma história

Seu olhar caiu sobre um vestido específico, e seu peito apertou.

Não era qualquer vestido.

Era aquele vestido. O mesmo que Celina usava na noite em que o destino, entre tantas variáveis possíveis, resolveu unir suas vidas num encontro improvável, num hotel qualquer, onde tudo começou.

Uma noite sem nomes, sem passado, apenas a intensidade do presente e uma conexão inexplicável.

Thor se aproximou como se estivesse diante de algo sagrado. Tocou o tecido com delicadeza, os dedos passando pelos detalhes da costura, e então o levou ao rosto. Seus olhos se fecharam no mesmo instante em que o aroma familiar invadiu seus sentidos — perfume, memórias, desejo e culpa.

A respiração de Thor falhou. Era como se aquele pedaço de pano fosse o testemunho da felicidade que ele teve nas mãos e deixou escorrer por entre os dedos. Ele inspirou profundamente, apertando o vestido contra o rosto, e ali, naquele momento, ele viu com nitidez o peso de suas escolhas, das palavras ditas, da confiança quebrada.

Mas o tempo não concede revisões. Não se pode rebobinar o destino, apagar erros com arrependimentos ou substituir falhas por acertos. O tempo exige coragem: para enfrentar, para aceitar, para seguir.

Com o vestido nas mãos, Thor saiu do quarto. Seus passos eram pesados, arrastados, cada centímetro do caminho até a sala como uma marcha solene rumo à realidade. Arthur já estava ali, sentado no sofá, ao lado de Zoe, que mantinha as mãos entrelaçadas, inquieta.

Ao ver Thor, Arthur se levantou imediatamente, mas foi Thor quem falou primeiro, a voz embargada, mas firme.

— Onde ela está? — perguntou, a voz rouca, segurando o vestido como um relicário.

Zoe olhou para Arthur antes de responder:

— Ela foi embora, Thor.

Ele arqueou a sobrancelha e disse:

— E aquelas malas no quarto?

Zoe respirou fundo:

— Ela pediu para dar um fim. Levou só o necessário. O resto... deixou para trás. Disse que não queria carregar peso nenhum que a impedisse de recomeçar.

Thor a encarou, os olhos fixos como se quisesse encontrar alguma fresta de mentira, alguma esperança não dita. Mas Zoe manteve o olhar firme.

Sem dizer mais nada, Thor virou-se e, com o vestido apertado nas mãos, abriu a porta do apartamento e saiu, fechando a porta com força. A batida da madeira ecoou como um trovão.

O silêncio reinou por alguns segundos até que Arthur, ainda surpreso, quebrou a tensão.

— Como ela está, Zoe?

Zoe suspirou. A imagem de Celina entrando pela aquela porta, ainda estava gravada em sua mente.

— Arthur, eu nunca vi a Celina daquele jeito. Desde que a conheço… nunca. O olhar dela tinha dor, muita dor, mas... era como se ela tivesse vestido uma armadura. Toda aquela doçura, aquele jeito romântico... sumiu. Parecia outra mulher. Uma mulher que já não espera mais nada.

Arthur concordou com a cabeça, os olhos fixos no chão.

— Ela está ferida, Zoe. E pessoas feridas muitas vezes não conseguem se expressar. Machucam ou se fecham. Só o tempo vai dizer se eles vão conseguir... se reencontrar. Mas vai ser difícil. As barreiras que surgiram são grandes demais.

Zoe apertou os olhos, controlando as lágrimas.

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