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O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 289

Celina parou em frente à janela, olhando para o escuro.

— Eu era tímida ao extremo. Um menino gostou de mim uma vez, e a gente conversava por bilhetes. As amigas levavam e traziam. Eu travava só de pensar em olhar para ele. Tudo na minha cabeça dizia para ir... mas eu travava. Me sentia estranha, fora do lugar.

Ela voltou a encará-lo.

— Em casa, às vezes, eu sentava na cama e pensava: eu não pertenço a essa família. Esse lar não é meu. Era uma dor silenciosa, sabe? Uma dúvida que nunca me abandonava.

— Amor... — Thor tentou falar, mas ela levantou a mão, pedindo para continuar.

— Eu tenho dificuldade em manter constância em tudo. Você não sabe como foi difícil escrever meu primeiro livro. Pra mim ele é horrível. Cada capítulo parecia ruim, incompleto. Eu queria a perfeição, mas ela nunca vinha. Mesmo acompanhando o crescimento na plataforma, as vendas agora do livro físico, os elogios... eu só vejo defeito.

Ela passou a mão nos cabelos, exausta.

— Já tive compulsão por compras, sabia? Uma vez entrei numa loja e saí com doze pares de sapatos e seis bolsas. Me senti feliz... por um momento. Depois veio o vazio de novo. Os sapatos ficaram nas caixas. Alguns até estragaram.

Ela fez uma pausa. A próxima frase saiu trêmula:

— Nunca te contei isso, mas... muitas vezes eu tive vontade de morrer, principalmente quando perdi meus pais. Por isso me casei cedo. Depois quando meu casamento desmoronou. Se eu não tivesse engravidado, acho que não estaria mais aqui.

Thor se levantou, foi até ela e a abraçou com força.

— Meu amor, você é uma pessoa incrível, um exemplo de superação. Você é minha borboleta... — ele beijou a cabeça dela.

Ela chorava no peito dele.

Depois a conduziu de volta à cama, sentou-se encostado na cabeceira e colocou a cabeça dela novamente em seu peito.

— Me perdoa por não ter te contado. Mas não era minha história. Eu queria evitar essa dor em você, mas não havia como. Você sofreu de qualquer forma.

— Eu não quero ouvir o que ela tem a dizer. Não quero saber os motivos.

— Tudo bem, amor. Se você não está pronta, tudo bem. Mas o momento vai chegar.

— Você não está entendendo. Não vai chegar momento nenhum. Meus pais estão mortos. Essa mulher é uma desconhecida. Ela não tem espaço na minha vida.

— Amor, nada melhor que o tempo. Assim como você me fez voltar a falar com meus pais, eu te digo: você também precisa ouvir a Emma. Saber os motivos dela. Você não deixou ela falar.

Celina saiu dos braços dele e o encarou.

— Se você continuar defendendo ela, nós vamos brigar. E eu não quero isso.

Thor acariciou o rosto dela.

— Nós não vamos brigar, meu amor. Já passamos por muita coisa. Estamos bem e vamos continuar bem. Não vou te forçar a nada. Mas só quero que saiba que ela não é uma desconhecida. Agora você está cheia de sentimentos aqui — disse, colocando a mão sobre o coração dela. — E é normal não querer saber de nada. Mas tudo no seu tempo.

Alguém bateu na porta.

— Posso entrar? — era Zoe.

— Pode. — respondeu Thor.

Zoe entrou com um sorriso suave.

Zoe brincou:

— Hoje você não tem escolha poderosa mamãe. Vou tomar um banho, depois espero vocês na sala de cinema!

E saiu, deixando um clima um pouco mais leve no quarto.

Na mansão da mãe de Celina, o silêncio pesado do quarto principal era interrompido apenas pelos soluços abafados de Emma. Deitada sobre a cama, ela repousava a cabeça no colo de James, que acariciava seus cabelos com ternura e paciência, como quem tentava, através do toque, amenizar a dor que nenhuma palavra conseguia curar.

— Ela nunca vai me perdoar… — murmurou Emma, com a voz embargada, os olhos vermelhos de tanto chorar. — Nunca… A forma como ela me olhou… foi como se eu fosse o pior erro da vida dela.

James suspirou, apertando levemente o ombro da esposa.

— Dá tempo ao tempo, meu amor… — ele disse com a voz firme e ao mesmo tempo suave. — Ela está ferida. Confusa. Descobrir algo tão grande assim, da forma como aconteceu… é cruel demais para qualquer pessoa. Ainda mais para Celina, com tudo o que ela já passou.

Emma fechou os olhos com força, tentando conter uma nova onda de lágrimas.

— Eu esperei tanto por esse reencontro… tanto… E quando finalmente aconteceu, foi tudo ao contrário do que eu sonhei. Eu só queria poder explicar... dizer a ela que eu não a abandonei, que eu só queria dar uma chance de vida melhor… eu não tive escolha, James! Eu era só uma menina! Assustada, sozinha, pressionada… — sua voz falhou.

James a puxou um pouco mais para perto, inclinando-se para beijar sua testa.

— Eu sei, Emma. Eu sei de tudo isso. Lembra que eu estendi a mão pra você? Eu sei o que você passou. Não precisa se justificar pra mim.

Ela fungou.

— E piorou tudo quando ela achou que eu tive outra filha… que substituí ela, como se ela tivesse sido descartável. Ela viu nossa neta no restaurante aquele dia… Ela achou que eu criei outra filha e deixei ela para trás… — Emma passou a mão no rosto, desesperada. — Ela não me deixou explicar… não me deixou dizer que a Grace é sua filha. Que eu a amo como filha do coração, mas que nunca parei de amar Celina. Nunca.

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