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O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 294

Gabriel saiu do quarto de Celina para falar com Ava e após encerrar a ligação, o tom seco e conclusivo da namorada ainda reverberava nos seus ouvidos. Ele sabia que não havia ciúmes ali — Ava não era esse tipo de mulher —, mas também conhecia sua personalidade rígida, quase cartesiana, que não admitia deslizes, principalmente quando se tratava de compromissos previamente marcados.

Enquanto caminhava pelo corredor até a varanda para respirar um pouco de ar fresco antes de voltar ao quarto, ele redigiu uma mensagem:

“Estou saindo agora, me espera?”

A resposta veio em segundos.

“Não precisa. Já saí do restaurante. Hoje vou dormir no meu apartamento.”

Sem espaço para dúvida, para réplica, para insistência. Era o jeito dela: direto, preciso, sem margem para subjetividade.

Gabriel olhou o celular por mais alguns segundos antes de guardá-lo no bolso. Suspirou fundo, esfregando o rosto com as mãos, tentando processar aquela sensação de que, mesmo fazendo o certo, acabava sempre desapontando alguém.

Ele retornou ao quarto e, assim que entrou, Celina o observou e viu que o semblante dele havia mudado.

— O que aconteceu? Ela puxou sua orelha? — ela perguntou preocupada, ainda encostada no travesseiro.

Gabriel respondeu com aquele seu jeito encantador.

— Um leve puxão de orelha... racionalmente aplicado. Ava sendo Ava.

Zoe soltou uma risada discreta, mas logo voltou a se calar. Celina, por sua vez, não deixou o comentário passar batido.

— Ela ficou com ciúmes de mim? — perguntou, agora um pouco curiosa, mas sem malícia.

Gabriel sorriu mais largo e balançou a cabeça.

— A Ava? Quem me dera... Celina, você já conhece ela. Já te disse com todas as letras que não é de sentir ciúmes. E, aliás, ela gosta de você e já falou isso com você também. Não se preocupe! O problema não foi você... foi eu ter esquecido do compromisso. Ela sabia que eu estava aqui. Só não gostou de ter sido deixada esperando. E com razão.

— Ela me ligou hoje cedo mesmo estando muito ocupada, acredita? — comentou Celina. — Conversamos por uns minutinhos. Foi gentil, como sempre.

Gabriel assentiu.

— Isso é a Ava. Gentil, pontual, direta. Só não tolera falta de palavra. E eu... bem, eu perdi a noção do tempo aqui com vocês.

Zoe, que até então permanecia calada, soltou um suspiro discreto. Celina a olhou de lado.

— Está tudo bem, amiga? — ela perguntou.

Zoe forçou um sorriso e respondeu rápido, quase automática:

— Está sim. Só... só estou cansada. Foi um dia cheio.

Gabriel, porém, notou o desconforto na voz dela. Ele sentou na beirada da cama e inclinou o rosto para Zoe, os olhos atentos.

— Você tem certeza, Zoe? Está estranha desde que cheguei. Aconteceu alguma coisa?

Zoe hesitou por um instante, mas balançou a cabeça com firmeza.

— É só cansaço mesmo, Gabi. Muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Às vezes, o corpo e a cabeça cobram a conta.

Ele não insistiu. Sabia que Zoe não falaria nada naquele momento para não deixar Celina preocupada.

— Já está tarde... — Gabriel disse, se levantando com um leve estalo nas costas. — Nos perdemos completamente na hora.

Assim que entrou no carro, respirou fundo, pegou o celular e discou. Esperou alguns toques, até ouvir a voz fria e tranquila do outro lado:

— Alô.

— Ava... — ele disse com a voz mais suave que conseguiu reunir — Estou indo te ver, tudo bem?

A resposta veio seca.

— Não precisa. Como eu disse, hoje vou dormir no meu apartamento.

Gabriel franziu a testa, encostando a cabeça no banco.

— Eu sei que errei. Eu devia ter te avisado que me atrasaria, devia ter saído mais cedo. Mas foi tudo tão intenso... me perdi na hora. Celina realmente não está bem, eu fiquei lá pra tentar ajudar.

Ava suspirou do outro lado da linha, com aquela calma irritantemente controlada que só ela sabia ter.

— Gabriel, não estou com raiva por você ter ajudado a Celina. Eu gosto da Celina, você sabe disso. Estamos construindo uma amizade. O problema é você esquecer que tínhamos um jantar. Não é sobre ciúmes. É sobre compromisso. E previsibilidade.

— Eu sei... e você está certa. Eu só... perdi a noção do tempo, me envolvi ali, e quando percebi já era tarde.

— E isso é justamente o que me incomoda. Você tem esse... modo espontâneo de viver. E eu sou o completo oposto. Não funciona muito bem quando eu planejo algo e você se deixa levar pelo momento.

Gabriel fechou os olhos, sentindo o peso daquelas palavras.

— Ava... me desculpa, de verdade. Eu não queria te magoar. Eu... só achei que ia dar tempo pra tudo.

— Gabriel — ela o interrompeu, com firmeza, mas sem elevar a voz — você é um homem bom. Seu coração é grande. E eu admiro isso. Mas, às vezes, o que você chama de empatia, eu chamo de falta de foco. Eu preciso pensar se é isso que eu quero pra minha vida a longo prazo. Nós somos totalmente diferente.

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