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O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 295

Aquilo doeu mais do que ele esperava.

— Ava... não fala assim.

— Não estou terminando com você — ela disse, objetiva — estou apenas sendo honesta. Eu gosto de você. Mas gosto de rotina, de clareza, de estrutura. E hoje você quebrou tudo isso. E não foi a primeira vez.

Gabriel apertou o volante com força, em silêncio por alguns segundos.

— Eu sei. E vou tentar melhorar. Mas você também precisa entender que imprevistos acontecem. Estamos no processo de adaptação, digamos assim. Vou cometer muitos erros querida e você também por mais correta que seja. Ava foi a nossa diferença que nos uniu. Não desiste de nós, tá? Deixa eu me redimir, dormir agarradinho com você, fazendo carinho, cantando pra você.

Do outro lado, o silêncio foi longo, mas enfim ela respondeu:

— Hoje não Gabriel. Boa noite.. Dorme bem.

E desligou.

Ele ficou com o celular na mão por mais alguns segundos, ouvindo o silêncio do carro.

Suspirou profundamente, deixou o aparelho no banco do passageiro e sussurrou para si mesmo:

— Amanhã te pego de jeito querida! Sou paciente...

Na manhã seguinte, era dia de folga para Gabriel. Ele acordou cedo, mas ao contrário dos outros dias, não enviou mensagens, nem ligou para Ava. Precisava fazer algo diferente, precisava mostrar para ela que, apesar das diferenças, estava disposto a atravessar qualquer ponte para alcançá-la.

Quase chegando o horário de almoço, Ava saía da universidade com a mochila nos ombros, revisando mentalmente os tópicos que precisava estudar naquela tarde, ela ouviu o barulho de uma moto se aproximando. Olhou por cima do ombro e quase tropeçou nos próprios pés ao ver Gabriel parando de moto em frente à universidade.

Ele tirou o capacete, revelando o sorriso encantador que a fazia estremecer mesmo quando estava irritada com ele.

— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou, surpresa. — Não combinamos nada.

— Não combinamos, mas hoje é minha folga — ele respondeu com naturalidade, enquanto se aproximava para dar um beijo suave nos lábios dela. — E eu vim te buscar. Qual a sua agenda para essa tarde, senhorita planilha viva?

Ela ergueu uma sobrancelha.

— Vou para casa... estudar.

— Perfeito. — Ele sorriu ainda mais e estendeu o capacete pra ela. — Então sobe.

— E o meu carro? — ela perguntou, desconfiada.

— Depois eu pego. Agora monta.

Ava hesitou por três segundos, mas acabou colocando o capacete. Montou na moto e segurou na cintura dele, com firmeza. A moto ronronou sob os dedos dele, e então partiram pelas ruas.

Mas logo ela percebeu que o caminho não era o de sempre.

— Gabriel? Onde você está indo? Esse não é o caminho para minha casa.

— Eu sei. — ele respondeu com um tom leve. — Estou fazendo exatamente o que você não tolera... quebrando as regras, saindo da rotina.

Ela bufou, meio tensa, meio divertida. Sabia que não adiantava discutir com ele quando ele já estava decidido.

Eles seguiram estrada afora, saindo do burburinho urbano. Aos poucos, os prédios foram dando lugar a árvores e a paisagens campestres. O ar ficou mais limpo, o céu mais amplo. Ava se surpreendeu com o quanto aquele escape da rotina a fazia bem — mesmo que ainda não estivesse disposta a admitir.

Em determinado trecho, Gabriel acelerou de repente.

— Gabriel! — ela gritou, agarrando-se mais forte à cintura dele. — O que você está fazendo?

Então, ele a beijou.

Um beijo intenso, profundo, arrebatador. Como se os dois pudessem se fundir ali, naquela estrada, naquele instante. O tempo parou. Só havia o som dos corações acelerados e do vento em volta.

Com as testas encostadas, olhos fechados e respirações entrecortadas, Gabriel sussurrou:

— Eu estou perdidamente apaixonado por você, Ava. E eu não vou te perder. Nem que eu tenha que quebrar todas as regras desse mundo.

Ela não respondeu. Apenas o abraçou mais forte.

Montaram de volta na moto e seguiram viagem. O destino: uma pousada charmosa, nos arredores do Vale do Hudson. Um lugar com chalés privativos, lareira e vista para as montanhas. Um refúgio para dois corações que, apesar das diferenças, batiam no mesmo compasso naquele momento.

Ali, passariam o dia juntos, longe dos compromissos, da cidade, das pressões.

A brisa suave da tarde acariciava os cabelos de Ava quando ela desceu da moto. A pousada era isolada, com chalés charmosos de madeira, árvores altas e bem cuidadas. O som dos galhos balançando levemente no vento era o único ruído ao redor, além dos passos dos dois sobre a trilha de pedra que levava ao quarto reservado por Gabriel.

Ele carregava a mochila em uma mão e a chave na outra. Abriu a porta do chalé com um sorriso discreto, estendendo a mão para ela entrar primeiro. Ava, com um olhar curioso e sereno, atravessou a entrada. O ambiente era acolhedor com paredes em tons de areia, uma cama grande com lençóis claros e macios, cortinas semiabertas revelando uma vista verde e distante.

— Eu vou pedir o almoço. Você deve estar com fome. — disse Gabriel, já caminhando até a mesinha onde repousava o cardápio.

Ava tirou a jaqueta, pendurando-a com calma no encosto da cadeira, e respondeu com um leve sorriso:

— Eu fiz um lanche antes de sair da universidade. Estou bem, não se preocupe.

Gabriel parou por um segundo, observando-a. Ela parecia mais leve ali, menos rígida, como se o silêncio da natureza e a distância da rotina tivessem afrouxado as rédeas de sua disciplina.

— Então, — ele disse, guardando o celular e indo até ela — temos tempo.

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