A mãe de Zoe respondeu:
— Obrigada querida. Eu vou deixar vocês sozinhas. Mas, Zoe... meu amor... comer também é se cuidar. E eu sei que você tem essa força aí dentro. — Ela acariciou o rosto da filha e, antes de sair, beijou a testa de Celina. — Cuida dela, gravidinha. E se cuida também.
Quando a porta se fechou, Celina se aproximou com o prato de sopa nas mãos. Sentou-se na beira da cama e tocou o ombro de Zoe.
— Amiga... olha pra mim.
Zoe demorou, mas finalmente virou o rosto, os olhos marejados.
— Eu não tenho fome, Celina...
— Mas vai comer. Nem que seja duas colheradas. Não é só o corpo que precisa de energia. A mente, o coração... tudo em você está cansado, eu sei. Mas essa sopinha da sua mãe? É mais do que comida. É amor puro.
Ela pegou uma colher e aproximou da boca da amiga com um sorriso doce e determinado.
— Vai, só uma. Por mim?
Zoe bufou, contrariada. Mas abriu a boca e deixou que a colher entrasse. O sabor a atingiu como um afago na alma. Era simples, caseiro, carregado de afeto. Logo, aceitou outra colher. E mais uma. E, quando menos percebeu, já estava com o prato nas mãos.
Celina sorriu em silêncio, observando Zoe se entregar àquele cuidado. Aquela pequena vitória significava muito.
— Está vendo? Já é um passo. Um passo de cada vez, amiga.
Zoe assentiu, ainda entre lágrimas, mas com um resquício de cor voltando ao rosto.
Do outro lado da cidade, no hospital onde Arthur estava internado, Thor atravessava os corredores com passos firmes. Seu semblante carregava a tensão dos últimos dias e a preocupação de quem veio ver um irmão ferido. Não só no corpo, mas na alma.
A recepcionista da ala de internação o reconheceu assim que ele se apresentou.
— Quarto 307, senhor. Final do corredor à direita.
Thor agradeceu com um aceno e caminhou até a porta indicada. Respirou fundo antes de bater de leve.
— Posso?
Arthur na cama, virou o rosto com certa dificuldade.
— Thor...
— Vim te ver, meu irmão.
Thor entrou e puxou uma cadeira, sentando-se ao lado da cama. Por um instante, apenas o som dos aparelhos e da respiração contida encheu o ambiente.
— Fiquei sabendo do acidente... vim imediatamente.
Arthur desviou o olhar, visivelmente envergonhado.
— Eu sabia que isso ia acontecer. Era só uma questão de tempo. Você cansou de me avisar.
Thor o olhou fixamente.
— Não estou aqui para te julgar, Arthur. Vim como amigo. Mas não vou fingir que está tudo bem. Não está.
Arthur respirou fundo, com dificuldade, como se cada palavra fosse uma pedra.
— Como assim?
— Eu não quero. Não tem porquê. A minha vida acabou, Thor. E eu mereço tudo isso. Mereço ficar aqui, imóvel. Mereço tudo o que estou passando. Mereço a dor, a vergonha, o desprezo, a solidão. Acabei com a vida dela. Eu destruí a única pessoa que acreditou em mim de olhos fechados. Que amou sem interesse.
Thor se levantou devagar e caminhou até a janela. Ficou alguns segundos em silêncio, observando a cidade lá fora. Depois, voltou-se para o amigo com firmeza.
— Você errou. Feio. Machucou a mulher da sua vida, talvez de forma irreversível. Mas ainda respira. Ainda pensa. E agora vai ter um filho, talvez. Não importa se a Sabrina foi canalha. Se o filho for seu, vai precisar de você. E mesmo que não for... você precisa reencontrar seu caminho.
Arthur balançou a cabeça, derrotado.
— Eu não tenho mais caminho, Thor. Só sobrou escuridão.
— Então acende uma vela, caramba! — Thor disse com a voz embargada, mas firme. — Você não tem o direito de desistir. Nem por você. Nem por quem você machucou. Você quer que a Zoe olhe pra você e veja um homem fraco, que desiste? Ou quer que ela veja alguém que reconheceu o erro e tentou, mesmo assim?
Arthur começou a chorar em silêncio, os ombros sacudindo levemente.
— Eu vou dar o divórcio. Vou dar liberdade pra ela reconstruir a vida. Ela merece um amor limpo. Não esse entulho que eu ofereci.
Thor se aproximou da cama e apertou o ombro do amigo.
— Se essa é a sua decisão sobre Zoe, eu respeito. Mas não some de você mesmo. Não apaga o pouco que restou da sua honra. Faça o teste. Se o filho for seu, seja pai. Corrige o que der. E aceita o que não der. Mas não abandona o barco. Mesmo que esteja afundado... segura o leme até o fim. Mas por favor, não desiste da vida. Faça o tratamento.
Arthur o olhou nos olhos, exausto, mas com um pequeno brilho de gratidão.
— Obrigado, Thor. Por não me deixar sozinho aqui. Mas, minha decisão já está tomada.
— Sempre com você, irmão. Mesmo quando você pisar feio na bola. E eu não vou desistir. Irei fazer você mudar de idéia.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...